Terminei de ler Minha infância na Prússia (1993) de Marion, Condessa Dönhoff da Editora 34. Minha irmã que me emprestou. Marion é uma jornalista que resolveu contar o período áureo de sua infância na Prússia que era uma província alemã. É estranho ver aquela vida de uma certa forma pacata, cheia de luxos e imaginar que todos perderam tudo após a guerra. Imaginar que depois podemos não mais ter o nosso lar, que um país deixou de existir pelas mãos da Alemanha nazista. É estranho achar na internet que ela foi uma jornalista alemã. Não, não foi, ela nasceu sim na Prússia. Estranho acabar um país e mais estranho depois de desaparecer ser ignorado como país de nascença.
Novamente vemos os exageros de empregados da nobreza desse período. Muitos filhos. Me surpreendi com a distância que eles tinham dos pais. Quando Marion fala de sua infância comenta a enorme saudade do convívio com os seus irmãos e com os empregados. Eu anotei um trecho onde ela comenta que moravam em outro andar, que viam os pais muito pouco e eram os empregados que estavam sempre com eles. Eles andavam muito a cavalo, caçavam, tinham títulos de nobreza. Marion conta como eles armazenavam os alimentos no inverno, como juntavam o gelo para conservar, já que não havia geladeira. A Prússia era um país muito frio, com invernos muito rigorosos, nos dá agonia quando ela viaja dias e dias a cavalo para fugir da invasão nazista. É possível verificar nos trechos que anotei valores e regras que não conhecemos.
Anotei vários trechos da obra Minha infância na Prússia de Marion, Condessa Dönhoff:
“Em geral, a hierarquia era observada com tanto rigor nos níveis inferiores quanto entre os dignatários da corte. A cozinheira jamais faria uma refeição com as criadas da cozinha, ou a castelã, a senhorita Schikor, com as domésticas, que tinha sob suas ordens; a cozinheira e a castelã sentavam-se à mesa numa sala especial à qual apenas a camareira de minha mãe tinha acesso e, ocasionalmente, um ajudante solteiro do administrador, o chamado eleve. Os três jovens cocheiros subordinados ao cocheiro-mor também faziam as refeições no castelo e tinham uma mesa própria – no entanto, apenas num local de passagem.”
“Convenção, o conceito que uma geração posterior combateu com tanta veemência – o convencional tornou-se o superlativo de tudo o que é vazio, superficial e fútil – era algo determinante para minha mãe e seu tempo. Para mim, a forma, no sentido de estilo, parecia muito importante, mas a convenção não; e já bem cedo também eu desenvolvi uma resistência contra ela. Só depois de ver o quão insegura as pessoas ficam sem convenções é que se aprende a valorizá-las.”
“Convenção, o conceito que uma geração posterior combateu com tanta veemência – o convencional tornou-se o superlativo de tudo o que é vazio, superficial e fútil – era algo determinante para minha mãe e seu tempo. Para mim, a forma, no sentido de estilo, parecia muito importante, mas a convenção não; e já bem cedo também eu desenvolvi uma resistência contra ela. Só depois de ver o quão insegura as pessoas ficam sem convenções é que se aprende a valorizá-las.”
“Violação à honra eram inadmissíveis. O divórcio, por exemplo, estava absolutamente fora de questão para oficiais e altos funcionários e acarretava a perda do cargo.”
“As crianças, pelos menos nós três, os filhos mais novos, quase não víamos nossos pais; eles viviam lá embaixo, nós vivíamos em cima com a babá, comíamos sozinhos, brincávamos sozinhos. À noite, minha mãe subia para as orações, e quando havia convidados tínhamos que descer para dizer boa noite.”
Música do post: Prussian Military Song - Hohenfriedberger_Marsch
Gostei muito desse livro. A escrita é ágil e a leitura prazeirosa. Li que Marion era doutora em economia e morreu aos 92anos de idade.
ResponderExcluirDenise
Oi Pedrita.
ResponderExcluirAchei esse livro muito interessante. Quero ler ...
A biblioteca já comprou mas ainda não está disponível.
Bjs.
Elvira
Gosto de saber como era a vida em outras épocas e países. O livro deve ser bem interessante. E deve ser muito maluco o país em que você nasceu deixar de existir. Impressionante como isso é uma coisa comum nos dias de hoje, o mapa anda mudando com muita rapidez.
ResponderExcluirBeijos
dê, bacana. ela tb escreveu outros livros.
ResponderExcluirelvira, eu gostei muito.
marion, tb tenho curiosidade em conhecer vidas e estruturas de vida de outros países. e realmente é estranho vermos um país desaparecer. não conseguimos nem imaginar algo assim.
Já anotei a dica do livro.Engraçado, eu já tinha pensado sobre essa questão da nacionalidade de quem nasce em países que não existem mais...deve ser estranhíssimo!
ResponderExcluirBeijos!
Bom dia,Pedrita!
ResponderExcluirSe me permitir e necessário fazer uma correção na sua seguinte afirmativa: " já que seu país foi incorporado pela Alemanha na Segunda Guerra Mundia" A Prússia Oriental não foi incorporada pela Alemanha Nazista, ela fazia parte da Alemanha, era uma Província Alemã. A Prússia deixou de existir por determinação das potencias vencedoras da guerra, que decidiram expulsar mais de 14 milhoes de alemães dos territórios que ficavam a leste do Rio Oder/Neisse. Compreendiam as os Territorios da Pomerania, Prussia Oriental e Silesia. Esses territórios eram habitados ha seculos por alemães. Eles tiveram que deixar tudo que tinham para trás.A maiora teve que fugir a pé ou de carroça a uma temperatura de menos de 25º a baixo de zero. No lugar deles vieram os poloneses que ocuparam esses territórios. Os poloneses fizeram de tudo para apagar os vestígios da cultura alemã naqueles territórios. Saudações.Alexandre
obrigada, fiz a correção.
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