quinta-feira, 29 de abril de 2010

Tocaia Grande

Terminei de ler Tocaia Grande (1988) de Jorge Amado. Comprei os livros dessa Coleção da Folha - Grandes Escritores Brasileiros. Gostei muito desse. No início estava um pouco parecido com Terras do Sem Fim, que li sem perceber há exatamente um ano atrás. Tocaia Grande depois mudou completamente e ficou fascinante. Começa claro com uma  Tocaia, a Tocaia Grande. Após vencer e ganhar a posse daquela terra, começam a chegar moradores e povoar o espaço. É realmente uma cidade utópica, mas não tem moderna assim, já que as mulheres continuam sobre o domínio masculino onde eles têm quantas mulheres querem e elas precisam suportar. No livro a utopia é que elas aceitam sem sofrimento isso, muito machismo alguém achar isso. Mas de qualquer forma é uma cidade onde todos colaboram, se apoiam e vivem em uma certa harmonia.

Obra Cangaceiro (1982) de Aldemir Martins

Adorei os personagens, o Fadul, libanês que é chamado de turco como muitos no Brasil chamam qualquer um que tenha nariz adunco e cabelos negros. O negro Tição. Os coronéis. As prostitutas. A cidade começa a ser povoada depois com sergipanos que fogem de problemas de terras do seu estado de origem. Lá eles plantaram a meia, mas depois que colheram descobrem que não possuem nada e ficam sem nada. Eu adoro obras extensas, com muitos personagens, muitos desenrolares. O vocabulário vasto de Jorge Amado é sempre incrível.

Obra Oxúm de Carybé


Trecho de Tocaia Grande (1988) de Jorge Amado:

“As comemorações dos setenta anos da fundação de Irisópolis e dos cinqüenta de sua elevação a cidade, cabeça de comarca e sede de município, alcançaram certa repercussão na imprensa do sul do país.”

“Ao descrever a paragem onde se perdera e repousara, soube que o nome daquele sítio era Tocaia Grande, assim denominado por ter sido cenário de tenebrosa emboscada seguida de matança a sangue-frio alguns anos antes nas desapiedadas brigas dos coronéis pela posse das derradeiras matas – naquelas bandas do rio das Cobras já não existia palmo de terra que não tivesse dono.
No calor da narrativa, tipos de má-fé, línguas de trapo, citavam nomes a propósito da famigerada tocaia mas Fadul sabia dar o devido valor a aleivosias e intrigas: entravam por um ouvido , saíam por outro. Certas versões, o melhor é ignorá-las.”

“O Barão era deveras autoridade em raças, herdara a competência do pai, perito na escolha e compra de cavalos e escravos. Mas Marie-Claude aprendera com as freiras do Sacré-Coeur que os negros também têm alma, adquirem-na com o batismo. Alma colonial, de segunda classe, mas suficiente pra distingui-los dos animais: a bondade de Deus é infinita, explicava Sóror Dominique dissertando sobre o heroísmo dos missionários no coração da África selvagem.”


Nota - Eu vi no Youtube que teve uma novela inspirada no livro que foi exibida na Rede Manchete, inclusive eu vi e gostava muito, mas a inspiração foi leve demais, quase um pensamento, porque se bem me lembro havia uma igreja, sendo que no livro Tocaia Grande não há nenhuma definição religiosa, cada um segue as suas rezas conforme a sua cultura.





From Mata Hari e 007
Beijos,









Pedrita

7 comentários:

  1. Eu adoro este tipo de novela e esse livro deve ter sido muito bom.

    Eu acho que tenho aqui em casa Terra do sem fim, vou procurar depois e vou ler entao.

    Bjao

    ResponderExcluir
  2. Oi, Pedrita

    Li esta obra-prima há muito, muito tempo, mas lembro de que gostei bastante.

    Bom reatar o contato com seu Blog, sempre recheado de conteúdo culto, algo raro neste mundinho "umbiguista" da Internet.

    Obrigada pela sua visita ao meu bloguinho iniciante, rs...

    Beijos,

    Fatinha

    ResponderExcluir
  3. Eu também adoro obras extensas, com personagens bem diversificados.

    Que imagens lindas!

    ResponderExcluir
  4. Oi Pedrita,
    Acredita que nunca li nada de Jorge Amado? Sei que é uma grave falha. Logo eu que defendo tanto a leitura de autores nacionais. Mas acho que sempre chega a hora e com sua resenha e sua conversa de outro dia, me estimulou a conhecer o universo de Jorge Amado. Valeu a dica.
    Bjs

    ResponderExcluir
  5. Cara Pedrita
    Jorge Amado é um escritor cujos livros tem acompanhado as nossas vidas, mesmo quando alguns deles estavam proibidos, tanto aqui como no Brasil, como era o caso de "Os Subterrâneos da Liberdade".
    Beijinhos
    Paula e Rui Lima

    ResponderExcluir
  6. Também gostei muito do livro de Castelo Branco. É um grande clássico! Li na adolescência e me marcou!

    beijokas!

    ResponderExcluir
  7. georgia, é bárbaro!

    fatinha, obrigada.

    ana maria, olha só, temos o mesmo hábito literário.

    roseli, eu tenho alguns autores q tb cometi esse pecado.

    paula e rui, ele é fantástico!

    carla, esse não li.

    ResponderExcluir

Cultura é vida!