quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Riacho Doce

Terminei de ler Riacho Doce (1939) de José Lins do Rego da José Olympio Editora. Comprei exatamente dessa edição da foto que tem textos iniciais: uma biografia, um texto de Carlos Drummond de Andrade, um de Antonio Carlos Villaça e um último de Mário de Andrade. Eu tinha visto duas adaptações desse livro, o filme Bella Dona e a minissérie Riacho Doce, esse eu comentei aqui. Gostei muito dos dois, mas queria muito ler o livro. A blogueira Fátima Pombo se inspirou na minha leitura, comprou o livro também e o leu, bem antes de mim inclusive, mesmo tendo começado bem depois que eu comecei a ler.

Obra Duas Mulheres (1950) de Tomás Santa Rosa

A primeira parte é Ester, a professora de nossa protagonista Edna. Essa parte não tem nem no filme nem na minissérie. Edna é criança, vive em uma pequena cidade na Suécia. A professora é o seu elo com a beleza do mundo lá fora. A história da boneca é de uma beleza maravilhosa. Incrível como José Lins do Rego parece compreender as crianças. Apesar de ser ficção, fica visível o quanto precisamos perguntar a uma criança porque fez aquilo, porque nem sempre é o que pensamos. Edna liberta a boneca da sufocante caixa de sapatos para dar a boneca a liberdade. Riacho Doce fala muito de liberdade. Edna só casa com Carlos porque ele é o único da cidade que tem a possibilidade de levá-la de lá. Ele a ama tanto que apesar de estar feliz na Suécia, aceita o conselho de um médico de levá-la embora para um país tropical, então ele aceita uma oferta de emprego no Brasil.

Obra Na Praia (1945) de Tomás Santa Rosa

Depois a obra chega em Riacho Doce. Todos os personagens são reféns de seus tristes destinos. Preso a convenções, regras e possessividade. A personagem Aninha mantém todos do vilarejo no Brasil em volta dela, toma conta da vida de todos de forma destrutiva. Novamente Edna quer liberdade, se apaixona por um pescador local que já viajou pelo mundo. O desfecho é diferente da minissérie que tem um viés bem mais romântico. Não há ilusões no texto de Riacho Doce. Os personagens não conseguem se libertar dos seus destinos, a não ser por breves momentos.  Livro maravilhoso, obra de arte.

O pintor Tomás Santa Rosa era paraibano como o autor e ilustrou várias edições da Editora José Olympio.



Beijos,
Pedrita

14 comentários:

  1. Olá, Pedrita.
    Não li o livro, mas vi a minissérie e gostei muito.
    Big beijos

    Lulu on the Sky

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  2. Eu ate agora estou impressionada com esse livro do meu conterrâneo Jose Lins do Rego! O final desta historia e simplesmente surpreendente. E não poderia ser de outra maneira! Leio William Faulkner pensando nele, que foram contemporâneos.....

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    1. fatima, eu tb. o final da minissérie é parecida, um pouco menos melancólica.

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  3. Ainda bem que mini serie não deu esse final... não teriam coragem....

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  4. Olá, tudo bem? Vou assistir Rio Eu Te Amo! Não neste sábado. Amanhã vou assistir Isolados! Vai sair logo, logo dos cinemas.... Bjs, Fabio www.fabiotv.zip.net

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  5. Ainda não li esse livro, mas sua resenha me deu vontade de desbravá-lo imediatamente. Vou ver se ele tem na Amazon na versão digital.

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de setembro

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  6. De José Lins do rego, sou apaixonada por Menino de Engenho.

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  7. Nos seus comentários sobre o livro, lembrei que minha 1ª sogra contava que tinha casado com meu sogro, porque era o único que passava dirigindo um caminhão(?) em frente a casa dela.

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    1. liliane, antes era mais difícil escolher com quem casar, ainda mais em cidade pequena.

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  8. Oi, Pedrita,

    Na adolescência eu li a séria toda- se é a gente possa chamar assim - de livros sobre a vida do José Lins do Rego: Menino de Engenho, Usina, Fogo Morto, Moleque Ricardo, Bela Dona, Riacho Doce... nem me lembro mais de todos os títulos, rsrs.

    Beijoca!

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