O formato do documentário é muito inteligente e bem realizado. Começa com as mulheres contando e desenhando em uma lousa como era a estrutura da Torre das Donzelas. Com essa informação, a produção construiu o cenário. Então o documentário se divide com os relatos de algumas delas nesse espaço, outras em entrevistas particulares e em pequenas simulações com atrizes jovens, raramente aparecendo os seus rostos.
Algumas contam que logo que eram presas passavam por desaparecidas e que isso dava muito medo já que passavam a não existir dentro do sistema prisional, portanto os militares poderiam fazer o que quisessem com elas que eram severamente torturadas e algumas mortas. Elas foram presas na década de 60. A Torre das Donzelas ficava no Complexo Tiradentes que foi demolido na década de 70. Elas comentam que na época que foram presas, a ditadura militar ainda prendia pessoas, depois não prendiam mais, torturavam, matavam e desapareciam. Era um alívio pra elas quando eram fichadas, porque passavam a existir. Tinha uma grávida no local que precisava ser levada por duas pessoas quando ia ao banheiro que era uma fossa. Ela conta a tensão que era esse momento já que passavam ratos e baratas na fossa.
A comida vinha do Carandiru e os bichos mortos boiavam em cima. Elas passaram então a pedir para familiares alimentos, o pouco que vinha elas processavam, faziam sopas, a maioria ficou com uns 34 a 39 quilos. O documentário coloca elas contando suas experiências. Uma, em entrevista isolada, conta que algumas ficaram amigas dela, mas outras não gostavam que ela chorava, que revolucionário não chora. Outra conta que assim que chegaram o lugar era fétido e imundo. Que ela e outra arquiteta modificaram a disposição das beliches, fazendo umas camas, espaços de convivência. Elas pediram material de limpeza. Tanto que os militares levavam pessoas para ver a prisão de vez em quando, para mostrar o quanto eles tratavam bem os prisioneiros, sendo que a Torre das Donzelas era limpa e cuidada pelas presas, não pelos militares. Elas também contavam que volte e meia algumas delas eram levadas para serem torturadas. Quando voltava elas cuidavam não só dos machucados, mas do emocional, inclusive do emocional do grupo que ficava muito abalado.
No final passam as fotos de todas elas com nome, profissão e se tem filhos e netos. Duas faleceram e estão in memoriam. Sim, Dilma Roussef foi presa na Torre das Donzelas e dá depoimentos. Ela é entrevistada isoladamente. O documentário ganhou os prêmios Menção Honrosa no Santiago Del Estero Film Fest, Melhor Documentário no Atlantidoc, Melhor Direção de Documentário e Melhor Documentário pelos júris oficial e popular no Festival do Rio, de Melhor Filme pelo júri popular na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e do Prêmio Especial do Júri no Festival de Brasília. Torre das Donzelas vai passar essa semana no Canal Brasil e está disponível no Now, Programas de TV, GNT, gnt.doc.
Beijos,
Pedrita
Acredito que seja um documentário muito interessante de assistir.
ResponderExcluir.
Saudações amigas
rikardo, é histórico, faz reparação histórica.
ExcluirNão vi! :)
ResponderExcluirBeijos boa tarde!
cidália, é muito bom.
ExcluirDocumentário histórico e necessário.
ResponderExcluirBeijo
marly, exatamente.
ExcluirO blog é extremamente cultural
ResponderExcluirAcho que vou passar por aqui mais vezes
svetlana, é sim, é sobre a minha vida cultural. agora em isolamento vai se concentrar mais em eventos pela tv e livros.
ExcluirPedrita, gosto muito dos documentários sobre essa época negra da nossa história. Esse, ainda não assisti. Mas agora não é o momento, para mim, diante da situação estressante em que estamos vivendo.
ResponderExcluirheloisa, não é um bom momento pra ver mesmo. eu só vi pq aguardava muito esse documentário. temos que contar a história.
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