Assisti Free Zone (2005) de Amos Gitai no Telecine Cult. Eu gosto bastante desse diretor e amei esse filme. É um roteiro muito feminino elaborado pelo próprio diretor e por Marie-Jose Sanselme. Free Zone é uma co-produção entre Israel, França, Bélgica e Espanha. Começa com uma música incrível sobre a compra de um cordeiro. A frase da música é repetida várias vezes até que o gato come o cordeiro, repetem várias vezes novamente até o cachorro comer o gato e assim a música vai. É muito interessante como o roteiro é exatamente assim, cíclico, como se não houvesse saída para a cadeia do desenvolvimento, ainda mais em povos em eterno conflito.
Começa com a personagem da Natalie Portman chorando muito em um carro tocando a música. A dor dela é tão sentida que eu me emocionei junto. Mas nós não sabemos porque ela chora e não vamos ficar sabendo nunca. Aí ela fala com uma outra mulher que está no carro, que ela deseja sair daquela cidade. A mulher disse que tem que ir a Jordânia, fala que é uma viagem difícil, mas a outra insiste. Vemos então a cena da fronteira, a dificuldade para conseguirem passar. Não há liberdade e facilidade para transpor outro país. Com muita dificuldade elas conseguem passar. E na Jordânia conhecem a terceira guerreira. Não sabemos muito das história das três, mas me surpreendi com a coragem dessas mulheres. As três várias vezes tiveram que começar do zero as suas vidas, sofreram violentamente, perderam tudo várias vezes e nunca, mas nunca desistiram de lutar. Uma é americana, outra israelense e a última palestina, todas as três com vidas difíceis. A israelense inclusive é uma sobrevivente de Auschwitz. As duas outras atrizes são Hanna Laszlo que está maravilhosa e que ganhou por sua belíssima interpretação o prêmio de Melhor Atriz, no Festival de Cannes e Hiam Abbass. Me surpreendi de ver nos créditos o nome da maravilhosa Carmen Maura, ela aparece nas imagens sobrepostas das memórias da taxista que é a sogra da americana.
Gostei muito da técnica de mostrar a memória das duas, como todos nós em estradas, acabamos lembrando momentos de nossas vidas. Esses momentos vem superpostos a cena da estrada. Brilhante! Mas são poucas memórias. Só mesmo da israelense que conhecemos mais detalhes porque ela conta para a americana. Gostei demais de Free Zone, é um filme incrível sobre pessoas corajosas que lutam para conseguirem sobreviver e não tem medo dos conflitos da região que vivem. Elas vivem os seus cotidianos com coragem, e os conflitos, apesar de serem uma eterna ameaça, vivem ao largo de suas vidas. Os conflitos que elas enfrentam são muito mais de pessoas em crises do que de países em crise, como a do rapaz que põe fogo em toda a propriedade do pai por revolta familiar.
Beijos,
Pedrita
Pedrita, eu acho que a gente acaba de adaptando á realidade, por mais adversa que ela seja. Como estas pessoas que vivem em locais de conflitos frequentes. Acabam levando uma vida "normal" mesmo com o medo de uma bomba cair na casa rodeando suas mentes.
ResponderExcluirComo a gente aqui no meio da guerra urbana. Se fomos parar para ter medo nem saímos mais de casa, nem vivemos mais.
Beijos
Não assisti :( Beijão.
ResponderExcluirficou legal sua dissecada no filme! Ha tempos precisava add seu link ao meu blog....estou corrigindo este erro.
ResponderExcluirLembro-me que quando este filme do Gitai ia sair em Cannes, na Cahiers du cinema eles disponibilizaram a sequencia do choro inteira no site pra ver...
Confesso que minha expectativa pelo filme foi maior que o filme é...mas mesmo assim ele me agradou muito!
Assino embaixo de tudo o que você disse. Esse filme merecia ter repercurtido muito mais, é genial.
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