terça-feira, 24 de abril de 2012

Mama Gógó

Assisti Mama Gogó (2010) de Friðrik Þór Friðriksson no Max. Eu tinha visto uma chamada desse filme e quis ver. O diretor é da Islândia. Esse filme é triste, realista e irônico. Sempre ouço que na Europa os idosos ficam sozinhos ou em asilos, que é comum. Mamma Gógó é uma senhora independente, que vive bem em sua casa, tem três filhos, de vez em quando fica com o neto para cuidar, mas começa a ter esquecimentos e fazer confusões. Como gera transtorno aos vizinhos, eles mesmo irritados falam para os filhos a deixarem em um asilo. Ninguém sugere que alguém tem que morar com ela ou ela tem que morar com alguém. É muito natural a solução de um asilo. Inclusive um dos filhos é casado, eles ficam em casa, poderiam ficar tranquilamente com a mãe, talvez contratar uma pessoa para ajudar a cuidar dela, porque o casal tem disponibilidade de tempo. Eu não conseguiria deixar entes queridos próximos em asilos, me consumiria de culpa.

A nora não tem paciência com a sogra, não percebe que os desatinos dela são as confusões. O filho é mais presente, mas não hesita em deixar a mãe no asilo, mesmo ele praticamente não trabalhando. Assim que ele e as irmãs colocam a mãe no asilo eles começam a vender os bens dela e a casa para ficar com o dinheiro. Outra ironia do filme é sobre esse filho que é cineasta. Ele fez um filme sobre idosos que fogem do asilo, como ninguém na Europa tem interesse pelo tema, nem os idosos, o filme é um fracasso de bilheteria e ele começa a se endividar. O tempo todo há ironia pelo interesse do mercado em filmes mais comerciais, diretores mais conhecidos. No asilo também é predominante a presença de imigrantes, esses trabalhos de cuidados com idosos são em geral realizados por estrangeiros.

A atriz principal que faz a Mama Gógó, Kristbjörg Kjeld, está impressionante. Ela começa altiva, segura, e vai se transformando em um trapinho, insegura no andar, o rosto diferente, que atriz. Outros do elenco são: Hilmir Snær Guðnason, Gunnar Eyjólfsson, Ólafía Hrönn Jónsdóttir Inga María Valdimarsdóttir. 





Beijos,
Pedrita

8 comentários:

  1. Pedrita, a questao do idoso é algo muito difícil. Vai depender de muitas coisas. Por exemplo: se a família é unida, é mais fácil alguém na família ficar com os pais durante a velhice.

    Há também o idoso que irrita, que é teimoso, que dá trabalho, isso a gente nao pode deixar de ver para nao fantasiar. Porque é fácil a gente falar, mas na hora de levar essa responsabilidade por anos a fio é dificil demais, é um trabalho praticamente voluntário, nao remunerado e nao reconhecido pela família. Somente quem faz sabe o peso que é carregar. Digo isso porque um dos tios do Christian assumiu este papel de ficar com a mae, por ser solterao e ele sempre viveu com ela. A mae morreu este ano aos 92 anos e ele tem 72, imagina o quanto foi difícil prá ele? Ele que já quase nao anda por ter um problema série no joelhos e ter que cuidar da mae? Ele mesmo já é considerado velho e está caidinho para ter cuidado da mae sozinho.

    Existe sim, asilos para idosos, onde lá eles têm assitência médica, alguém que cozinha prá eles todos os dias e cuida de cozinhar o que a nutricionista já deixa organizado.
    Tem alguém que vem todas as manhas para tirá-los da cama, e lavar-lhe o rosto, pentear-lhes os cabelos, cortar-lhes as unhas, levá-los nas caderas de roda, pois nem todos andam para o refeitório paraas refeicoes. Uma vez no dia há empregados que os levam para dar uma volta.

    É claro que há empregados que fazem os seus trabalhos de mal humor ou os que sao mal remunerados, mas na maioria dos casos os idosos em asilos têm uma ssistência 24 hs por dia.

