O diretor se deparou com a capital do jeans. 20% de todo o jeans produzido no Brasil vem de Toritama. Em um formato insano de trabalho, inúmeros autônomos ganham por produção. Com uma visão imediatista, eles preferem ser donos do próprio negócio e ganhar pelo que produzem.
Eles trabalham exaustivamente. Alguns começam às 7h e param às 22h. Outros começam às 5h. Aos domingos vão na feira vender os produtos. Quando descansam? Uma vez por ano no Carnaval. O diretor então resolveu esperar o Carnaval que é quando eles vendem tudo o que tem para ter dinheiro para viajar pra praia no feriado. Pensem, eles trabalham de forma desumana, mas não sobra dinheiro pra viajar pra perto ao menos uma vez por ano. Aí eles vendem tudo, moto, geladeira, celular. Quando voltam precisam trabalhar de modo insano de novo pra comprar os produtos que venderam.
A estrutura do documentário é muito inteligente. O diretor fala com as pessoas, mostra ass facções, como chamam as confecções, as construções de casas para mais facções. No Carnaval, a equipe pagou a viagem de uma família que não conseguiu levantar o dinheiro pra ir pra praia, e esse grupo ficou de filmar os passeios na praia. Então aparece um outro olhar, que vem dos próprios moradores de Toritama.
Eu fiquei pensando o que faz essas pessoas acharem que esse é um modo lucrativo e bom para se viver. Trabalhar de modo insano por alguns trocados, não ter folga. Sim, pode ser que eles estivessem passando até dificuldade em outro trabalho, ou sem trabalho e que talvez essa escravidão da função seja algo melhor. Mas eu não consigo imaginar o que faz esse grupo todo entrar nessa produção em massa por jeans, sem o direito mínimo de uma maior qualidade de vida. Qual seria o objetivo de tanta produtividade. Não consigo entender qual mecanismo que faz todos terem orgulho nessa função alucinada e não questionar qual o sentido de horas intermináveis de trabalho sem descanso. Fiquei pensando o que leva esses moradores de Toritama acharem normal esse modo de trabalho tão desgastante. Também fiquei pensando como estão agora no meio da pandemia, já que ganham por produtividade e não tem auxílio algum.
Eu sempre penso também que quando uma peça de roupa está barata demais é porque alguém está sendo explorado em alguma ponta. Mas também tem gente que cobra demais por um produto e mesmo assim explora a ponta que o produz. Sempre fico apavorada com a exploração doentia do ser humano por outro.
Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar chamou a atenção por onde passou pelo mundo. Esteve na mostra Panorama do Festival de Berlim. Ganhou Prêmio da Crítica e Menção Honrosa no festival É Tudo Verdade.
Beijos,
Pedrita
Pedrita, o incrível é que essa história desumana e real chama a atenção por onde passa, como você diz, mas nada é feito para mudar a situação.
ResponderExcluirÉ a escravidão, presente e muito viva, entre nós. E aceita por muitos, com naturalidade.
heloísa, sim, essa ideia de produtividade sem perceber a escravidão é assustadora.
ExcluirConfesso que quando cheguei ao fim da resenha estava chorando de dó e de raiva.
ResponderExcluirSinceramente é desumano o homem explorando o homem (Não só o homem, MAS qualquer tipo de exploração, animaizinhos e Natureza também)
Eu não sei como alguém pode submeter outra pessoa a um trabalho escravo, em situações insalubres.
Não sei como alguém pode trabalhar em condições assim, MAS já ouvi pessoas dizerem que só quem já sentiu fome sabe a que ponto pode chegar e o que é capaz de fazer.
Recentemente teve o caso daquela marca famosa que vendeu máscaras a preço exorbitante valendo-se de "doar" uma cesta básica à uma família necessitada e as costureiras ganharam 0,50 por cada máscara costurada :(
Quando começou essa quarentena, a área cultural do banco foi transferida temporariamente para a área política.
Que ódio!
Eu odeio política.
E, se é que possível, é muito pior do que eu imaginava.
Me dá até enjoo.
Pior que aprendi que tudo é política.
No caso desse DOC, empreendedorismo é uma maneira cruel de transferir a responsabilidade do governo com a falta de trabalho para a própria pessoa que pensa que trabalhando por conta tem um emprego que lhe garanta um salário :/
Gratidão por ter trazido um tema tão importante e atemporal.
Desculpa aaaaeee o textão 😉
Bjs Luli
https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br
luli, foi a sensação q fiquei. atônita em perceber que eles se escravizam sozinhos, como em um vício e competição e nem percebem como se aprisionam. na verdade eles mesmo se exploram. a eles mesmos. muito triste as pessoas acharem q um profissional da área artística seja obrigado a produzir em outra área, ignorando a sua formação específica.
ExcluirEu me sinto desconcertada, quando leio esse tipo de coisa. Especialmente porque sei que tudo isso resulta de falhas na educação do nosso povo. E o pior é que vivemos um momento em que se busca naturalizar a exploração e o descaso para com os trabalhadores.
ResponderExcluirmarly, exatamente, eles nem percebem q se escravizam. vivem em competição de produção uns com os outros pra outros enriquecerem e eles viverem escravizados ao trabalho e de modo miserável.
ExcluirMesmo vendo pouca televisão, achei interessante o documentário e fiquei interessado em ver.
ResponderExcluircarlos, é assustador.
ExcluirOlá, tudo bem? Não assisti esse documentário. Bjs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirfabio, é fundamental pra entender a má relação do trabalho com remuneração miserável.
ExcluirToritama é top.
ResponderExcluirTodo mundo costura.
Adoro.
Bjs,
liliane, dependendo do ângulo que se vê pode ser, mas lá ninguém vive, todo mundo se escraviza por migalhas.
ExcluirUm documentário triste, exploração de pessoas indefesas.
ResponderExcluirInfelizmente acontece muito esse tipo de exploração, trabalho escravo.
Quando repetir vou assistir, mesmo sendo pesado, porém uma realidade.
Grande beijo querida Pedrita ♥
andréa, o q mais assusta é q eles mesmo se exploram achando q trabalham por conta própria.
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