segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Shnittke - Música Para Todos os Tempos

Terminei de ler Shnittke - Música Para Todos os Tempos (2007) de Marco Aurélio Scarpinella Bueno pela Algol Editora. É a biografia desse compositor russo, pós-Shostakóvitch. Eu li uma biografia do Shostakóvitch e agora li essa. Gostei muito de conhecer esse universo que só estudamos os fatos históricos, mas conhecemos pouco do dia a dia de artistas que viveram nesses países. Encontramos mais o nome Shnittke escrito com c. No próprio livro explicam a escolha do nome sem o c.
Eu não conhecia basicamente nada desse compositor, nunca tinha ouvido uma obra sua. Só o que ouvi sobre ele foi um amigo dizer que lembrava bem de um concerto onde um guitarrista tocava com a orquestra. Achei agora algumas gravações no Youtube e gostei muito e fiquei curiosa de conhecer mais. Me surpreendi a influência alemã em Shnitkke. Apesar do compositor ser russo, ele teve muito contato com a cultura alemã, principalmente por influência de sua avó. Diferente de Shostakóvitch. Algo que me supreendeu na cultura comunista foi o autoritarismo com composições. Sabia que proibiam pensamentos e obras que fossem contrários ao regime, mas não sabia que proibiam o contato com compositores ocidentais e russos que não faziam parte do regime. Já era absurdo o que sabia, essa dimensão na música me assustou. Anotei inclusive um trecho. Shnitkke não podia ensinar nem tocar obras proibidas pelo regime. Não chegavam nem a ter contato com partituras.
Shnittke teve muita influência religiosa e se converteu mais tarde a Igreja Católica, não a Ortodoxa que era mais difundida na Rússia, mas a Católica, religião que era de sua avó. Suas composições acabam trazendo a influência da religião. Há algumas obras sacras em seu repertório.


Gostei bastante da obra mencionar gravações, ter uma relação de gravações no final e comentar alguns concertos realizados no Brasil.

Trecho de Shnittke - Música Para Todos os Tempos de Marco Aurélio Scarpinella Bueno:

“Volga é o maior rio da Europa, com mais de 3600 quilômetros de extensão, navegável em quase toda a sua totalidade.”

“No Brasil a forma mais comum de encontrarmos a grafia do nome Shnittke é em sua transliteração alemã, Schnittke, com a letra “c” precedendo a letra “h”. A fim de preservar ao máximo a ortografia do russo, optei pela grafia Snittke e por adotar as mesmas regras de transliteração, em alfabeto latino, das palavras escritas em cirílico, indicando a tônica nas palavras transliteradas com um acento.”

“Foi na cidade de Engels, então capital da República Socialista Soviética Autônoma do Volta Alemão, que Alfred Garrievitch Shnittke veio ao mundo em 24 de novembro de 1934, mesmo ano em que Dmítri Shostakóvitch (1906-1975) estrearia sua segunda ópera, Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk que, dois anos após, em 1936, seria o motivo da primeira grande desavença entre as autoridades stalinistas e o seu criador. Para aqueles que consideram Shnittke o compositor russo mais importante depois de Shostakóvitch, a associcação de datas pode soar interessante.”

“A partir de 1954, a política de desestalinização iniciada por Khrushtchóv liberou oficialmente a entrada de partituras de músicos contemporâneos ocidentais na URSS. Dessa forma, alunos de música das diferentes instituições de ensino passaram a ter acesso a obras de compositores como Zoltán Kodály (1882-1967), Paul Hindemith, Carl Off (1895-1982) e, fundamentalmente, Schönberg, Webern e Berg, sem que isso fosse encarado como atividade subversiva.”






Beijos,
Pedrita

4 comentários:

  1. Ufa, a janelinha de comentários resolveu ser boazinha e abrir. Foram mais de 5 tentativas!

    Eu gosto muito de biografias, de saber como foi a história de vida das pessoas. Não conheço este compositor.
    O autoritarismo é nefasto, ele domina até a cabeça das pessoas. Tem um documentário russo que mostra bem isso, Ana dos 7 aos 17, em que um cineasta filmou a vida de sua filha e como o regime do gorverno influenciou a menina. Impressionante. Tudo foi filmado às escondidas, pois se o governo descobrisse ele perderia o material e ainda parava na cadeia.
    Beijos

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  2. Oi Pedrita!
    Fiquei bem interessada em conhecer o compositor e ler a biografia. Até sabia que eram proibidos de manter contato com compositores que não eram do regime, mas só isso.

    ah! Você é exigente porque entende muito do assunto. O seu blog é uma verdadeira aula de música e literatura.

    Camila
    mesmachuva.blogger

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  3. puxa marion, que chato. e viu que eles mudaram como comentar? agora quem não loga ou tem login não tem como colocar links. mas quem sabe com essa mudança tudo melhore. fiquei interessada por esse documentário.

    obrigada camila, acho que de música eu estudei um pouco mais, literatura é só o que tento consumir que acho bem pouco, mas me esforço. acho que o que ajudam os meus posts são as pesquisas que faço na hora de postar.

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  4. Pedrita
    Juro que eu tentei ler esse livro, já que gosto muito de biografias, porém, consegui chegar até a página 40. Achei que a narrativa não fluiu muito bem.
    Eu também nunca havia ouvido falar desse compositor mas depois que você deu a dica do que encontrou no youtube, fui conferir e confesso que não faz meu gênero. Muita dissonância pro meu gosto.
    Denise

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