sexta-feira, 26 de julho de 2024

Ervas Secas

Assisti Ervas Secas (2023) de Nuri Bilge Ceylan no TelecinePlay. O filme já começou arrastado e tinha mais de três horas de duração. Fiquei na dúvida se insistiria, mas vi que é muito elogiado. Continuo me perguntando qual o motivo. 


Um professor dá aulas em um lugar ermo, exageradamente frio e retrógado. Eu tenho uma certa dificuldade em lidar com culturas muito diversas. Sim, o Brasil é machista, mas a estrutura turca sempre me incomoda demasiadamente. Tanto que há poucas mulheres no filme. O filme é masculino. Até tenta mostrar que não é atrasado, mas não convence. Esse professor é denunciado por assédio por alunas. Eu confesso que no começo já me incomodei. Ele abraça e anda abraçado com uma linda jovem, sua aluna adolescente. E a presenteia com um espelho. Achei um espelho um presente íntimo demais, imagine naquela cultura. E o presente foca na beleza da jovem. Ele como professor de uma comunidade tão atrasada, precisava estimular o conhecimento nelas, não as características femininas. Tinha que estimular a liberdade delas. Os professores não podem escolher onde lecionam e só pode pedir transferência depois de um tempo. É um país sem liberdade.

Ele conhece uma jovem que perdeu parte da perna por uma bomba. Ele e o amigo começam a disputá-la. Ele fica sozinho com ela e eles tem uma conversa muito esquisita. Ela acusa ele não fazer nada pra mudar o país, mas ele é professor. Quer algo mais revolucionário que lecionar? Mas o roteirista não acha isso. E o roteirista é capacitista também. Ela diz que a condição dela impede dela lutar, de ser ativista. Mas os dois podem escrever, livros, artigos. Nada impede dela com a palavra ser ativista. Um deles se envolve com ela e é horrível depois. Os dois amigos são horríveis com ela. Fora ela e as crianças, não há mulheres no filme. São invisíveis. Os diálogos são só entre homens, com a perspectiva deles. A única mulher que tem um pensamento mais aberto é equivocada, com texto escrito pro homens, não tinha como ser diferente. Não entendi porque aplaudiram o filme. As críticas elogiosas são de homens.
 
Beijos,
Pedrita

10 comentários:

  1. Não verei este filme, pelo jeito, tem tudo que eu detesto. Obrigada pelo aviso, rsrs.

    Beijo e bom fim de semana

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  2. Pra ter 3 horas precisaria ser muito bom e pelo visto nao é o caso...

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    1. sergio, exato, tem que ter conteúdo. são horas de tempo que nada acontece.

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  3. Sua análise levanta pontos importantes sobre as diferenças culturais e o impacto que elas podem ter na percepção de um filme. A crítica ao machismo e à falta de liberdade na Turquia é válida, e o comportamento do professor pode realmente parecer problemático dentro desse contexto. É compreensível que essas questões possam afetar a forma como o filme é recebido, especialmente quando há uma desconexão cultural. No entanto, a recepção crítica positiva pode refletir uma valorização da complexidade da trama e dos personagens, mesmo que não ressoe com todos os espectadores.

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    1. melody, então, os mesmos críticos q li são cruéis com filmes brasileiros infinitamente superiores q esse. mas um diretor consagrado, ah, aí tem q falar bem né? o filme é imperdoavelmente machista. mesmo eu tentando respeitar os limites culturais desse país retrógado.

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  4. Brigaduuuuuuuuuu com a ajuda pra acessar o blog ❤

    Não conhecia esse filme.
    Confesso que 3 horas tem que ser muito bem roteirizado pra prender a atenção.
    E essa pegada machista e culturalmente diferenciada provoca um ponto de interrogação enorme.
    Esse vou deixar no finalzinho da lista 😕

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    1. luli, brigada vc, pq me procurou voltei a pesquisar e desvendei o mistério. espero que meu amigo consiga atualizar o dele agora. sim, 3 horas só incrível. esse arrasta a maior parte do tempo.

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  5. Respostas
    1. liliane, sim, é irritante. pena mesmo pq a fotografia é deslumbrante.

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