domingo, 30 de novembro de 2008

Fantasma Sai de Cena


Terminei de ler Fantasma Sai de Cena (2007) de Philip Roth pela Companhia das Letras. Na época da escolha do último vencedor do Nobel de Literatura, li um texto no Paisagens da Crítica que esse autor seria o mais cotado. Depois li várias matérias sobre os decisores do Nobel, sobre a literatura americana e quis muito ler esse autor que vários críticos achavam imprescindível. Quando fui a Livraria do Sobrado, comprei esse. Nessa livraria só haviam dois livros desse autor, não sabia qual escolher, peguei esse. E é simplesmente maravilhoso! Eu estou lendo outra obra mais extensa, mas como fui viajar, gosto de livros mais fáceis de carregar. Com as demoras nos aeroportos, li essa obra em dois dias.

Obra A Ring Image (2008) de Robert Mangold

Fantasma Sai de Cena começa como um livro qualquer. Um homem já com uma certa idade vive em uma pacata cidade. Ele resolve retornar a Nova York para um tratamento de incontinência urinária. De repente o livro se transforma e fiquei absolutamente perplexa. Começa a ocorrer uma mistura de fatos, que geram sentimentos diversos, uma gama enorme de questionamentos internos nos impactam. Parece haver delírio, realidade, começamos a não saber o que é verdade ou imaginação, absolutamente fantástico! O texto do Philip Roth me arrebatou completamente que esse autor entrou para a lista dos meus preferidos.
Obra Brushstrokes (2008) de Sol LeWitt

Nosso protagonista chega em uma Nova York anos após o atentado de 11 de setembro. É uma Nova York amedrontada, agressiva e complexa. Um casal jovem que ele se aproxima o convida para acompanhar a próxima eleição e ficam indignados que Bush se reelege. Nosso protagonista não se interessa mais por política e é muito cobrado por isso. Philip Roth nos coloca aos poucos a ironia desse casal que fica possesso que Bush ganha, mas que não tem fonte de renda própria e vive do dinheiro da família da esposa que vota em Bush, vive do petróleo e é tudo o que eles abominam. A velhice é outro tema recorrente, bem como a prepotência, o sensacionalismo, a literatura, a arte de escrever livros e uma crítica feroz aos americanos alienados. É um texto muito complexo!
Obra Lepanto (2001) de Cy Twombly
Anotei alguns trechos de Fantasma Sai de Cena de Philip Roth. Na verdade marquei as páginas para escrever as frases quando voltasse de viagem:
“Fazia onze anos que eu não ia a Nova York.”

“A gente vai embora enquanto os outros – o que não é de estranhar – continuam onde estavam, fazendo o que sempre fizeram; e, quando voltamos, ficamos surpresos e por alguns momentos emocionados de ver que eles continuam lá, e também tranqüilizados pela idéia de que existe alguém passando a vida inteira no mesmo lugarzinho, sem nenhuma vontade de sair dali.”

“Uma biografia, Nathan. Eu não quero isso. É uma segunda morte. É mais uma maneira de pôr fim a uma vida, encerrando toda uma vida em concreto, pra sempre. A biografia é uma patente de uma vida .”
Todas as telas são de pintores americanos contemporâneos.
O Paisagens da Crítica tem uma resenha sobre Fantasma Sai de Cena.

Música do post: Madonna




Beijos,

Pedrita

10 comentários:

  1. Excelente, Pedrita.

    Daqui alguns dias, publicarei uma pequena resenha sobre "O Animal Agonizante" e o filme "Fatal", baseado nesta pequena novela de Roth.

    beijo.

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  2. Também li no "Paisagens da Crítica" esse texto sobre o Philip Roth. Aqui os críticos alemaes também votavam no Roth. Fica para a outra vez...

    Conheco os quadros modernos deste post, que sao fantásticos.

    Feliz 1º domingo de advento.

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  3. Oi Pedrita, muito bom post sobre o Philip Roth e seu livro, principalmente sobre o fato de você mencionar um ponto que me passou um pouco despercebido ( por incrível que pareça, pois os personagens não se impunham ao tema ), o do casal obcecado por Bush, pois quando li o livro me ative mais à questão da velhice. Caso você ainda não tenha lido recomendo o "Homem Comum" com tradução de Paulo Henrique Britto também da Companhia das Letras; diferentemente do livro "O Fantasma sai de Cena" cujo ponto motivador da narrativa ( na minha forma de ver )é a velhice; em "O Homem Comum" o tema recorrente é o da morte. Enfim, está de parabéns, inclusive pelo fato de me alertar pelo que deixei passar em minha leitura, obrigado por me relembrar; e também pela menção da obra de Robert Mangold e Cy Twombly; bjs Marco

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  4. Como é um Nobel de Literatura, o autor está na minha lista. Adorei os quadros e a música da Madonna.
    Denise

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  5. Quero muito ler. Também está na minha lista. Realmente quando somos obrigados a ficar em algum lugar esperando, a melhor opção é um livro.

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  6. Pois é... Eu acho os americanos muito malucos! Um patriotismo muito alienado, uma forma de agir e pensar diferente de qualquer outro povo... Eu hein!

    Além de uma ignorância enorme.

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  7. Pedrita, já ouvi falara muito dele mas ainda nao li nada. Vou olhar com cuidado...parece ser muito bom.

    Um beijao e boa tarde!

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  8. milton, vou acompanhar.

    ematejoca, eu não conhecia esses pintores, achei na busca pela data do lançamento do livro e país.

    marcos, fiquei com vontade de ler outros desse autor.

    dê, na verdade alguns acham, mas ele não ganhou ainda.

    ana maria, o tempo voa com um livro na mão.

    tati, o philip roth é americano, bem como o altman, há muitos americanos brilhantes. mas concordo que a escola é bem massificante, eles ignoram bastante o mundo todo e ficam muito centralizados no próprio umbigo.

    georgia, achei fascinante!

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  9. Olá Pedrita!
    O Philip Roth é um daqueles escritores americanos que infelizmente ainda não entrou na nossa casa, apesar dos seus livros estarem a ser editados no nosso país com regularidade. E o teu texto aguçou-nos o apetite, decididamete chegou a altura de tambem nós o descobrirmos.
    Beijinhos
    Paula e Rui Lima

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