quinta-feira, 28 de abril de 2022

Cidadã de Segunda Classe de Buchi Emecheta

Terminei de ler Cidadã de Segunda Classe (1974) de Buchi Emecheta da Dublinense. Eu amo essa autora! O primeiro que li foi No Fundo do Poço que comentei aqui.

O marcador de livros é um tapete.
 

Obra Have You Heard II (2010) de Bruce Onobrakpeya

O anterior que li é a continuação desse. A autora escreveu primeiro o outro e depois esse. Com o distanciamento, eu até questionava porque amava tanto a autora. No primeiro parágrafo lembrei o motivo, que escritora, que texto. A história desse consegue ser pior que a outra, como se isso fosse possível. Buchi conta a história de uma personagem, Adah, que se mistura com a sua, ficção e realidade. Ela não é muito crítica aos horrores dos costumes da sua terra, mas nós ficamos aterrorizados, o machismo é nocivo como no Brasil, com algumas características diferentes.

Obra Competition V (2010) de Ndidi Dike

Aos 11 anos Adah fica órfã e vai morar com outros parentes que ficam muito felizes, já que ela vai fazer todos os afazeres domésticos, muito parecido com o que acontece no Brasil. Como ela estudava e amava estudar ela dá um jeito de conseguir bolsas de estudos pra continuar estudando, mas não poderia jamais deixar de fazer tudo o que mandavam na casa. Depois a única saída daquele inferno era casar, então aos 16 ela se casa. A vida melhorou consideravelmente, ela conseguiu um bom emprego e como costume, sustentava o marido e os sogros. Os três que decidiam tudo. Tudo o que ela desejava, os três se reuniam e depois ela era informada da decisão. Mesmo ela sustentava todo mundo, ela era submissa a eles, como era o costume. Ela convence o marido que seria bom viver na Inglaterra, a Nigéria ainda era posse da Inglaterra. A família se reúne sem ela, concorda, mas o marido iria primeiro. O marido iria estudar lá e a esposa iria sustentá-lo como já fazia Na Nigéria.
Obra Triplas (2020) de Olaoluwa Smith

Na Inglaterra a situação se agrava. Adah agora tem dois filhos e grávida do terceiro. Continua trabalhando e sustentando a casa. Como no Brasil, é muito difícil alugar quartos quando se tem crianças. O marido só estuda, o que até isso eu duvido. Ele passa a espancá-la, manipulá-la. Ela só consegue se libertar dele bem depois e descobre que está grávida do quinto filho. A história segue então no livro que mencionei aqui.

Obra Dançarinos Africanos (1963) de Ben Enwonwu

Trecho de Cidadã de Segunda Classe de Buchi Emecheta:

“Adah rompeu em prantos. Por quê? Qual era o problema?, quis saber o grande homem. Os médicos chegaram a conclusão de que era depressão pós-parto. Adah não conseguia parar de chorar. Não queria parar porque poderia cair em tentação de contar a verdade a eles. Poderia cair em tentação de lhes contar que pela primeira vez na vida detestava ser quem era. Por que ela não podia ser amada como um indivíduo, do jeito que a mulher composta estava sendo amada, amada pelo que era, e não apenar por ser capaz de trabalhar e passar adiante o dinheiro, como uma criança comportada? Por que ela não podia ser abençoada com um marido como o daquela mulher que tivera de esperar dezessete anos pela chegada do primeiro filhinho? O mundo inteiro parecia desigual, tão injusto. Algumas pessoas eram criadas com todas as coisas boas prontinhas à espera delas, outras apenas como enganos”.

Beijos,
Pedrita

14 comentários:

  1. Acredito que seja um livro super interessante de ler
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    Cumprimentos poéticos.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Já quero conhecer esta autora rsrs. Mas me dá até raiva me deparar com os efeitos do machismo e outras cretinices.

    Beijo

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  3. Interesting story and good review. Have a nice day.

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  4. Nunca ouvi falar desta escritora, gostei do excerto.

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  5. Uau!!! Parece-me uma história de tirar o fôlego Pedrita. Fiquei intrigada com o comportamento da Adah.

    Um abraço pra ti!

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  6. Olá, Pedrita.
    Fiquei curiosa em ler a obra dessa autora.
    big beijos
    www.luluonthesky.com

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  7. Deve ser muito impactante, revoltante e triste. Ainda ando muito sensível então provavelmente me acabaria em lágrimas. Um livro necessário principalmente na atualidade onde vemos o machismo tão forte e real em vários aspectos 😢.
    Suas fotos estão cada vez mais encantadoras ❤ apaixonada por esse marcador 😍 bjus Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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    1. luli, eu ando sensível demais tb. eu amo esses marcadores de tapetinhos.

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