quinta-feira, 15 de maio de 2008

O Amante de Lady Chatterley

Terminei de ler O Amante de Lady Chatterley (1928) de David Herbert Lawrence. Comprei esse livro da coleção da Editora Abril em um sebo por R$ 2,00, inacreditável não. E é um desses livros que se acha em lojas por baixo custo. Gostei bastante, mas Filhos e Amantes ainda é o meu preferido.O livro foi proibido um pouco depois de ser lançado por ser considerado pornográfico. Até acho que as relações sexuais do livro tenham incomodado, mas não duvido que o mais tenha incomodado foram duas questões, uma por ser uma relação entre classes sociais muito diferentes, onde a mulher deseja escolher o amante pobre ao marido bem nascido. E outra questão pelo fato dela querer abandonar o marido, mesmo ele sendo paraplégico e por ela não ter pena, nem achar que deva algum tipo de obrigação. Não duvido que essas questões tenham chocado muito na época, talvez até mais do que alguns detalhes da relação sexual dos dois.

Tela de Edmund Blair Leighton

Também deve ter incomodado o fato do casal ter conversado sobre ela conceber um herdeiro com outro homem e que o marido confiava em seu bom gosto. Eram textos revolucionários pra época. Se hoje talvez ainda causem alguma estranheza, que dirá naquela época.
Achei curioso O Amante de Lady Chatterley igualmente falar em minas de carvão como em Filhos e Amantes. Devia ser um universo comum para o autor, já que ele relata em bastante detalhe esse tipo de atuação e sobre cidades muito pequenas que vivem em torno das minas.
Eu não vi nenhuma adaptação dessa obra para o cinema.
Obra Dolce Far Niente (1904) de John William Godward

Anotei alguns trechos de O Amante de Lady Chatterley de David Herbert Lawrence:

“Vivemos numa época essencialmente trágica; por isso nos recusamos a tê-la como tal.”

“Havia padecido tanto que sua capacidade de sofrer se esgotara.”

“Tanto arriscara a vida e estivera tão perto de perdê-la, que o que dela lhe restava adquirira um valor imenso. O brilho dos seus olhos revelava o seu orgulho de não estar morto depois de tantas calamidades. Lá por dentro, porém, muita coisa morta marcava o seu desastre –muitos sentimentos mortos. Clifford tornara-se insensível.”


As obras ilustradas são de dois pintores ingleses que viveram no mesmo período que o autor do livro: Edmund Blair Leighton (1853-1922) e John William Godward (1861-1922)


Ralph Vaughan Williams é um compositor inglês (1872 - 1958)
Música do post: Stadsknapenkoor-Gorcum_MC1994_09_O-taste-and-see_Vaughan-Williams_PART-II_Orgelimprovisaties-5-themas_organist-Nico-D-Blom


Beijos, Pedrita

8 comentários:

  1. Faz tempo que quero ler esse livro. Vou pegar emprestado da minha irmã.

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  2. Pedrita, não conheço a história, mas fiquei bem curiosa. Acho que o fato de um amulher abandonar um marido paraplégico causaria má impressão até nos dias de hoje. A mulher seria vista como a insensível, a vilã. Eu acho que ela está certa, não se pode ficar com alguém apenas por pena.

    Beijos

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  3. Oi Pedrita.

    Eu já li esse livro mas faz muito tempo. Nem me lembro direito ...

    Fiquei com vontade de reler.

    Bjs.
    Elvira

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  4. Eu li "Filhos e Amantes" no original (Sons and Lovers) e gostei muito. As fotos das obras estão muito bonitas!
    Denise

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  5. Olá Pedrita!
    Este romance é um dos mais belos do D.H. Lawrence. Em tempos o Ken Russell levou ao grande écran o livro "Mulheres Apaixonadas" que levantou bastante polémica porque nele surgiam nus frontais masculinos, foi nos anos setente. Mais ecentemente "O Amante de Lady Chatterley" teve uma niva adaptação cinematográfica levada a efeito por uma cineasta francesa, que retratou o romance de forma fidedigna e naturalista, oferecendo-nos uma verdadeira obra-prima.
    beijinhos e bom fim-de-semana.
    paula e rui lima

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  6. O nome da cineasta francesa é Pascale Ferran e o filme chama-se "Lady Chatterley", publicémos crónica sobre o filme em 2 de Julho de 2007, vale a pena descobrir, pelo naturalismo e subtileza como o livro foi adaptado.
    beijinhos
    paula e rui lima

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  7. camila e marion, vcs vão gostar.

    elvira, há trechos maravilhosos!

    dê, olha só, eu não sabia que já tinha lido filhos e amantes e invejavelmente no original. eu tenho aqui em português que comprei em um sebo. bom saber que nem te empresto.

    rui, quero ver o filme.

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  8. Pedrita, vi a resenha pelo Boa Leitura e vim ver seu blog. Parabéns pela qualidade da crítica e pelo bom gosto das imagens.

    Vi no multiply que vc gostou de O Jogo da Amarelinha, do Cortazar... Já ouviu falar de Juan Carlos Onetti?

    Bjs.

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