O marcador de livros é magnético e parte de uma obra de Tomie Ohtake
Buchi Emecheta (1944-2017) escreve parte da sua história nesse livro de nome original Na Vala, misturada a ficção. Conta a história que viveu em um condomínio miserável na Inglaterra com seus 5 filhos. Vala era o buraco no colchão que um filho ficava no apartamento anterior que era lotado de ratos. Um assistente social consegue outro apartamento. As vizinhas acham o lugar ruim que ela iria, mas ela fica muito feliz com o apartamento porque agora tem um banheiro. O anterior o banheiro era coletivo. Imagine usar um banheiro coletivo com 5 crianças.
Obra de Joseph Eze
O estilo da autora é impressionante, que qualidade de texto. No condomínio ela trabalhava de dia em um museu e estudava sociologia à noite. A assistente social a procura, os vizinhos reclamam que ela deixa os filhos sozinhos. E claro, o preconceito e a curiosidade fazem eles quererem saber o que ela faz toda noite. A autora acaba falando muito de preconceito, miséria. Ela não queria largar o emprego e viver do dinheiro social, queria ter dignidade, trabalhar, mas as regras na Inglaterra a impedem. Ela sente que nunca mais vai sair daquele lugar de dependência e miserabilidade. A assistente social arranja jovens pra cuidar dos filhos dela à noite.
Obra de Akpokiere Karo.
Apesar da hostilidade inicial dos vizinhos, ela acaba se adaptando e tendo apoio. Quando o condomínio vai ser desativado ela reluta demasiadamente em se inscrever para outros apartamentos. Buchi fala muito da situação da mulher. Ela casou aos 16 anos e foi viver com o marido na Inglaterra, vieram os cinco filhos e a separação. Ela se vê sozinha para criar os filhos e estudar. O olhar sociológico, dos estudos, estão em seu texto, há um olhar aprofundado dos fatos que é muito impressionante. É daquelas obras que eu fico querendo que todo mundo leia, por ser tão fundamental.
Obra de Rufus Ogundele
Trecho de No Fundo do Poço de Buchi Emecheta:
“A polícia não podia
fazer muito por uma esposa espancada. Às vezes parecia que o matrimônio, além e
ser uma maneira dos homens conseguirem sexo gratuito quando quisessem, também
uma forma legalizada de cometer agressões e sair impunemente”.
Os pintores são nigerianos como a autora.
Os pintores são nigerianos como a autora.
Beijos,
Pedrita
Nunca ouvira falar da autora, pesquisei e descobri que tem 2 livros editados em Portugal, com títulos diferentes e publicados em 2000 e 2002.
ResponderExcluircarlos, eu descobri pq os vendedores q me mostraram. é incrível. foi uma surpresa e tanto. q qualidade de texto e de observação.
ExcluirOlá Pedrita
ResponderExcluirAinda não li nada dá autora.
Creio que essa obra deve ser fascinante, uma vida tão difícil, mas vivida com dignidade e esforços para melhorar as condições básicas e formação.
E com olhar ao mesmo tempo realista e sensível.
Já anotei aqui a indicação.
Bjs Luli
https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br
luli, é incrível, fico querendo indicar pra todo mundo essa obra.
ExcluirGosto quando as pessoas marginalizadas ou sujeitas a dificuldades especiais escrevem sobre os seus problemas. Foi por isso que gostei do livro da Carolina de Jesus (Quarto de despejo). O livro resenhado vai na mesma direção e parece ser bem mais explícito e um pouco mais complexo. Vou ver se o encontro.
ResponderExcluirBeijo
marly, quero muito ler quarto de despejo. mas realmente o fato da autora ter cursado sociologia dá um olhar bem interessante sobre essa vida invisível.
ExcluirDeve ser interessante esse livro.
ResponderExcluirbig beijos
lulu, muito impressionante.
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