sexta-feira, 7 de maio de 2010

Moll Flanders

Terminei de ler Moll Flanders (1722) de Daniel Defoe. Eu tinha comprado esse livro há bastante tempo em um sebo, muito tempo mesmo, das primeiras levas e nunca li. Quanto tempo eu perdi para descobrir essa obra surpreendente. Agora quero ver o filme. Eu não queria fazer mais nada e só ler, é fascinante, aprendi muito com essa personagem apesar do livro ser ambientado em outra época e com outros costumes. Nossa protagonista é abandonada pela mãe, tem a sorte de ser educada por uma mulher que cuida de crianças abandonadas na igreja, essa senhora ensinava tudo e Moll Flanders sabia que o aprendizado era para ser futuramente doméstica. Não havia outro destino para meninas praticamente órfãs e sem dote. Ela desde pequena chora muito dizendo que não quer ser doméstica, que quer ser uma dama da sociedade e sensibiliza a mulher que a educa e consegue ter um destino melhor. Pensei o quanto não conseguimos o que desejamos se nós aceitamos o nosso destino sem lutar para um caminho diferente. O dessa personagem não é tão nobre assim, mas ela sempre luta por algo melhor.


Obra Sir Nathaniel and Lady Caroline Curzon de Arthur Devis

Moll Flanders não tem um bom destino, mas ela nunca aceita aquilo que lhe foi designado. Essa obstinação que me fez apaixonar por essa personagem. E isso é incrível nessa obra, mesmo nossa protagonista cometendo premeditadamente muitos desatinos, sempre torcemos por ela. Que escritor! As negociações que essa personagem faz são uma aula de diplomacia, objetivo, foco e determinação. Ela faz tudo pausadamente, calculadamente para alcançar o seu objetivo. Pode até não conseguir, mas Moll Flanders é uma aula de negociações. Ela negocia inicialmente casamentos, mas os passos calculados podem muito bem ser usados em qualquer transação profissional.


Obra Portrait of Master Edward and Miss Mary Macro, the children of Revd Dr Cox Macro de Peter Tillemans

Moll Flanders mostra muito a péssima condição da mulher, mesmo que hoje tenha mudado, eu penso nas adolescentes que engravidam. Elas perdem o ano na escola, enquanto os pais do garoto assumem financeiramente a criança, portanto o rapaz não tem obrigações, continua nas escolas, de vez em quando visita a mãe do seu filho, mas a gravidez não interfere muito em sua vida, a ponto de ter uma estatística que os rapazes continuam engravidando moças depois. Enquanto as adolescentes têm sua vida virada do avesso, muitos planos abandonados, muitas responsabilidades muito cedo, e eu penso que a situação das mulheres não mudou muito.

Obra Ophelia de John William Waterhouse

Anotei alguns trechos de Moll Flanders de Daniel Defoe:
Até quis anotar outros, mas como queria continuar a leitura, perdi os trechos.

“Meu verdadeiro nome é bastante conhecido nos arquivos ou registros das prisões de Newgate e Old Bailey, e certos processos de maior ou menor importância relativos à minha conduta pessoal encontram-se ainda pendentes. “

“Este relato pode servir para mostrar às moças que a vantagem não está tanto do outro lado quanto os homens imaginam, embora possa ser verdade que os homens têm muito mais possibilidade de escolha do que nós. Encontram-se por aí, certas mulheres desonradas que se vendem por um preço vil, sendo de fácil acesso, esperando apenas serem solicitadas, eles a encontrarão entre as mais inacessíveis; aquelas que não são assim pertecem à espécie das que têm tantos defeitos, uma vez casadas, que antes serviriam de advertência em favor das mulheres difíceis, que de estímulo aos homens para andarem atrás de mulheres fáceis e esperarem que esposas dignas lhes acorram ao primeiro sinal.”

Tanto os pintores como o compositor são ingleses como Daniel Defoe e criaram suas obras no mesmo período que esse livro foi concebido.



From Mata Hari e 007
Beijos,









Pedrita

7 comentários:

  1. Pedrita eu tambem gosto deste tema....

    ResponderExcluir
  2. Pedrita, adorei sua resenha.

    Nnca li nada desse autor, mas estou sempre encontrando alguém na blogsfera que o cita. Adorei a mulher forte que vc nos apresentou neste teu post.
    E concordo contigo qdo vc faz a comparacao com as adolescentes de hoje em dia totalmente sem direcao e objetivo na vida.

    Sabe por que? Falta leitura na vida dessas meninas. Se elas lêssem iriam descobrir um outro mundo e nao se deixar usar.

    Bjao e bom fim de semana

    Adoro ler uma resenha sua, acho que vc detalha tao bem...parabéns!

    ResponderExcluir
  3. Engraçado, li bastante Defoe na faculdade, mas não tenho lido ele ultimamente e olha que ele já foi um dos meu autores de cabeceira (favoritos) rs.
    Vou verificar se já li este porque os trechos não são estranhos pra mim, mas dez anos não são exatamente aliados da minha memória e olha que ela nem é tão ruim assim, viu? rs
    Bom domingo pra você...

    ResponderExcluir
  4. Oi Pedrita!
    Gostei dessa sua resenha. Não conhecia essa obra ainda mas a personagem já me conquistou. Um ótimo domingo pra você e sua família.
    Bjs

    ResponderExcluir
  5. georgia e roseli, eu acho q vcs vão adorar esse livro.

    lunna, eu só li esse.

    ResponderExcluir
  6. Cara Pedrita
    Temos que confessar que nunca lemos este livro,
    Beijinhos
    Paula e Rui Lima

    ResponderExcluir
  7. 'Moll Flanders' é bom, mas 'Robinson Crusoe' consegue ser ainda melhor.

    ResponderExcluir

Cultura é vida!