sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Tempo Redescoberto

Terminei de ler O Tempo Redescoberto, publicado entre 1913 e 1927, de Marcel Proust. É o último livro do Em Busca do Tempo Perdido. Eu levei um ano para ter coragem de começar a lê-lo, porque tinha muita pena de terminar essa sequência de livros maravilhosos. No Caminho de Swann eu li há muitos anos emprestado de uma biblioteca. Levei um tempo para localizar o segundo, À Sombra das Raparigas em Flor, porque estava esgotado. Já tinha conseguido comprar os outros dois em uma livraria que colocou os livros a venda novos por somente R$ 10,00. Depois achei os outros dois no sebo. E esse último comprei baratíssimo novo na Fnac. Mas e o dó pra terminar essa sequência maravilhosa?

Obra de A Fonte (1856) de Ingres
Ler O Tempo Redescoberto tinha gosto de despedida e essa sensação só aumentou, porque o autor de uma certa forma começa a se despedir de nós. Ele se isolou para escrever esses livros, sabe que está mais doente do que antes, tem inclusive receio de não conseguir terminar essa obra. Portanto, O Tempo Redescoberto ele repensa todos os outros, toda a sua vida e escreve páginas e páginas sobre a velhice. Quando ele revê seus amigos, com suas rugas, cabelos brancos, ele reflete sobre o envelhecer. No início o pano de fundo muda muito. Antes, tranquilos, seus amigos se encontravam nos salões, nos teatros, com a chegada guerra, a sociedade começa a se dividir, trabalhar ou servir para lados diferentes. E Proust ainda debate muito sobre a arte de escrever, as escolhas sobre os temas. Uma aula maravilhosa sobre as escolhas literárias, textos de outros autores.

Obra Water Lilas (1899) de Claude Monet
Eu tive vontade de anotar vários trechos, teve momentos que tinha vontade de anotar o livro todo de tão fascinante. Realmente para sentir Proust na sua totalidade só lendo todas as suas frases e todas as suas obras.
Trechos de O Tempo Redescoberto de Marcel Proust:
“O dia inteiro, na mansão de Tansonville, um pouco rústica demais, com jeito de pouso entre dois passeios ou durante um aguaceiro, uma dessas casas cujas salas lembram caramanchões, e onde, nas paredes dos quartos, aqui as rosas do jardim, os pássaros das árvores ali, aproximavam-se e nos faziam companhia – cada um por sua vez -, porque as forravam velhos papéis, nos quais cada rosa se destacava tanto que poderia, se fosse viva, ser colhida, cada pássaro engaiolado e domesticado, sem nada das grandes decorações dos quartos de hoje, nas quais, sobre fundo prateado, todas as pereiras da Normandia se vêm perfilar em estilo japonês, para alucinar as horas que passamos na cama, o dia inteiro eu ficava em meu quarto, que dava para a folhagem verde do parque e os lilases da entrada, para as folhas verdes das grandes árvores à beira da água, brilhantes de sol, e para a floresta de Méséglise.”

“A mulher que amamos preenche raramente todas as nossas necessidades, e nós a enganamos com outra que não amamos.”

“Aqui, ao contrário dos conventos carmelitas, é graças ao vício que a virtude vive.”

“Daí a tentação grosseira para os escritores de escrever obras intelectuais.”
Proust fala de Ingres em sua obra, não como admirador, mas em uma observação. Claude Monet eu vejo como o maior representante de Proust na pintura. Albert Roussel (1869-1937) é um compositor francês.

Música do post: 18_-_Albert_Roussel-II.Poeme-P.de_Ronsard-A.Kechlibareva-Jeans-Yves_Gaudin-_flute





Beijos,

Pedrita

11 comentários:

  1. Olá Pedrita!

    Eu não fui apresentada a Claude Chabrol. Eu estive junto a ele, mais nada. Ele esteve na Berlinale de 1999 com o filme "A cor da Mentira" e eu também estava lá, e ele passou rente a mim com os actores... e foi tudo!

    "À Busca do Tempo Perdido" é uma obra-prima do Proust. Gostei muito de ler já há uns anos.

    HELAU! HELAU! HELAU!

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  2. Chi!!! Vai demorar um pouco até eu conseguir chegar no último da série (ou seria saga?).
    Adoro Monet!
    Denise

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  3. Olá Pedrita

    Adorei esta publicação, sou uma apaixonada por Proust e claro as pinturas nem se fala, Ingres desenhava com perfeição.

    Um bom fim de semana e tranquilo.

    Beijinhos
    Isabel

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  4. Pedrita, tenho vontade de ler todos os volumes da obra monumental do Proust, mas só li mesmo o primeiro...há tesouros que "guardo"para a posteridade..rs

    *****
    Te desejo um ótimo Carnaval, querida, com ou sem samba e de olho vivo na festa do Oscar!!!Já fez suas apostas?? rs Um grande beijo!

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  5. É, minha amiga, as férias acabaram e os livros estão pela metada ainda hehehehehe... Bom, o jeito é usar aquele horário vago das 0.00 às 05.00h hehehehe... Beio grande e bom feriado de carnaval!

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  6. Só quem leu "Em Busca do Tempo Perdido"...sabe o que ganhou...

    Obra-prima!

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  7. ematejoca, respirar só o mesmo ar no mesmo metro quadrado que o chabrol já é um sonho.

    dê, qd engatar vc não vai mais querer parar.

    isabel, tb adoro proust.

    celia, eu tb degustei devagar pra beber todas as gotas dessa maravilhosa obra.

    aqueta, eu deixo os livros ao lado do computador, em downloads. em que eu espero chegar algum email, leio umas páginas.

    quintela, ótima frase. sintetizou bem.

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  8. Haja força de vontade! Terminei Sodoma e Gomorra ano passado e estou enrolando desde lá pra começar o próximo...

    Parabéns pela persistência!

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  9. Pedrita, vc acredita que nunca li nada deste autor. Já li muita coisa sobre ele, mas comentários assim como o seu.

    Anotei a série que vc aqui escreveu e vou ver se minha irma acha alguma coisa em sebos tb.

    Estou voltando agora, os posts estavam todos programados.

    Um beijo

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