quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Primeira Mulher

Terminei de ler A Primeira Mulher de Miguel Sanches Neto. Eu há anos visito o blog Paisagens da Crítica. O autor, o Júlio Pimentel Pinto, é fã desse autor e sempre lê algum livro dele e faz uma resenha, na terceira resenha dos livros do Miguel Sanches Neto eu já estava sem graça de dizer que ainda não tinha lido nada desse autor, mas que iria ler. Achei que já estava na hora de cumprir o prometido. O Júlio Pimentel Pinto inclusive tem uma ótima resenha sobre esse livro que escreveu há uns dois anos atrás. Se desejarem algo mais elaborado aconselho a lerem. O Miguel Sanches Neto também tem um blog, o Herdando Uma Biblioteca, que é inclusive o nome de um livro dele.

Painel de azulejo (2010) de Alexandre Mancini

Eu já procurava há um tempo em sebos reais e não achava. Livros recentes são raros em sebos de rua. Conversando com o Rodrigo Gurgel que também tem um blog, ele fez muitos elogios ao Estante Virtual por lá, que comprava lá com regularidade e resolvi arriscar. Cada sebo que está no Estante Virtual tem um sistema de cobrança de fretes. Alguns encarecem muito o frete a cada aquisição, então me resumi em comprar esse e mais um outro. Veio prontamente e tudo muito bem organizado. A Primeira Mulher é da editora Record

Obra de Arnaldo Battaglini

Gostei demais de A Primeira Mulher. Confesso que achei nosso protagonista uma pessoa desprezível. Ele é um quarentão que leva a vida superficialmente. Ele é professor universitário e todo o período ele tem uma aluna como "namorada" nova, desde que seja bem superficial. Aparece então uma antiga namorada, ele estava acostumado a se relacionar sempre com mocinhas. Ela é candidata, está com vários problemas de chantagem política e pede para ele ajudá-la Assim a vida dele começa a tumultuar e o livro ganha alguns ares policiais..

Escultura cinética de Jeanete Musatti

Gostei do estilo do autor e das críticas veladas ou diretas da sociedade contemporânea atual. Amei as cutucadas no sistema acadêmico que aparece sutilmente em toda a obra e as crises existenciais atuais. Miguel Sanches Neto também fala muito de política em sua obra, de uma forma que nunca tinha encontrado.  tudo muito tranquilo, a violência, a corrupção, uma aceitação e uma "normalidade" assustadora. Isso porque nosso protagonista é um professor de literatura de uma universidade. Há uma preguiça de fazer diferente, pensar diferente, parece tudo muito "normal". Estranho eu ter lido essa obra exatamente agora. Acho que o único personagem mais vivo em A Primeira Mulher, mais real, é o ex-marido da candidata que pirou com o desaparecimento do filho. Reconheci o gosto do Júlio Pimentel pelos momentos gastronômicos, é mágica a "cena" que o nosso protagonista aparece de surpresa na casa da mãe e a ajuda em uma refeição de dar água na boca. Não consigo esquecer a descrição do quibe na manteiga.

Obra acrílica sobre papel de Alexandre Nóbrega

Trechos da obra A Primeira Mulher de Miguel Sanches Neto:





“Sempre me amedrontou a idéia de ter um filho... Perdi todas as mulheres com quem me relacionei. E isso não foi o pior. Também perco, com regularidade assustadora, relógios e guarda-chuvas.Assim, cheguei aos 40 anos sozinho –sozinho e sem relógios.”

“Livraria de shopping é um verdadeiro ensaio sociológico. Os livros vão de culinária sofisticada aos eternos romances de entretenimento. Com algum esforço, achei numa prateleira secundária um livro de poemas e fiquei lendo. Era bom pensar em morte e dor naquele lugar em que tudo prometia a felicidade pelo consumo.”

Eu queria anotar muitos trechos, mas acho que a mágica está em descobri-los durante a leitura. Tanto os pintores como a música são obras recentes de artistas brasileiros.





From Mata Hari e 007
Beijos,










Pedrita

5 comentários:

  1. Pedrita,
    tudo bem?
    Obrigado pela referência.
    Fico feliz que tenha gostado do livro.
    Beijos,
    Júlio

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  2. Eu sempre compro na Estante Virtual, sem problemas!
    Anotei sua dica =)
    Bj

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  3. Não conhecemos a obra deste autor, mas ficou registado.
    Beijinhos
    Paula e Rui Lima

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  4. Oi, Pedrita

    Obrigado pela dupla gentileza - ler o livro e fazer o comentário.
    Este romance foi uma das experiências de escrita mais interessantes para mim. Até fiz aula de tiro para saber como era usar um revólver.
    Sempre leio seus comentários no blog do Júlio Pimentel Pinto.
    abraço
    msn

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  5. júlio, a indicação foi sua, não poderia deixar de mencionar.

    la socière, paula e rui, vcs vão gostar.

    la sociére, eu ainda prefiro sebos reais, mas é uma boa opção.

    miguel, quanta honra, não sabia q lia os meus comentários. eu q agradeço tanta honra. agora entendo o realismo das cenas de tiro. acho q dá um excelente filme.

    júlio e miguel, comprei um outro livro do miguel, o amor anarquista. qd eu ler aviso vcs.

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