Terminei de ler O Estrangulador (1994) de Manuel de Vázquez Montalbán da Companhia das Letras. Eu descobri esse autor no blogPaisagens da Críticado Júlio Pimentel Pinto, blog que está atualmente inativo infelizmente. Lá tem um post desse autor, mas ele já tinha escrito dois outros antes. Eu li desse autor A Rosa de Alexandria. Agora li esse maravilhoso que comprei em um sebo. Essa obra está na capa porque o protagonista fala dela várias vezes, do pintor. Montalbán é um autor que faz seus personagens colocarem muitas referências no texto de filmes, livros, é fascinante!
Obra Danaë (1907) de Gustav Klint
O protagonista é diagnosticado paranoico. Ele não aceita o diagnóstico, paranoico é qualquer um, ele se cataloga como esquizofrênico e explica os tipos de esquizofrênicos que existem. Ele é muito inteligente e diz que enlouquece os psiquiatras que o estudam pela sua complexidade. Ele jura que é o Estrangulador de Boston que foi transformado em filme com o Tony Curtis. O livro todo é sob o olhar do protagonista, até o relatório do psiquiatra que lemos foi ele que escreveu. Ficamos na dúvida o tempo todo sob o que é invenção e o que realmente aconteceu. E essa nuvem não se dissipa. Chegamos até ter uma ideia, mas será mesmo? Genial!
Esse foi o marcador escolhido para me deleitar com essa obra. É de Barcelona, presenteado por uma amiga, da cidade que nasceu o autor do livro.
Assisti Eliza Graves (2014) de Brad Anderson no TelecinePlay. Eu adoro esse gênero de filme e queria um para me distrair. Esse é bem pesado, não sei se foi uma boa escolha. É baseado em um conto do Edgar Allan Poe, é bem interessante e bem pesado. Mas não é regular. Tem horas que é estranho. No Brasil está com o péssimo nome Refúgio do Medo. Edgar Allan Poe é exímio em criar suspenses e muito provavelmente o desfecho final com suas revelações será surpreendente, não é diferente nesse.
Um jovem médico chega a um hospício no meio do nada. Ele logo se encanta com a bela pianista. O coordenador do lugar mostra tudo para ele e diz que é um hospício de pessoas de famílias abastadas que depositam seus familiares lá, alguns por serem realmente loucos, outros por serem inconvenientes, outros por serem homossexuais. Todos para tratamento. Esse médico tem métodos bem diferentes. Ele não concorda com os métodos violentos da época. O texto fala muito sobre o que é loucura. questiona os métodos monstruosos da época, mas ainda é atual quando muitos manicômios dopam seus pacientes para ser mais fácil de lidar com eles, sem um interesse terapêutico real.
Vou falar detalhes do filme: Logo ele descobre que o coordenador é na verdade um paciente que conseguiu mobilizar outros para prenderem os verdadeiros médicos e enfermeiros em um lugar escuro. Aos poucos descobrimos que aqueles lugares insalubres e horrorosos eram onde os pacientes ficavam, que essa equipe usava métodos monstruosos achando que curavam.
Os cenários, figurinos, são incríveis. Lindo o ator que faz o médico, Jim Sturgess. Ben Kingsley faz o coordenador do hospital. A bela jovem é interpretada por Kate Beckinsale. Alguns outros do elenco são: David Thewlis, Michael Caine, Sophie Kennedy Clark, Sinèad Cusack, Brendan Gleeson, Guillaume Delaunay e Edmund Kingsley. Agora que vi que o ator que faz o marido da pianista é filho do Ben Kingsley.
Assisti Attila Marcel (2013) de Sylvain Chamet no TelecinePlay. Esse filme está em Cult/Independentes. Que filme lindo! Fiquei encantada! Todo cheio de metáforas, fantasias, surrealismos. É maravilhoso descobrir sozinho o filme, então quem quiser ver aconselho não ler. Nosso protagonista, Attila Marcel, é um pianista. Ele vive com duas mulheres que inicialmente eu achei que eram casadas, mas depois vi que são irmãs. Elas dão aula de dança, ele não fala, e toca piano nas aulas. Ele também participa de concursos.
Um fato corriqueiro coloca ele em contato com a vizinha. Ele entra no apartamento de baixo do que vivia e se depara com jardins, um cachorro enorme. No começo demoramos para entender o que ela pretende, parece que quer roubar o rapaz, depois descobrimos que ela quer ajudar. Ela faz chás alucinógenos para que as pessoas entrem em contato com seu inconsciente. Ele começa então a lembrar da infância. Seus pais morreram quando ele era pequenininho, tinha dois anos. Ele não fala. As tias são exageradamente controladoras. Essa mulher fala algumas frases que mostram o que deseja, ela diz que detesta que mintam para as crianças. Outra frase ela diz que ele precisa crescer porque ainda é uma criança de dois anos, mesmo tendo 32 anos. Ele é profundamente dependente dessas tias castradoras e superprotetoras. A história dessa mulher também é linda.
Guillaime Gouix interpreta Attila e o pai dele. Madame Proust por Anne Le Ny, adoro essa atriz. Os dois arrasam. As tias por Bernadette Lafond e Hélène Vicent. A mãe por Fanny Touron. Alguns outros do elenco são Kea Kaing, Luis Rego e Jean-Claude Dreyfuz.
