quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Brasília 18%

Assisti Brasília 18% (2006) de Nelson Pereira dos Santos no Canal Brasil. Queria muito ver esse filme apesar das críticas não elogiosas. É realmente difícil falar mal de um filme desse grande diretor, mas Brasília 18% é ruim.

Fala muito de corrupção, poderia ser o filme do movimento Cansei, mas tem muitos problemas de roteiro. Parece que propositalmente, mas não gostei da estrutura de liguagem de Brasília 18%.

Um médico legista chega em Brasília para dar um laudo sobre o corpo de uma mulher. Todos acreditam ser de uma assessora parlamentar desaparecida. O médico legista é interpretado pelo Carlos Alberto Riccelli.

Começa então um jogo enorme de corrupção. Envolvem o médico em toda a trama política. Cada partido deseja um resultado e faz tudo para que sejam prevalecidos. Nosso protagonista está muito perturbado, ele acaba de ficar viúvo e com isso tem muitos sonhos acordado. Sua mulher é interpretado pela Bruna Lombardi. Todas as mulheres que aparecem em seus sonhos estão nuas.

A coitada da moça desaparecida é a que mais aparece nua de corpo inteiro. Tudo é propositadamente confuso. Ela é interpretada pela Karine Carvalho. Os políticos da trama são só atores famosos como Othon Bastos, Bete Mendes, Malu Mader e Carlos Vereza.

O roteiro é do próprio Nelson Pereira dos Santos, mas não gostei, propositalmente confuso tem várias brechas e furos. Tenta criticar a corrupção, mas os sonhos malucos do protagonista enfraquecem a trama. Não é compreensível como o médico não aproveita a imprensa para revelar toda a pressão que estão lhe fazendo. Porque ele não entrega aos jornalistas a fita que mostra a moça sendo estuprada por vários políticos em uma festa. A fotografia de Edgar Moura é bem ruim. A música é de Paulo Jobim.

Também não entendi porque Nelson Pereira dos Santos desejou que todos os nomes dos personagens fossem de escritores famosos. Nosso protagonista é o Olavo Bilac. Outros são Machado de Assis, Marília de Dirceu e Rui Barbosa. Não vi sentido e achei inclusive constrangedor que aqueles personagens sórdidos trouxessem nomes de brasileiros ilustres da nossa literatura. Definitivamente não gostei de Brasília 18%.


Beijos,


Pedrita

7 comentários:

  1. Não vi o filme. Mas pelo que você escreveu tem uma característica que odeio no cinema brasileiro o nú gratuito como chamariz para o filme. Felizmente isto tem mudado bastante.

    Beijos

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  2. é verdade amiga, nelson pereira dos santos usa o nu como expressão de linguagem, rebeldia, ridicularização da burguesia conservadora. época do josé celso martinez corrêa e outros diretores. hoje em dia o nu é usado como algo banal e brega. qualquer atriz meia pataca que quer aparecer e virar celebridade tira a roupa. então grandes cineastas atuais dificilmente utilizam o nu, diferente do que acontecia no passado.

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  3. Se vc não gosto então não deve ser bom. Assisti mtos filmes neste período de recuperação pós cirurgia. Gostei de Babel achei interessante as estórias dos personagens. Cheguei a ler Fausto mas nunca finalizei o livro e acho bem interessante, lembro que passei da metade, mas o livro não era meu.

    Beijos

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  4. Então, você concorda com os outros críticos, não é mesmo? Eu particularmente achjei um filme difícil de assistir. Talvez o diretor queisesse passar que o médico tivesse ficado alguma perturbação, por causa da morte da esposa... Beijos.
    aqueta-2.zip.net

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  5. Gosto muito do diretor também, mas confesso que nem sabia do filme. Bjs

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  6. "Dois Córregos" é um belo filme sobre a saudade, além de ser um filme "sobre a ditadura", e Carlos Alberto Ricelli encontrou, ali, o tom recolhido e intimista que convinha ao personagem. Quando ele identifica as peças de piano tocadas por sua sobrinha, temos uma demonstração de "sensibilidade reservada" das mais convincentes.

    Não sei se vc postou algo sobre "Dois Córregos",mas seus interessados e cultos leitores provavelmente entenderão meu comentário neste tópico, onde Ricelli é citado.Trilha sonora de Ivan Lins, direção de Carlos Reichenbach.

    Beijos,


    Marcelo.

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  7. achei o filme intrigante, mas não achei ruim. quanto ao nome dos personagens, achei muito interessante e identifiquei algumas semelhanças entre os personagens e os escritores.

    olavo bilac, no filme, analisava e identificava os mortos com maestria. o escritor parnasiano analisava e descrevia objetos inanimados ("mortos").

    augusto dos anjos sendo acusado de assassino no filme nos faz comparar ao caráter frio, cru, e, de certa forma, violento do poeta.

    a relaçao entre a personagem george sand e a verdadeira george sand é evidente. sedutora, libertina e independente.

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