sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Manas

Assisti Manas (2025) de Maria Brennand Fortes no TelecinePlay. Assim que vi que o canal abriu para os assinantes fui procurar esse filme que queria tanto ver. O Telecine e a Universal festão abertos para assinantes ClaroTV até o dia 10 de novembro. No Telecine são só alguns filmes que estão disponibilizados, já estou vendo outro que queria muito ver. Por enquanto só um que quero muito ver não está disponibilizado.

Manas é um filme maravilhoso. Ganhou mais de 20 prêmios pelo mundo. Conta a história da vulnerabilidade de meninas na Ilha do Marajó, o que não acontece só lá. O filme conta a história de Marcielle, de 13 anos, que vive com uma família isolada, à beira do rio. É uma família numerosa, a mãe está grávida e vários irmãos. Uma irmã foi embora e a mãe conta que um homem bom a levou, um homem que a encheu de presentes. Infelizmente muitas famílias acham que um homem que dá presentes é bom e que pode levar um filho embora, mas muitas vezes eles são só aliciadores de menores para prostituição ou tráfico de mulheres. Nós só temos essa informação, que a adolescente foi embora com esse homem.
Jamilli Correa está maravilhosa! Que atriz! Ela tem somente 13 anos como a personagem. Vi uma entrevista com a diretora que disse ter sido procurada por uma mulher que contou a história das meninas da Ilha do Marajó. A diretora especialista em documentários foi ao local e começou a entrevistar as meninas, mas percebeu que isso iria vulnerabiliza-las demais, mais ainda, se colocasse elas pra contar a história no documentário. Apesar de não ter experiência com direção de atores, ela escolheu fazer um filme de ficção inspirada nessas histórias. O filme é muito delicado em contar o abuso que a jovem passa com o pai, tudo é subentendido, as meninas não tiveram acesso ao roteiro. Tudo é muito cuidadoso, mas está tudo ali pra nós. A rede que ela dormia estraga, falam pra ela dormir na cama com o pai que aparece de conchinha com a filha de manhã. Depois ele leva ela pra caçar e fica respirando atrás dela e ela toma banho depois. Tudo é sutil! Ela tenta consertar a rede, ele diz que está errado e a impede. Ele é Rômulo Braga.
Com poucas palavras, ela pede ajuda a mãe, para que volte a dormir na rede, mas a mãe diz que tem coisas que são assim. Ela tem uma amiga que já tem filho e vai a balsa vender alimentos e se prostituir. 

Marcielle comenta com a dona da venda o que acontece com ela e a vendedora diz que é assim mesmo, que não é só com ela, quase todas as meninas passam por isso. E ela pergunta sobre a irmã e a vendedora confirma. 

De tempos em tempos um posto de atendimento é montado. As meninas podem fazer identidade, seus documentos, tem o posto de saúde. E é a policial de Dira Paes que tenta ajudar a jovem, mas tudo é muito precário. Marcielle vai para um lar temporário, daquela amiga que vai na balsa, a mãe da menina que fica responsável, mas o pai vai buscá-la e a família não tem como impedir pela violência dele. O filme é cuidadoso, silencioso, sem música de fundo, só com os sons ambientes, poucas falas, há pouco diálogo nessas famílias e com uma temática dilacerante. Vai ser difícil Manas sair da minha pele.

Pesquisas mostram que as meninas são estupradas cada vez mais cedo, em geral por seus pais, padrastos ou tios. Agora a maioria é estuprada aos 9 anos. Quando engravidam os pais expulsam de casa, para dar a entender que a menina que se deitou com "qualquer um",que não presta, para esconder o abuso. E a maioria vai se acolher na prostituição para sobreviver. E não é só na Ilha de Marajó. Muitos pais acham que porque é filha deles, por direito, eles tem que ser o primeiro na vida sexual delas.


Pedrita

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