terça-feira, 28 de junho de 2016

Dôra, Doralina

Terminei de ler Dôra, Doralina (1975) de Rachel de Queiroz. Comprei em um sebo de uma edição do Círculo do Livro, de capa dura vermelha, com pó de ouro em cima, não desse capa da foto. Parecia que nunca tinha sido lido, que pena, as páginas grudadas e impecáveis. Adoro essa escritora! E que livro maravilhoso! Não tinha ideia que era tão extenso, é dividido em três partes. As páginas são finas e a letra miúda.

Obra Estação de Carros no Sertão (1859) de José dos Reis Carvalho

Inicialmente li O Livro da Senhora. Senhora é a mãe de Dôra, Doralina. A filha nunca a chama de mãe, sempre de Senhora. A relação das duas não é boa. Dôra conta que se chama Maria das Dôres, de uma promessa da Senhora, mas a promessa não era para a filha e sim para a Senhora. Dôra detesta o nome Maria das Dores, todas as chamam de Dôra. Ela gosta de Doralina que é como o pai que mal conheceu a chamava. Ela e a Senhora tem uma pequena propriedade. Dôra herdou uma parte do pai e a gananciosa Senhora a outra parte. A Senhora arranja um casamento para a filha com um homem mais velho. Dôra não sabe se o que vive é felicidade, mas tem uma relação cordial com o marido oportunista. Até descobrir um grande segredo da Senhora e do marido. Logo depois o marido é achado morto, talvez um acidente. Dôra vende o pouco que tem e vai para a cidade grande.

Obra de Clóvis Graciano

Na cidade Dôra ajuda na pensão de um parente onde conhece uma companhia de teatro e passa a fazer alguns serviços lá também. Com a partida de uma atriz convidam Dôra para substituir a atriz que partiu. Dôra sempre teve um temperamento muito prático, não acha que a vida de artista seja boa, já que todos vivem em dificuldades financeiras, mal ganham para o seu próprio sustento. Mas a companhia acaba insistindo e Dôra segue com eles com outro nome, um nome artístico. Segue então o segundo livro, O Livro da Companhia.

Obra de Josinaldo Barbosa

A Companhia pega um navio para ir pelo Rio São Francisco se apresentando até chegar no Rio de Janeiro. Lá Dôra conhece o Comandante e eles se apaixonam. Começa então O Livro do Comandante. O Comandante era um homem como ela, de personalidade forte, decidido. Boa parte do trabalho dele era de contrabando. Estamos na época da guerra, ele então consegue mercadorias, até mesmo penicilina clandestina que pagam a peso de ouro. Dôra vive muito feliz com ele. O círculo se fecha quando Dôra volta para onde nasceu, agora só com os empregados envelhecidos, tentando recuperar a subsistência da pequena propriedade rural. Amei a riqueza dos personagens, tantas nuances, não óbvios. É fascinante a capacidade de Rachel de Queiroz de relatar os fatos, esmiuçar os cenários, tudo rico e apaixonante. Entre as melhores obras que li. Vai deixar saudade!

As pinturas são todas de brasileiros. A primeira é de um cearense, estado que começa Dôra, Doralina e rural já que ela vivia com a Senhora em um sítio. A seguinte é de pintor brasileiro que pintou expressões culturais. Por último, um artista que pintava o Rio São Francisco.

Beijos,
Pedrita

22 comentários:

  1. EU também adoro essa escritora, pois sou uma pessoa que prefere livros escritos por homens. Sem essa de feminismo ou machismo, é preferencia simples e nada mais. Adorei também "O QUINZE" e "O memorial de Maria Moura".
    As suas ilustrações dessa postagem estão espetaculares. Amei todos!

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    1. fatima, eu não divido livros escritos por gêneros. eu gosto de bons livros. rachel de queiroz é incrível. e eu sou feminista com muito orgulho. não concordo com as opiniões da rachel sobre feminismo.

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    1. fatima, as outras partes da entrevista estão lá no youtube.

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  3. Essa autora é fantástica. Sempre genial essa Rachel de Queiroz.
    big beijos
    www.luluonthesky.com

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  4. Olá Pedrita
    Rachel de Queiroz é mesmo uma escritora maravilhosa.
    Não li esse livro, gostei demais da sua resenha, gostei do livro ter tres partes, interligadas e costuradas entre si. Os personagens bem construidos instigantes devem ser daqueles com os quais a gente faz amizade enquanto lê e depois sente saudades.
    A narrativa deve ser envolvente e fluída.
    Qd vc diz que o livro é novinho e provavelmente nunca deve ter sido lido, fico triste, sou daquelas que gosta de livros que tem até anotações, fico pensando em como foram cuidadosamente retirados os quotes de suas páginas e a importância que teve na vida dos que o leram.
    Ahhh amei seu penúltimo desktop é muito fofis <3
    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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    1. luli, eu tb fico triste com livros nunca lidos. ainda mais qd percebo que a edição é antiga e nunca foi degustado, folheado, muito menos lido.

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  5. Não sei se está editada em Portugal, mas nunca ouvira falar de Rachel Queiroz, a obra parece interessante.

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    1. carlos, nas biografias falam que os livros de rachel de queiroz foram editados em vários países. mas se foi no passado, se ainda é, onde foi. não faço ideia. quem sabe vc localiza.

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  6. Hello, Pedrita!
    Ótima escolha, eu tbm adoro a Rachel de Queiroz!

    Beijinhos ♥

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  7. Olá, Pedrita.
    Não conhecia esse livro da Rachel, mas fiquei bastante curioso. Parece ser uma leitura enriquecedora.
    Ótima dica.

    Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de junho. Serão quatro livros e dois vencedores!

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  8. Estou com o Memorial de Moura me aguardando na estante. Logo Lerei. Abraços.

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    1. carlos, que maravilha, eu amo memorial de maria moura.

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  9. Na verdade, li muito pouco de Rachel.

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    1. ruby, é fascinante. infelizmente praticamente ignoram rachel de queiroz nos livros obrigatórios do vestibular. nas sugestões em escolas.

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  10. Que postagem excelente, Pedrita!!!! Adoro seu blog. Vim procurar um bom filme e antes acabei achando mais um bom livro pra ler.Beijos

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    1. anamaria, que bom que gostou. eu fiquei encantada com os artistas que localizei para ilustrar o post.

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  11. Tenho e li 2 livros de Rachel de Queiroz.
    Gosto dela, sim.
    Mas acredita que não lembrava nada desse livro?

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