segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

As Benevolentes - Uma Anatomia do Mal

Assisti a peça As Benevolentes - Uma Anatomia do Mal no Teatro Arthur Rubinstein na Hebraica. Impressionante! Tudo maravilhoso! O texto é de Jonathan Littell, dirigido pelo incrível Ulysses Cruz. É um texto contundente, um monólogo de um oficial da SS na época da Segunda Guerra Mundial. O livro é extenso e quero ler, a peça focou no primeiro capítulo e pincelou alguns trechos. Eu queria muito ver e a vontade aumentou depois que vi a entrevista de Thiago Fragoso no Metrópolis da TV Cultura. A questão do mal é um tema que me interessa. Tentar entender o mal, se é que é possível. Inclusive quero ler de Hannah Arendt sobre a Banalidade do Mal. A peça aborda um pouco desse tema.

Foto de Rogério Louzada

Thiago Fragoso simplesmente arrasa e todo o em torno é impecável para transformar o espetáculo em algo magnífico e sufocante. Excelente iluminação de Caetano Vilela que nos sufoca. Igualmente o som de Laércio Salles, ora é gravado, ora é do ator aumentando o desconforto. Os cenários de Veronica Valle são montados e desmontados pelo ator que tem um trabalho corporal e físico exaustivo. Peças transformam em um quarto de criança, vigas vão sendo colocadas e o sufocamento vai aumentando. 

Então o texto que é insuportável, vai ficando claustrofóbico. Sim, o personagem cumpriu ordens, mas admite ter exagerado no final. Na adolescência brincava na floresta de enforcamento. Absurdamente inteligente e manipulador, convence um oficial a ter relações com ele. Manipulava dizendo que não podiam fragilizar o exército com risco de doenças, ele concorda que o homossexualismo é abominável, mas pela segurança dos segredos de guerra não podiam se expor com outras pessoas, precisavam ficar entre eles. E em um crescente, a manipulação chega até nós, mente quem diz que nunca irá matar, ninguém sabe se irá matar em algum dia. Fala da decisão de Hitler em exterminar os deficientes e lembra que uma enfermeira preparou o paciente, um médico deu o diagnóstico, o da câmara de gás executou a ordem e que todos se eximem de suas culpas porque não mataram, todos dizem que não foram eles. O personagem nos torna cúmplices e começamos a nos sentir culpados e nesse clima a peça termina.
Fotos de cena de Patrícia Cividanes.

Beijos,
Pedrita

12 comentários:

  1. Acabei de vê a entrevista que vc colocou aqui. Muito interessante.
    Tiago Fragoso é mesmo um grande ator.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. liliane, a entrevista instiga mesmo a ver a peça. apesar que qd vi eu já queria muito ver a peça.

      Excluir
  2. Não conheço esse texto levado ao teatro, conheço o romance de Litell, está entre os livros mais fortes e marcantes que li até hoje, não é tanto uma anatomia do mal, mas sim o relato da falta de escrúpulos do protagonista para a sua sobrevivência, com todo o seu sangue frio, há momentos mesmo negros, negríssimos na obra, outros que são de grande erudição e há uma personagem que faze lembrar Settembrini da Montanha Mágica... um género quase oposto mas sem dúvida que As Benevolentes são uma obra-prima e entre estas a mais negra que li até hoje.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. carlos, eu quero muito ler. não tinha ideia que o texto era tão filosófico. e um dos vídeos sobre o livro que achei me instigaram muito. fui no seu post onde vc fala do livro. quero muito ler.

      Excluir
  3. Desconhecia esta obra, mas já estou ardendo para saber mais dela. Conheço, no entanto, a obra de Hannah Arendt. Acho que a banalidade do mal está relacionada à falta de uma ética interna (amor ao próximo), que é difícil de ser encontrada na medida certa.

    Beijo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. marly, tb não conhecia. em um primeiro momento achei que eram memórias desse líder nazista. depois que descobri que o ator é americano. e nas matérias sobre o livro falam que ele pesquisou muito para escrevê-lo. na banalidade do mal arendt fala daquele que cumpre ordens e acha q deve cumpri-las sem fazer juízo de valor de suas ações.

      Excluir
  4. Thiago Fragoso está bem diferente. É um ótimo ator!

    Beijos, Pri
    vintage.blogspot.com

    ResponderExcluir
  5. Gostei da entrevista q deixou aqui...bjo www.anaherminiapaulino.blog.uol.com.br

    ResponderExcluir
  6. Pedrita, adorei as fotos! A peça parece ser mesmo um espetáculo forte e difícil, afinal, o tema é bem pesado e cruel. Tenho muita curiosade em ver o Thiago no palco. Beijos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. patry, lindas as fotos não? é pesado mesmo, mas eu tb queria ver o fragoso no palco.

      Excluir

Cultura é vida!