O marcador de livros é magnético com uma parte da obra de Tomie Ohtake.
Matheus Leitão faz uma pesquisa para entender o passado dos seus pais, Marcelo Netto e Míriam Leitão, desaparecidos, presos e torturados na Ditadura Militar em Vitória, Espírito Santo. Como são produtos diferentes, o documentário e o livro, cada um traz parte da pesquisa, mesmo que se repitam alguns momentos, é diferente ver em imagem, ou ler em detalhes, os dois se complementam.
Marcelo ficou mais tempo preso depois que os dois "desapareceram" na praia. A combatividade de Míriam é admirável. Além de tudo o que precisava fazer para que o seu filho nascesse e sobrevivesse, ela ainda buscava brechas na lei para ajudar Marcelo ainda preso. Se fosse casada, ela poderia visitá-lo. Como as proclamas já estavam em andamento antes do desaparecimento, ela conseguiu o direito ao casamento por estar grávida mesmo Marcelo estando preso. Os relatos do casamento me emocionaram demais. Os militares eram donos dos corpos presos e torturados, então não avisaram da remoção desumana ao Rio de Janeiro. Foram transferidos algemados e tortos de qualquer jeito nos veículos. Míriam continuava trabalhando em Vitória, com pouco dinheiro, grávida e sem facilidade para viajar, ia de vez em quando ver o marido no Rio de Janeiro. Marcelo continuou a ser torturado. Ele ficava em uma solitária minúscula, com luz acessa 24 horas durante 9 meses, sem direito a sol. Ele ficou muito abalado depois, pouco fala do período.
Eu temo muito pelo Matheus Leitão. Apesar de existir a Lei de Acesso à Informação, de ter existido a Comissão da Verdade, ainda é proibido mexer e fazer reparação do passado. Quando Paulo Malhães assumiu para a Comissão da Verdade que torturou na Ditadura Militar, ele apareceu morto, o inquérito disse que foi por assalto. Como o jornalista mostra na obra, vários países já fizeram a reparação histórica. É uma forma de coibir a volta e os abusos no futuro. Nelson Mandela fez também a reparação na África do Sul, que lhe rendeu Prêmio Nobel pela Paz. E aqui continuam proibindo pesquisas e acessos à informação. Foto de Sergio Lima
Eu provavelmente não irei ler este livro, a despeito do meu interesse pelo assunto. É que eu não sei como conciliar esse passado sofrido da Míriam (com o qual eu me sensibilizo, solidarizando-me com ela), com o engajamento atual dela, Refiro-me ao fato de ela ter sido uma das forças que trabalhou em favor do impeachmant de 2016 (que nos parece uma continuação das questões que geraram a Ditadura).
ResponderExcluirmarly, é um livro pra corajosos. as torturas são insuportáveis. nunca entendi esse prazer sádico em tortura com a desculpa q for. algo absolutamente bárbaro e ainda muito atual, infelizmente. vivem torturando pessoas q acham q são bandidos.
ExcluirDeve ser ótimo esse livro, gostei da dica. Indico do Zuenir Ventura: 1968 o ano que não terminou.
ResponderExcluirbig beijos
www.luluonthesky.com
lulu, é um livro difícil, mas fundamental, já que a história não fez a reparação. eu li esse do zuenir faz muito anos, é muito bom mesmo. o autor cita esse livro nesse que li agora.
ExcluirOi Pedrita, gostei da dica do livro. Esse é um assunto que causa sempre muita revolta enquanto leio ou vejo filmes. Preciso estar com o espírito preparado para ler.
ResponderExcluirbeijos
CHris
Inventando com a Mamãe / Instagram / Facebook / Pinterest
chris, tanto q eu demorei pra ler. comprei há uns anos na feira e precisei coragem pra ler. e pra seguir com a leitura.
ExcluirEu não conhecia o livro nem o doc, ambos fiquei conhecendo aqui quando você fez o post do documentário.
ResponderExcluirQuero assistir e ler, ainda que saiba que vou ficar indignada, revoltada e vou me acabar de chorar
MAS é sem sombra de dúvida necessário!
Bjs Luli
luli, é muito impressionante. dá pra ver a angústia dele em saber mais detalhes do passado dos pais e a inviabilidade pela censura ainda existente.
Excluir