quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Escrava Mãe

Assisti a novela Escrava Mãe (2016-2017) de Gustavo Reiz na TV Record. Não segui, acompanhei. Complementei com os resumos na internet e os resumos do capítulo antes ou depois. Cheguei inclusive ficar um bom tempo sem ver. Produção caprichosa, excelente elenco, foi uma nova experiência para a TV Record. A Casablanca, uma empresa terceirizada, realizou toda a novela em Paulínia, entregou o produto pronto. Foi inclusive um certo stress já que a novela demorou a entrar no ar e os atores se viram presos, sem poder aceitar outros trabalhos. Mas finalmente estreou.

Gostei de vários personagens. Tenho acompanhado o trabalho da Gabriela Moreyra, linda e talentosa. Foi incrível sua interpretação, até porque a novela anda bastante no tempo. No início, uma adolescente cheia de sonhos, depois uma mulher em luta pela liberdade e pela realização do seu amor. Adorei o português que fez par romântico com ela, Pedro Carvalho, igualmente lindo e talentoso. Há vários segredos em Escrava Mãe e ele traz vários. Ele tenta descobrir a história do pai que foi morto. 

Diferente de muitas novelas sobre escravidão, Escrava Mãe mostrou os negros como lutadores, revoltados de sua condição, com quilombo ativo que aparece várias vezes, inclusive indo atacar os engenhos. Começou na África na festa de casamento da mãe da Escrava Mãe. Lindo o capítulo, muito bem realizado. Chegam então os algozes, eles lutam muito, mas são presos e trazidos de navio negreiro ao Brasil. Aqui alguns conseguem fugir e viver um tempo na floresta, mas o capitão do mato os localiza. Juliana, a Escrava Mãe nasce, a mãe entrega para um garoto que leva a menina a uma fazenda. 

Lá ela é tratada com muito amor por essa família, como se fosse mais uma filha, mas claro, sem alforria, é tudo uma farsa como acontecia muito nas fazendas. Fingiam que o negro era livre, para maltratá-lo caso tivesse um único pensamento livre. Ironicamente a única personagem negra conformada é interpretada por Zezé Motta, logo ela que é tão batalhadora pela igualdade. Mas ela explica sempre a Juliana que o melhor é se conformar. Ela é praticamente uma mãe para Juliana, e sabe que se a menina se rebelar vai sofrer muito na mão de seus donos. Ela é submissa por medo, não porque aceita a sua condição.

Um grande mistério foi a chegada da Condessa, adoro essa atriz, Adriana Lessa. Ela envia para o vilarejo, para preparar a sua chegada, o seu lacaio Tozé, interpretado pelo Cássio Scapin. Adoro esses atores. Eles interagiam com o núcleo cômico, mas também tinham seus segredos. Jaime Periard interpretou um vilão. Uma graça a família da Belezinha, e que graça essa atriz Karen Marinho, gosto muitos dos atores que fizeram os pais dela, Cézar Pezuolli e Adriana Londoño, mas esquisito ser índia a mãe. Não me identificava muito com o núcleo cômico ligado a Jardineira, nem a repetitiva e cansativa rivalidade entre duas grandes atrizes Luiza Thomé e Jussara Freire. Apesar que adorei o romance da dona da Jardineira com o capitão, interpretado muito bem por Junno Andrade. O elenco todo era muito bom: Sidney Santiago, Raphael Montagner, Luiz Guilherme, Marcelo Escorel, Elina de Souza, Robertha Portella, Débora Gomez, Marcelo Batista, Manuela Duarte e Mariza Marchetti.

Incrível a personagem da Esméria interpretada brilhantemente por Lidi Lisboa. Começou ela escrava e invejosa da boa vida da Juliana, uma escrava de dentro e tratada como se fosse filha. Depois ela é a irmã da condessa, fica rica e inicialmente, deslumbrada, quer escravos ao seu serviço, como acontecia muito com escravos que mudavam de status. Nova transformação, ela passa a lutar para libertar a irmã escravizada por uma artimanha do poder e a lutar pelos escravos.

Como adorava o casal Atíla e Felipa. Adoro esses atores Milena Toscano e Léo Rosa. Os dois são grandes defensores do fim da escravidão. 

Adoro Ana Roberta Gualda e belo personagem. Ela é a bela Sinhazinha Tereza, que manca e tem que casar com Almeida, apesar de amar e ser amada pelo filho do coronel rival. Linda a canção tema dela. O pai achava que ela sendo manca não ia conseguir um partido e arranja um casamento com o filho de um amigo dele, sem saber o quanto esse pretendente é mulherengo, boa vida e mal. Os dois rivais são atores que gosto também  Fernando Pavão e Rober Gobeh. O pai da Sinhazinha morre logo no começo e é outro ator que adoro Antonio Petrin.

