quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Lucien Leuwen

Terminei de ler Lucien Leuwen (1835) de Stendhal. Esse é um livro inacabado do autor que foi publicado postumamente em 1894. Também essa obra não tem conclusões, só anotações de como talvez viesse a ser o final. Tanto que em um momento, a amada de nosso protagonista, resolve procurá-lo em Paris, mas depois não ficamos sabendo se ela foi e aparece uma outra mulher encantada com ele. Nosso protagonista é um anti-herói. Eu comprei esse livro em um sebo, está esgotado no Brasil. Só é possível encontrar o importado em francês pra comprar. Ou alguma edição em um sebo. É da Editora Francisco Alves, e na abertura eles relatam o nosso protagonista como um homem engajado. Eu não sei, ele é muito anti-herói e egoísta para o meu gosto. Ele parece só buscar os seus próprios interesses em detrimento do coletivo. E muda completamente a cada vento para alcançar seus interesses particulares. Ele também fala que não liga para o dinheiro, mas é filho de um banqueiro, tem um emprego como militar que lhe dá uma confortável fonte de renda e mal trabalha. Assim é fácil dizer que não se importa com dinheiro.

Tela Salão de Alfred Emilien Comte de Nieuwerkerke de Auguste François Biard
Ele ainda vive almejando estar nos salões mais cobiçados da sociedade e só se interessa por mulheres ricas. Tanto que apesar dele trabalhar graças ao pai na política, ele só passa a se interessar pelas manipulações do voto, quando se desentende de forma banal com o prefeito, quer duelar, é impedido pelos seus superiores. Aí ele começa uma verdadeira batalha pra denegrir o prefeito e fazer ele perder votos. Sem nenhum interesse político, só por picuinhas pessoais. O texto de Stendhal é sempre ágil, inteligente e com muitas nuâncias. Stendhal escreve maravilhosamente, mas eu não costumo me apaixonar por seus livros.
Obra The Horse Fair (1867) de Rosa Bonheur
Anotei vários trechos de Lucien Leuwen de Stendhal, vou selecionar alguns:

“Lucien Leuwen foi expulso da Escola Politécnica por ter ido passear inoportunamente num dia em que, como todos os seus camaradas, estava confinado: foi na época de uma das célebres jornadas de junho, abril, ou fevereiro de 1832 ou 1834.”

“Como se vêem, as conversas ali não eram apropriadas ao carreirismo e a conquistar belas posições. Apesar desse inconveniente, que afastava muita gente, cuja falta aliás, não se sentia havia uma grande avidez por ser admitido no círculo da Sra. Leuwen. Seu salão estaria na moda, se ela quisesse torná-lo acessível; mas era preciso reunir muitas condições para ser recebido ali.”


“Olhava os lanceiros e sentia-se arrebatado de alegria e admiração. Ali estavam os companheiros de Napoleão; ali estava o soldado francês! Examinava os mínimos detalhes com um interesse ridículo e apaixonado.”

“O tempo voava rapidamente para o nosso herói. Mas os amantes são tão felizes nos momentos em que estão juntos que o leitor, em vez de simpatizar com o quadro dessa felicidade, fica com ciúmes e geralmente se vinga dizendo: “Deus do céu! Como este livro é enfadonho!”



Música do post: Gounod-Romeo et Juliette



Beijos,

Pedrita

8 comentários:

  1. "Um romance é como um arco de violino, a caixa que produz os sons é a alma do leitor".

    Stendhal

    E tem razão.

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  2. Do Stendhal só li "O vermelho e o negro" e faz tanto tempo que não me lembro da história.
    Denise

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  3. Ah... Ele não se importa com dinheiro, mas só quer mulher rica...

    ¬¬

    Um abração!

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  4. Nao li o Lucien Lewen. Do Stendhal só me lembra de ter lido: "O Vermelho e o Negro".
    As imagens e o texto estao, como sempre, perfeitos.

    O que a Pedrita diz, e muito bem, é exactamente o que acontece comigo. Nao acredito que a evolucao e a fé sejam compatíveis, entao, procuro, e encontro muitas pessoas, que confirmam o que eu penso.
    Aceito, no entanto, todas as pessoas, que acreditam que a ciencia e a fé podem conviver juntas.

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  5. gostei desse post... alias, fiquei curiosa sobre esse livro... Vou ver se acho por aqui... Estou acabando (pela segunda vez) o 'The pillars of the Earth", entao se achar, quero ler Stendhal...
    Obrigada pela dica...
    Beijocas!

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  6. Olá Pedrita

    Gostei de ter estado aqui, vou voltar. Não conhecia esta obra, mais uma que terei de procurar, mas sabe o que eu faço quando começo a ficar enfastiada com determinada leitura? Digo, desculpe, gosto de outras obras suas, mas esta fica para melhor altura. O autor não leva a mal e eu vou tendo outro olhar sobre as coisas e depois volto a pegar no livro.
    Sim, os gatos têm todos as suas manias, cada um melhor do que o outro e eu acho-os fascinantes.

    Beijinhos
    Isabel

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  7. quintela, é verdade.

    dê, eu tb li faz tempo o vermelho e o negro. lembro que tinha uma estrutura semelhante ao maravilhoso ilusões perdidas do balzac.

    tati, tb achei q ele adorava a boa vida e fazia tipo hehe.

    ematejoca, achei que as imagens tinham bem a ver com o momento do livro e foram por pintores do país que o livro foi publicado. obrigada. e suas visões sobre esse tema complexo do post do seu blog me agradam muito.

    renata, eu vi que alguns sebos tem. mas é um livro raro e difícil de achar em português. em francês é fácil, mas com preço salgado.

    isabel, realmente, tem momentos que não estamos receptivas a ler uma obra e é melhor deixar pra outro momento mais propício. eu tb amo gatos.

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  8. Olá Pedrita!
    Esta obra respira literatura por todos os poros, tal como "O Vemelho e o Negro" o nosso livro favorito do autor.
    Beijinhos
    Paula e Rui Lima

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