sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Anjo Silencioso

Terminei de ler O Anjo Silencioso (1949) de Henrich Böll. Peguei esse livro emprestado da minha irmã. Nós começamos, há uns anos, a ler ao menos uma obra de ganhadores de Prêmio Nobel, Heinrich Böll é mais um autor. Amei! Esse livro foi publicado postumamente e no Brasil saiu pela editora Estação Liberdade, essa dessa foto maravilhosa! No início parece um livro de ficção. Em meio a escombros um homem acha um anjo, imagina que seja algo refinado, uma obra de arte, mas percebe tirando a poeira que não é nada menos que algo de muito mal gosto. Como o autor, nosso protagonista volta a sua cidade após o fim da guerra. Sua cidade está destruída. Ele não é um herói de guerra, muito pelo contrário. Passou o período do confronto trocando de identidade.

Obra de Hans Hartung

A cidade é só escombros, todos vivem na mais profunda miséria. Não há comida. Alguns cansados nem saem de casa para tentar algo pra comer, se deixam levar pela letargia. É um livro triste, desesperançoso, onde as pessoas tentam, sem vontade, viver. O estilo de escrita de Henrich Böll é fascinante!

Obra Ohne Title (1922) de Georg Muche

Anotei a primeira frase de O Anjo Silencioso de Henrich Böll:


“O clarão do fogo vindo do norte da cidade era suficientemente forte para que ele pudesse reconhecer as letras acima do portal: “...cent-Haus”, leu, e subiu com cuidado pelos degraus; vinha luz de uma das janelas do porão, à direita da escada, hesitou por um momento e procurou ver algo através da vidraças sujas, depois continuou a andar devagar, ao encontro da sua própria sombra, que subia ao longo de uma parede intacta e crescia e ficava mais larga, um fantasma débil com braços balouçantes, que inchava e cuja cabeça já havia despencado para o nada, por sobre a borda do muro.”
Música do post: P. Hindemith - FUNERAL MUSIC for Viola and Orchestra


Beijos,

Pedrita

9 comentários:

  1. Pelo seu relato, parece ser, de fato, um livro bastante interessante. Se bem que o Nobel está para a literatura assim como o Oscar está para o cinema: não quer dizer muita coisa, a não de sorma bastante relativa.

    Abraços.

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  2. A capa é realmente muito linda!!
    Gosto de histórias assim, acredita?
    Que me fazem pensar e refletir na condição humana.
    Bj

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  3. não tenho mais coração para esse tipo de literatura! a tristeza me faz mal....

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  4. Sei lá, a descrição da cidade "que é só escombros e onde todos vivem na miséria" me lembrou o Haiti. Tenho a sensação que na vida e na literatura, a vida se repete. Mas deve ser porque nestes tempos estamos contaminados pelo enfoque midiático, que tb não é o melhor ângulo para se ver o mundo. Um beijo e bom domingo!!

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  5. Henrich Boll é de Colônia (Alemanha) e ele descreve o que aconteceu com a cidade na 2a guerra mundial. Colônia foi totalmente destruída por um bombardeio e o único edifício que ficou em pé foi a catedral. Quando estive lá, comprei um cartão postal com foto depois do bombardeio. É impressionante!
    Denise

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  6. moacy, nas tags aqui do blog com os livros de autores q ganharam nobel só há livros incríveis.

    la socière, acho que vai gostar.

    dê, um desses pintores nasceu na colônia e viveu nesse período. outro pintor judeu de colônia perdeu todas as suas obras. podem ter sido confiscadas pelos alemães de hitler, mas algumas podem ter ido embora nas destruições.

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  7. Acho que esse livro daria um bom filme...nao sou muito chegada a esse tipo de leitura, sei lá...

    Bjao

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  8. Respostas
    1. o blog me ajuda muito na minha memória. um bom acervo.

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Cultura é vida!