terça-feira, 9 de outubro de 2012

Paciano Rizal - O Herói que Falta na Luneta

Terminei de ler Paciano Rizal - O Herói que Falta na Luneta (2012) de Gyorgy Miklós Böhm da Algol Editora. Esse escritor é húngaro e vive no Brasil. Paciano Rizal (1851-1930) é o irmão o José Rizal (1861-1896), herói da Independência das Filipinas. Gostei muito do livro! Adoro biografias e como vocês sabem, gosto muito de história de países que pouco ou nada conheço, o livro acertou em cheio na minha curiosidade. Outra questão que gostei muito é no fato do autor ser médico e o herói da independência das Filipinas também. Então o autor explica bem como era o estudo da medicina na época, diferente de hoje. Na época de José Rizal, haviam várias matérias e claro, tudo era ainda muito precário. José Rizal se especializou na cirurgia de catarata, mal de sua mãe e não só a curou, como ficou conhecido nas Filipinas pelas suas habilidades e muito procurado no pouco tempo que ficou por lá quando médico.


Foto de Paciano Rizal

Segundo o autor, Paciano Rizal foi uma influência muito importante para os ideais do irmão e que ele deveria estar na Luneta nas Filipinas onde estão representados os heróis das Filipinas. Eu não sabia que as Filipinas tinham sido possessão espanhola. E depois da Revolução, em um acordo bastante estranho, a Espanha vendeu as Filipinas para os Estados Unidos. Por terem vivido sob domínio espanhol, a maioria é católica e as terras eram dos jesuítas e padres, com algumas mudanças, as terras eram passadas igualmente de forma estranha e quem cuidava da terra costumava ficar só com os prejuízos. Com isso é monstruosa a forma que exploravam os nativos do país que viviam endividados. Paciano Rizal cuidava da terra. Quando o irmão foi preso e fuzilado, a família sofreu muito, e acabou perdendo tudo. Mas pelos relatos do autor, conseguiram depois de um tempo se estabelecerem de novo cuidando da terra. Achei interessante também o quanto eles não gostam de ser chamados de chineses.

Foto de José Rizal

Eu gostei muito do livro e achei interessante como um relato antropológico. O autor entrevistou vários parentes, leu várias cartas trocadas entre todos os familiares, algumas estão publicadas no fim do livro e há vários trechos durante a leitura. Mesmo sendo um livro histórico, pelo autor ser médico, ele acaba relatando muitos costumes da época, livros que estudaram, hábitos, que acaba traçando muito do cotidiano dos filipinos no período retratado Eu gostei muito desse aspecto.

Anotei muitos trechos da obra, vou ter que selecionar alguns.

Trechos de Paciano Rizal - O Herói que Falta na Luneta (2012) de Gyorgy Miklós Böhm:

Trecho do poema de José Izal, irmão de Paciano Rizal que escreveu na véspera de sua morte:

“Eu morro quando vejo que o céu se colora
E o fim anuncia o dia atrás lúgubre capuz;
Se carmesim necessitas para tua aurora,
Verte meu sangue, derrama-o em boa hora
Doura-o com o reflexo de sua nascente luz.”

“Foi um choque tremendo. Mesmo hoje, quando escrevo estas palavras, a recordação daquele momento me deixa emocionado. Pois foi aí que percebi que estava nos recintos onde uma pessoa extraordinária passou o s últimos dias de sua vida. Quem teria a serenidade para escrever assim na soleira da eternidade? Condenado à morte aos 35 anos por amar sua terra? Os versos não tem ódio, desespero, tristeza, amargor ou mágoa; das estrofes só desprende serenidade e paz das almas grandes, colocam quem os elaborou no rarefeito pináculo ético-moral da humanidade.”

“José Rizal é o Herói da Pátria das Filipinas, um gênio excepcional que sobressai entre seus mais ilustres pares do mundo. Foi morto aos 35 anos pelo governo espanhol por ter escrito o romance Noli Me Tangere, onde escancarou a miséria de seu povo. Paciano, seu irmão, foi o sábio orientador sem cujo apoio José não estaria hoje em destaque na Luneta, a praça em Manila dos heróis da independência das Filipinas. Mas Paciano viveu e morreu no esquecimento. Esta é a sua primeira biografia.”

“”Por que independência, se os escravos de hoje serão os tiranos de amanhã?”, escreveu José Rizal no Fili.”

O vídeo é a interpretação de uma obra de um compositor filipino, Nicanor Abelardo (1893-1934)


Beijos,
Pedrita

3 comentários:

  1. Pois por cá existe um grande desconhecimento do que por aí se publica e mais ainda sobre a história de outros países mais distantes, pelo que provavelmente o livro não estará à venda por cá.
    Gostei muito do poema e da frase relativa aos escravos de hoje como tiranos de amanhã, sinal que Rizal conhecia bem o ser humano... tal como Italo Calvino.

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  2. Olá, tudo bem? Já conehço o SESC Bom Retiro.. O teatro também.. O problema maior é a região... A Cracolândia reina ainda por lá.. Ruas escuras... Bjs, Fabio www.fabiotv.zip.net

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  3. carlos, o discurso da reforma ortográfica era exatamente facilitar o intercâmbio de obras de países com mesmo idioma, o q não aconteceu, pelo o q eu saiba e pelo o q vi. mas esse livro é de uma editora independente, então imagino q será mais difícil chegar aí.

    fabio, eu fui duas vezes no sesc bom retiro de dia, de carro é muito tranquilo, tem estacionamento dentro. não sei como é ir de transporte público.

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