terça-feira, 16 de junho de 2020

Eu Sou um Gato... de Natsume Soseki

Terminei de ler Eu Sou um Gato... (1905) de Natsume Soseki da Estação Liberdade. Ganhei esse livro e o marcador de uma amiga. Foi bem estranho ler um livro escrito por um homem depois de vários de mulheres e ainda de um homem oriental do início do século passado. 

Na capa a obra Cem vistas de Edo (1857) de Utagawa Hiroshige

Obra Towada Lake Nenokuchi (1933) de Hasui Kawase

Logo no início um gatinho filhote sobre uma violência. Um adolescente o pega e fica brincando de modo violento e depois o arremessa longe da família ao lado de um lago. O gatinho procura um abrigo e entra em uma casa, é enxotado várias vezes pela empregada, mas retorna. O dono vê e diz que se o gato quer ficar que fique. Essa relação antiquada e pavorosa com animais me horroriza. O gato passa a ser o narrador da obra então, ele nos relata o que vê, como uma pessoa, entende tudo o que os humanos falam e até filosofa. 

Obra Flor de Cerejeira de Toyohara Chikanobu

É a primeira obra de Soseki e foi publicada em capítulos na revista Hototogisu, então cada capítulo praticamente se encerra. Mesmo que seja o período que o gato vive nessa casa, há uma história contada e fechada a cada capítulo. Sarcástico e espirituoso, o autor critica a intelectualidade japonesa, já que o dono do gato é um professor. Vários autores são mencionados e a edição coloca todos os detalhes e referências. Machistas, os japoneses só diminuem e desqualificam as suas mulheres. O professor trata muito mal a esposa. Tanto a esposa, bem como seus filhos, são praticamente invisíveis, quando são mencionados é para fazer alguma crítica. Só as gueixas são enaltecidas, bem compreensível, já que as gueixas são educadas para agradar aos homens e atender aos seus desejos. 


Obra de Kobayashi Kiyochika

O gato nem nome tem. Inicialmente ele tem dois amigos gatos de casas vizinhas. Engraçado quando uma família visita o professor, e o gato resolve conhecer a rica casa deles. Até então o gato gostava de sua casa, mas quando conhece uma casa luxuosa, espaçosa, passa a olhar com desdém a casa que vive. Odiei o final.
Beijos,
Pedrita

18 comentários:

  1. Olá, querida Pedrita!
    O marcador é lindo, amo gatinhos!
    Eu gostei da resenha.

    Beijinhos ♥

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    1. andréa, ao vivo é mais lindo ainda. tem muitos detalhes.

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  2. Nunca ouvira falar do autor, compreendo alguns itens da relação com gatos, ou não gostasse muito destes felinos e convivesse com uma em casa.

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  3. Muito tempo atrás me recomendaram esse livro e - por alguma razão - a recomendação foi ignorada. Na época eu andava interessada na literatura japonesa. Agora me veio o desejo de o ler, rsrs.

    Beijo

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  4. Muito interessante.
    Quero acreditar que eles pensam como nós.
    Bjs

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    1. liliane, achei bem estranho o gato filosofando e falando de obras literárias. acho que prefiro os gatos gatos hahahahahahhaha

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  5. Gostei da sua publicação...Obrigada!
    -
    Escrevo ao anoitecer, quando me visitas

    Beijos e uma excelente noite! :)

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  6. Penso que nunca li nada desse autor.

    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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  7. Hummmmmm fiquei preocupada.
    Tenho gatilhos com maus tratos aos animaizinhos e você disse que não gostou do final. Fiquei pensando se colocaram o coitado do gatinho na rua outra vez ou coisa pior :/
    Título/capa/marcador ultra fofoludos.
    Fiquei com dó que o bichano é maltratado e não tem n0me.
    Esse negócio de machismo também me deixa roendo unhas de raiva.
    Mas vou levar a indicação fiquei curiosa com esse livro.

    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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    1. luli, melhor não ler hahahahaha, vai ficar com muita raiva. o marcador é demais. ao vivo mais lindo ainda.

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  8. " Tanto a esposa, bem como seus filhos, são praticamente invisíveis, quando são mencionados é para fazer alguma crítica. " Eu não tinha reparado, mas é verdade. No começo esperava uma historia em que o gato dominaria o coração dos habitantes da casa, começando pelas crianças. As mulheres que n eram quase invisiveis, Eram mulheres babacas. No final, confesso que rir um pouco daquele copilado de frases atacando as mulheres kkkkkk... (Se alguma mulher da minah vida souber disso, eu vou para cruz kkk. Eu sei. DESCULPE! )

    A respeito do professor tratando mal a esposa, Eu pensei que haveria alguma redenção... mas nadica. Bate a cara. Nenhuma frase de consolo.

    Não sei se é porque não tenho muitos amigos ou fui influenciado psicologicamente a gostar do livro (três livros que li faziam referencia ou mencionava esse livro do autor, Acabei ficando curioso! ARGG.. x.x)... Mas... foi muito prazeroso ver os encontros na casa do professor... E escutar as historias exageradas do Meitei ou a confusão envolvida com Kangetsu kkkk (Gostei dele contando do violino tbm, fiquei aflito ). Me senti numa roda de amigos;

    O final tentei levar pelo lado filosofico, algo como...Deixar as coisas fluirem ao inves de lutar contra elas. Mas odiei ter acontecido aquilo.
    Futuramente, daqui uns meses... Eu vou tentar ler novamente o livro para ver se tiro uma conclusão melhor.

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    1. é cultural no brasil idealizar a cultura oriental e suas obras ignorando o machismo, infelizmente. se olhar só do prisma masculino e os personagens masculinos pode-se até achar interessante, mas as mulheres como objetos da casa não tem como não se incomodar.

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Cultura é vida!