quarta-feira, 6 de março de 2024

Americanah de Chimamanda Ngozi Adichie

Terminei de ler Americanah (2013) de Chimamanda Ngozi Adichie da Companhia das Letras. Eu queria muito ler esse livro depois de um comentário de um conhecido, só que lendo descobri que ele falava de outro livro, acho que ele confundiu o autor. Mas amei a obra! Eu comprei esse na pandemia, na Festa do Livro da USP virtual, com 50% de desconto. Demorei pra ler porque a obra é muito extensa, 513 páginas em letras pequenas. Eu já tinha lido dela Hibisco Roxo, que comentei aqui e tinha gostado muito! Americanah foi vencedor do National Book Critics Circle Award. E eleito entre os melhores livros do ano pela NYTimes Book Review.
 

O marcador de livros é da exposição Tim Burton no MIS

Obra Chinaza (2022) de Ganiyat Abdulazeez

 A obra é uma saga com a vida da nigeriana Ifemelu. Ela é de classe média, se apaixona na escola por Obinze. Na universidade, há conflitos políticos no país e por isso muitas greves de professores. Como a tia de Ifemelu estava nos Estados Unidos, ela consegue o visto e vai estudar lá. Obinze fica de encontrá-la depois. Ele nunca consegue o visto. O livro começa com Ifemelu nos Estados Unidos se organizando pra voltar a Nigéria. Está estabelecida, trabalhando, estudando, com namorado, mas ela quer voltar.

Obra Shantavia Beale de Kehinde Wiley

É nos Estados Unidos que Ifemelu conhece o racismo. É lá também que passa a escrever em um blog e acompanhamos alguns textos. Ela relata fatos que presenciou, questões curiosas que viu. Ela não nomeia as pessoas que menciona, mas os separa em categorias. Negro americano, negro não americano, e vai mostrando as diferenças. O blog dela fica muito conhecido e ela passar a dar palestras. Ela comenta que o negro americano sempre acha que seus descendentes foram reis e rainhas, porque desconhecem os seus antepassados, já que foram escravizados. Ela já conhece seus descendentes que em geral são pessoas comuns, como seus pais. O texto do livro é muito inteligente. Em alguns momentos até eu me incomodava com uns comportamentos meus que ela relata no blog, falando de uma dona de casa de uma casa em que ela trabalhou. Na Nigéria Ifemelu não trabalhava, só estudava. Nos Estados Unidos ela precisa trabalhar para se sustentar no país, enquanto estudava, trabalha como babá e alguns outras funções. O racismo nos Estados Unidos é parecido com o do Brasil. Embora aqui sempre teve casamentos e envolvimentos interraciais, desde a escravidão, muitas questões vividas por Ifemelu acontecem aqui. Obinze consegue ir para a Inglaterra, mas depois de um tempo é deportado algemado por ser imigrante ilegal.
Obra Pão Nosso de Cada Dia de Grace Ighavbota

No final do livro ela retornou a Nigéria, muito tempo depois. Nos Estados Unidos ela teve relacionamentos. Na Nigéria Obinze está casado. Fiquei só curiosa como Ifemelu vai lidar com o trabalho de Obinze. Ele enriqueceu porque entrou em esquemas fraudulentos no setor imobiliário. Ifemelu tem dificuldade de se readaptar, tanto que entra em um grupo de nigerianos que voltaram ao país. A sensação de não-pertencimento, seja nos Estados Unidos e na Nigéria são bem aflitivos. O texto é incrível, vários olhares, pontos de vista. Um livro e tanto.
Beijos,
Pedrita

12 comentários:

  1. Li esta obra há vários anos e efetivamente é um excelente romance. Curiosamente a autora demonstra que existe racismo em toda a parte e raças. Igualmente os pormenores que ela descreve no blogue ao nível dos cabelos e depois na Nigéria sobre os branqueadores de pele e a corrupção são uma denúncia de tantos males transversais onde se tende culpar apenas o outro. Uma autora corajosa de dizer tanto que há para dizer e não se diz por pressões do politicamente correto ou de assunção de culpas do passado que as gerações atuais não têm de carregar.

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    1. carlos, sim, é complexo. realmente não teve medo de denunciar a corrupção na nigéria.

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  2. Comprei este livro na época do lançamento no Brasil. A minha filha o leu antes de mim e gostou. Li e gostei também. É um livro importante por várias razões (na minha opinião). Talvez um dia eu faça a resenha dele também.

    Beijo e bom fim de semana

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    1. marly, sim, tem tantas camadas, impossível ler e não ficar revirado por dentro.

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  3. Já li Hibisco Roxo (e amei a narrativa da autora), mas ainda não li Americanah.
    Eu amo esses roteiros detalhados, a diversidade, os vários olhares e diferentes pontos de vista.
    É impressionante essa coisa do não pertencimento.
    Resenha espetacular.
    Lindas demais as imagens que ilustram seu texto.
    Com certeza quero muito ler Americanah!

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    1. luli, são bem diferentes os dois, hibisco fica em uma cidade da nigéria. americanah é do mundo. duas artistas são nigerianas, exceto uma que é americana como uma parte do livro.

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  4. Boa tarde de sexta-feira e bom final de semana. Feliz Dia Internacional da Mulher, minha querida amiga Pedrita.

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  5. Deve ser interessante esse livro.
    big beijos
    www.luluonthesky.com

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  6. Então essa confusão acabou sendo ótima pra voce, Pedrita!

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    1. sergio, eu queria ler de qq forma, mas vc tem razao. antecipei a compra.

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