quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Michelet

Terminei de ler Michelet (1954) de Roland Barthes. Eu comprei esse livro pelo Submarino e é da Companhia das Letras. Foi o primeiro livro que comprei em livrarias com o propósito de comprar de vez em quando outros. Primeiro eu lia de bibliotecas, depois passei a comprar em sebos e de coleções de bancas. E aí decidi esporadicamente comprar algum novo em livrarias. Esse foi o primeiro há anos atrás. É um estudo desse filósofo sobre os textos de Jules Michelet (1798-1874). Infelizmente nunca tinha lido nada do Jules Michelet, mas nesse estudo o autor cita vários trechos de obras e fiquei fascinada.

Tela que fizeram de Jules Michelet
Michelet faz um amplo estudo sobre obras da Idade Média, do tempo que havia muito obscurantismo e as pessoas estudavam tudo, medicina, filosofia e história. Tudo era misturado. Michelet escreve sobre o trabalho das feiticeiras, as únicas que tinham acesso as doenças das mulheres e atuavam como parteiras também. Roland Barthes analisa essas peculiaridades que Michelet aprofundou. Há na obra uma bibliografia extensa com as obras de Michelet. Do Michelet, a que mais quero ler é A Feiticeira, que é possível comprar pela Livraria Cultura.
Michelet viveu no período da Revolução Francesa e tem algumas obras sobre essa época, uma inclusive publicada pela Companhia das Letras.
Portrait de Laure Bro, 1818-1820 de Théodore Géricault

Anotei vários trechos da obra. De considerações do Roland Barthes e do Jules Michelet.

Trechos de Michelet de Roland Barthes:

“A doença de Michelet é a enxaqueca, esse misto de ofuscamento e náusea.”

“...ei-lo aos 44 anos: sente-se nesse “longo suplício, a velhice”; mas vejamo-lo seis anos mais tarde, aos cinqüenta anos: está prestes a esposar uma jovem de vinte e começa alegremente a terceira vida. Isso não é tudo: depois da mulher, os elementos; Michelet conhece ainda três renascimentos – a terra (banhos de lama em Acqui, perto de Turim), a água (seu primeiro banho de mar aos 57 anos), o sol (em Hyères).”

“Michelet morre quando não trabalha (quantas declarações a respeito!) –isso significa que tudo nele é preparado para construir a história como um alimento.”

“Vimos ele próprio ameaçado pela poesia como por um inferno natal, e aspirando à prosa como a uma libertação decisiva, a qual permitiria devorar a história e formar com ela um mesmo tecido.”
Jules Michelet:
“Cada homem é uma humanidade, uma história universal...”

“Ora, quem diz prosa diz a forma menos figurada e menos concreta, a mais abstrata, a mais pura, a mais transparente; dito de outro modo, a menos material, a mais livre, a mais comum a todos os homens, a mais humana. A prosa é a última foram do pensamento, o que há de mais distante do vago e inativo devaneio, o que há de mais próximo da ação.”

“Não duvido de que seu livro admirável e engenhoso sobre as Doenças das mulheres, o primeiro que se escreveu acerca desse grande assunto, tão profundo e comovente, tenha brotado especialmente da experiência das próprias mulheres, daquelas a quem as outras pediam auxílio: refiro-me as feiticeiras que, por toda a parte, eram parteiras. Jamais, naquela época, a mulher teria admitido um médico homem, nem teria confiado a ele, nem lhe teria revelado seus segredos. As feiticeiras cumpriam essa função, e foram, para a mulher sobretudo, o único médico.”


Música do post: 11 - Debussy - L'Isle Joyeuse


Youtube: Roland Barthes parle de Jules Michelet


Beijos, Pedrita

6 comentários:

  1. Ólá Pedrita!
    Michelet li já lão vão longos anos, mas Rolland Barthes é um dos "habitantes" aqui da casa, a sua leitura é um verdadeiro fascínio. Aqui deixamos dois livros dele que recomendamos vivamente. "A Câmara Clara" e "Roland Barthes por Roland Barthes" (onde se fala também de Proust).
    Beijinhos
    Paula e Rui Lima

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  2. OLÁ PEDRITA, OBRIGADA PELO SEU COMENTÁRIO DO JORNAL, AFINAL DE CONTAS 200 ANOS DE INFORMAÇÃO, NÃO PODEMOS ESQUECER!!!
    COM CARINHO
    N@N@

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  3. Pedrita

    venho agradecer as visitas continuadas depois de tanto tempo. Isso é tão significativo de quanto nos apreciam, que nos deixa sinceramente gratos.
    Quanto a este post não conhecia a Feiticeira de Jules Michelet e parece-me muito interessante para um trabalho que trago em mãos.

    beijo grande

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  4. paula e rui, eu tinha há anos o barthes para ler, mas nunca tinha comprado nada e foi uma grata surpresa.

    nana, eu que agradeço a visita.

    teresa, gosto muito dos seus blogs. teresa, vou tb procurar adquirir a feiticeira.

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  5. Pedrita, eu li este livro (empréstimo de biblioteca) há alguns anos e fiquei agora com saudade... além de tudo acho-o uma delícia de ler! Não sei se aconteceu contigo, mas eu sempre voltava alguma passagem, muito bom!

    Beijinhos @>--

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  6. adriana, eu releio um pouco os trechos que anotei.

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