terça-feira, 26 de abril de 2022

Terremotos

Assisti a peça Terremotos no Teatro Sesi. Fiquei e continuo muito impactada. O texto é de Mike Barlett. Em 2010, o talentoso diretor Marco Antônio Pâmio assistiu a uma montagem desse texto em Londres, arrebatou-se pelo espetáculo e comprou os direitos da peça. 

Fotos de Priscila Prade

São inacreditáveis 30 artistas no palco, o elenco impressiona, só grandes atores. Com as dificuldades dos tempos atuais, são raros os espetáculos com mais de 3 pessoas em cena, imaginem 30. O texto aborda muitas questões. Duas tramas centrais se misturam, os problemas climáticos e seus impactos e a família de um cientista interpretado por Luiz Guilherme e suas três filhas em conflitos diferentes. Virgínia Cavendish faz uma dessas irmãs, ela é política e tenta vetar a expansão de aeroportos pela popularidade que o ato fará, não pela questão ambiental. Ela está com o casamento em crise, seu marido é interpretado pelo ótimo Fernando Pavão. A outra irmã é Bruna Guerin. Regina Maria Remencius faz a funcionária do cientista, ela se anula completamente para viver a vida dele.
A peça fala muito das relações humanas, ou desumanas, atuais. Em uma cena absurda, a funcionária, com a ótima Martha Meola, há 15 anos na empresa, será demitida. A equipe faz uma vaquinha e dá uma cafeteira. Além de ser um presente pavoroso, a funcionária fica indignada de imaginar que ninguém sabe que ela não toma café. Funcionários invisíveis.

Incríveis as cenas de dança com coreografia de Marco Aurélio Nunes. De repente surgem movimentações intensas, em uma belíssima trilha sonora. Gosto muito das projeções criadas por André Grynwask e Pri Argoud.

O que mais me impactou foi a trama da grávida. Uma linda jovem interpretada pela incrível Paloma Bernardi, em um personagem absurdamente complexo que fala de muitos, mas muitos tabus. Ela não deseja a criança. O marido resolve viajar, ela não sabe pra onde ele vai e fica sozinha. Ela ouve que um terremoto vai acontecer uns dias depois. Ela passa a peça peregrinando, procurando o que ela nem sabe o que e pedindo ajuda a tudo e a todos. Ela liga pras irmãs, pro marido, mas ninguém pode, ninguém tem tempo, é de cortar o coração. Até que ela chama todos em uma ponte e vocês já imaginam o desfecho. Arrasador! Nunca deixem de ouvir os chamados.


Beijos,
Pedrita

14 comentários:

  1. Acredito que seja uma peça de teatro muito interessante de assistir
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    Deixando um abraço.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Olá, tudo bem? Agradeço a dica. Preciso retomar a minha rotina cultural. Bjs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  3. Oi Pedrita, a que vontade que eu estou de ir a um teatro. Ainda não fui nesse retorno pós pandemia. Gostei da peça.
    beijos
    Chris


    Inventando com a Mamãe / Instagram  / Facebook / Pinterest


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  4. Parece muito interessante. Faz tempo que não assisto a um trabalho impactante assim.

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  5. Boa noite Pedrita. Obrigado pela dica.

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  6. Deve ser muito impactante e bastante desconfortável essa colocação da invisibilidade e da falta de humanidade no ambiente corporativo. Muito necessário o debate.
    Levo já a indicação.
    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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    1. luli, é incrível, é só reservar o ingresso no site.

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  7. Peça fod@ demais! Amei a trilha e tô querendo descobrir qual a música meio estilo ópera que rola na cena da Maya sendo erguida e a cenografia em tons quentes de vermelho e laranja... Put@ trilha sonora, bicho!

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    1. sim, impressionante mesmo. uma música é
      Dog Days Are Over de florence e machine

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