    Eu me pergunto:

    Quem está disposto a carregar tudo isso todos os dias? A dizer nao para o cinema, para os teatros para os jantares entre amigos todos os dias. Sim, todos os dias porque vc nao vai mais ter a sua vida particular se seus pais estiverem num estado onde eles nao podem ficar sozinhos.

    Eu nao sou contra os asilos. Sou contra a falta de respeito que se tem com o idoso. Vi muita gente brasileira sem nenhum respeito ao idoso no dia a dia. Nao estou dizendo em dar lugar no ônibus, na fila, essas coisas nao. Estou falando da falta de respeito que se tem na intimidade em chamá-lo de velho rabujento, deveria morrer porque é um peso, essas coisas que a gente sabe que existe.

    E prá falar sinceramente, isso eu nao vejo aqui. Penso que é porque eles nao têm o peso de carregar os pais no dia a dia. Eles pagam o asilo, visitam os pais lá. Há aqueles que tb abandonam os seus pais? Sim, há pessoas assim no mundo todo.
    Mas eu penso que este assunto tem dois lados de peso: a velhice e os filhos com suas vidas próprias.


    Esse filme deve ser uma chicotada prá muita gente.

    Bjao

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  2. georgia, eu penso parecido, mas às vezes é a vontade mesmo de depositar o idoso e se livrar das responsabilidades. no caso de azheimer acho q o asilo é mais indicado pq precisa de muitos cuidados. se ficar na casa de alguém precisa de um enfermeiro ou acompanhante pra ajudar. mas o q eu vejo infelizmente é não só depositar, mas fazer como fizeram no filme, se apropriarem dos bens, da pensão do idoso. minha tia cuidou da minha avó e sei bem o q é amiga. não é fácil. mas às vezes largar tb é mais cômodo. tem gente q deposita em um asilo e não vai visitar nem acompanhar se está bem cuidado.

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  3. Eu te entendo perfeitamente quando vc levantou a questao trazendo este filme e acho muito importante discutir isso, até mesmo para que cada um veja o que anda fazendo com seu pai, mae e avós.

    Tem muita gente que nao pensa nisso e qdo os pais envelhecem levam tudo com muito peso e transtorno.

    O fato é: todos nós que nao morrermos antes estamos caminhando para lá e como vai ser? Como será se meus filhos nao puderem cuidar de mim? Como vai ser com as pessoas que nao tiveram filhos? Isso é uma outra questao.

    Agora, qto aqueles que só querem a heranca dos pais que estao envelhecendo, isso se faz em qqr idade.

    há tb aquelas pessoas idosas que envelhecem saudáveis e que sao de grande ajuda na família. Ajudam os filhos ficando com os netos enquanto os filhos e noras trabalham. Têm vida própria, fazem as suas pequenas compras, vao ao teatro, procuram ter sua vida própria.

    O que tb nao devemos deixar de pensar é que os idosos têm muitos medos e nesses medos eles passam a ficar egoistas por querer que a familia cuide deles como eles cuidaram de nós qdo pequenos.

    Seria tao bom que o mundo visse a 3° idade de outra forma e que achasse a melhor solucao juntos.

    Convidei uma amiga que escreveu um livro sobre a 3° idade para vir até aqui, espero que ela venha.

    Bjao

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  4. georgia, obrigada, pq o filme mostra exatamente o tabu de se conversar sobre o assunto. o filme do cineasta sobre o assunto vai muito mal de bilheteria pq ninguém se interessa pelo tema ou foge de enfrentar o tema.

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  5. Belo filme, Pedrita, fiquei morrendo de vontade de ver! Se der sorte depois eu te conto! Obrigada pela indicação, beijos1

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  6. Deve ser interessante e triste mesmo. Quero assistir, vi que está na programação do Max.

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  7. Pedrita, voltei aqui para te dizer que hoje no jornal de meio dia daqui foi feita uma pesquisa na Alemanha e a pergunta foi:

    Quando seus pais ficarem velhos você vai cuidar deles ou vc os deixará num asilo para eles?

    73% responderam que ficariam com os pais em casa.

    Tá respondida a tua pergunta.

    Bjao

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