Assisti Divã a 2 (2014) de Paulo Fontenelle no TelecinePlay. Eu sabia que iam fazer o Divã 2, mas nunca tinha me interessado em saber como seria. Só olhando no TelecinePlay é que percebi que não era a Lilia Cabral no poster, vi que era a Vanessa Giácomo e só assim resolvi ver. Adoro essa atriz. Achei muito interessante criarem um roteiro com outro divã, com outras pessoas ao divã. Achei inteligente e ficou dinâmico por ser uma trama completamente diferente. Bem bonitinho e mais um filme com um roteiro maduro, de casais atuais.
A personagem da Vanessa Giácomo está em crise no casamento. Eles casaram muito cedo, eles tem um filho lindo, mas o casamento acaba. Por isso do nome Divã a 2. Os dois vão ao psicólogo, cada um em um psicólogo, para elaborar a questão. Ela é uma bem sucedida ortopedista. Ele é um bem sucedido produtor de eventos. Os dois workaholics e vemos que eles realmente tem dificuldade de organizar as agendas para se verem. Ele é interpretado por Rafael Infante. A melhor amiga da protagonista é interpretada pela Fernanda Paes Leme. É bem engraçada a amizade delas, já que elas são o oposto. A mãe é interpretada pela Totia Meirelles. O assistente da ortopedista por George Sauma. Raphael Viana interpreta o amigo do ex-marido.
Nessa tentativa de reconstruir a vida afetiva eles conhecem outras pessoas que são interpretadas por Marcelo Serrado, Fiuk e Maurício Mattar.
Assisti Boyhood (2014) de Richard Linklater no TelecinePlay. Tinha curiosidade de ver já que o diretor filmou em 12 anos, filmando o garoto e a família em tempo real. Não utilizava atores mais velhos e sim o seu elenco é que envelhecia. Esse é o grande trunfo do filme, o que ele tem de mais interessante. O roteiro, que é do próprio diretor, é muito americano, a família é muito americana, tive pouca identificação. Demorei até para ver já que na internet falavam que era muito lento, é realmente. Deu preguiça de me propor a ver.
Começa com o garoto com 6 anos e segue até ele fazer 18 anos. A mãe é uma batalhadora. Ela engravida com 23 anos e tem dois filhos. Começa com ela já separada dos pais das crianças. O pai é um imaturo, não trabalha, não divide as responsabilidades com a mãe e ainda é machista. No começo ele fala para o filho que a culpa dele não ter ficado com a mãe é dela porque ela é difícil. Desculpe, difícil é ele. Ele não trabalha, não cuidava dos filhos. Ela tinha que trabalhar, sustentar e cuidar dos filhos sozinha. E se ela tivesse com o pai dos filhos ia ter mais um filho para criar, sustentar e cuidar. No fim também ele diz ao filho de 18 anos que a mãe do garoto devia ter tido mais paciência para esperar ele amadurecer. Ele achava que era só uma questão de paciência. Ter 3 filhos pra sustentar não é fácil. Melhor ela só ter cuidado mesmo das duas crianças. Não entendo porque o machista do ex queria que ela criasse mais um e um adulto. Em nenhum momento ele diz ao filho que ele poderia ter se esforçado mais, ter ajudado a mãe dividindo as responsabilidades, o ex acha que só a mulher era a responsável pela relação e pela família. Essa mãe é muito corajosa. Ela percebe que se não voltar a fazer faculdade, não conseguirá ter uma vida melhor e dar uma vida melhor aos filhos. Ela trabalhava e a mãe dela ajudava com as crianças. Ela abre mão desse conforto, se muda com os filhos, trabalha, cuida dos filhos e volta a estudar. Ela é a heroína de Boyhood.
Ela se encanta com o professor e com o fato dele ser o oposto do anterior. Ele é metódico, tem filhos, realizado, estabilizado. O casamento vai bem, mas o marido exageradamente metódico fica alcoólatra e ela começa a ter problemas sérios com ele. Infelizmente ela só pode levar os filhos dela, muito triste deixar os outros filhos com o pai violento. E tem que começar de novo. Mas agora ela está mais estabilizada, se formou, fez mestrado e dá aulas na universidade. Por sorte ela vive nos Estados Unidos e consegue se estabilizar. Se estivesse no Brasil estava passando necessidades pra sempre e constantemente.
Até eu percebi que a mãe entrava em uma terceira roubada com o casamento seguinte. Um homem bonito, que tinha vindo da guerra no Iraque. Ela que tem uma posição profissional melhor, ele trabalha, mas parece que em empregos menores. Machista, ele começa a se meter demais na educação dos filhos dela e diz ao filho que ele que sustenta o rapaz na casa dele. Delírio total, quem está estabelecida agora é ela, a casa é dela, os filhos são dela, o melhor salário é o dela. Ao contrário da mãe que sempre teve cabeça aberta, o pai dos meninos encareta tanto que até assusta. Ele casa novamente, se estabelece. O menino no aniversário de 16 anos ganha da família do pai presentes que me chocaram, acho que eu deserdaria meu pai depois daquela festa. Ele ganha uma bíblia, um terno com gravata e um rifle. Não só ganha o rifle no aniversário de 16 anos, como ele e a irmã aprendem a atirar. Depois os americanos querem entender porque os jovens entram atirando ainda adolescentes em escolas.
Boyhood termina com o garoto entrando na faculdade. Ele e a irmã vão viver na cidade da universidade, a mãe vende a casona e vai viver em um apartamento. O garoto é interpretado por Ellar Coltrane, a irmã por Lorel Linklater. A mãe por Patrícia Arquette. O pai por Ethan Hawke. O marido professor por Marco Perella. Alguns outros do elenco são: Elijah Smith, Libby Villari, Jamie Howard, Steven Chester Prince e Tess Allen.