Eu torcia muito pelo romance de Beatrice e Tito Pardo. Adoro esses dois atores que estavam excelentes Bete Coelho e Nill Marcondes. Tito Pardo mostrou o lado cruel dos patrões, o patrão dele sempre prometeu alforria, o que faziam muito para conseguir obediência. Só que quando faleceu, no testamento disse que Tito Pardo só teria alforria após a morte da esposa. Quanta crueldade. Percebi que não estava previsto os dois ficarem juntos, mas se fosse uma novela aberta, pode ser que ficassem. Esse foi um dos problemas de Escrava Mãe, ser uma novela pronta, sem poder ter mudanças. Uma pena, perdeu muito com isso, não podendo mudar conforme o gosto do público.

A novela tinha um formato antiquado, o que fazia com que eu não quisesse acompanhar. Como muitos produtos da emissora, enrolavam o que podiam. Thaís Fersoza estava incrível, mas suas maldades eram uma repetição só. Na chamada do parto da Juliana diziam que seria em um capítulo, quando fui ver, parou no que a chamada mostrava, mas o parto mesmo ficou para o dia seguinte. Não sei como essa tática velha ainda segura o público agora com tantas opções. E essa prática cometeu os mesmos erros de novelas antigas, enrolou o que pode, mas no último capítulo deixou todos os segredos em um atropelo só. Deixando algumas tramas no ar como a história da Felipa, entre outras. Se tivessem modernizado, os segredos iam sendo revelados semanas antes, para que algumas tramas tivessem desfechos longos e belos antes da trama principal que ficaria só para o último capítulo.

Muito inteligente colocar Escrava Isaura para suceder Escrava Mãe. Foi uma bela produção da TV Record, com elenco incrível. Mas ficou gritante a diferença de qualidade técnica. Eram as primeiras novelas na TV Record, com aqueles figurinos pavorosos. Ficou bem chocante logo após uma produção tão bonita como a Escrava Mãe. E ficou mais estranho porque em Escrava Mãe surge uma Isaura, mais de costas, com um belíssimo cabelo e lindíssimo figurino, ficou meio estranho, mas como marketing funcionou muito bem. Leopoldo Pacheco teve em Escrava Isaura um de seus grandes personagens.
Beijos,
Pedrita

16 comentários:

  1. Sei que ainda o público de novelas é enorme, mas eu não tenho a mínima paciência para acompanhar.

    Bjos

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  2. Muito bom saber que Produtoras podem(e devem) fazer novelas, como fazem filmes e peças de teatro.
    Que se abre mais e mais oportunidade para equipes.
    Não tenho acompanhando novelas mas amo as novelas da Globo.

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    1. liliane, foi uma experiência nova e pelo jeito deu certo. tb adoro as novelas da globo, mas só estou gostando atualmente de rock story.

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  3. Gosto mto do Cássio, assistia os infantis com ele na Cultura, bjos http://anaherminiapaulino.blog.uol.com.br/

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    1. aninha, tb gosto muito do trabalho do cássio scapin. e o personagem dele era ótimo.

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  4. Olá Pedrita
    Assisti um pouco no começo pelo celular, depois não consegui mais acompanhar porque era bem na hora das aulas que precisava melhorar as notas :/
    Mas li alguns comentários da crítica dizendo que foi a melhor novela da Record.
    Concordo com vc que o estilo mais antigo não foi atrativo e que a obra deveria ser aberta, seria lindo O Tito coma Beatrice <3
    O Tito representou muitíssimo bem a crueldade dos patrões que prometiam a liberdade e não cumpriam, estavam com seus destinos atrelados aos desses homens desumanos, assim como na série Raízes o George.
    Lindos os casais Gabriela Moreyra & Pedro Carvalho, Milena Toscano & Leo Rosa <3
    Assisti uma parte do último capítulo e queria tanto que a Juliana ficasse com o Miguel e a pequena Isaura!!
    A Tereza ficou om o Guilherme???
    Qual era o segredo do quarto???
    Bjs Luli
    Café com Leitura na Rede

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    1. luli, eu vi pouco tb, mas acompanhava uma vez ou outra e nos resumos na internet. não achei a melhor novela, mas foi muito bem realizada. meio embromation demais pro meu gosto na trama. lindo casal mesmo.

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  5. Perdi... E adoro novelas históricas. Queria ter assistido. :(
    Beijos
    Adriana

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  6. Olá, Pedrita.
    Não curto muito novelas, mas essa parece ter sido interessante e ter recebido um trabalho todo especial.
    Ótima postagem.

    Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de janeiro. Serão dois vencedores, dividindo 4 livros.

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  7. Olá, tudo bem? Eu achei a novela pesada.... Como descrevi no meu blog. Eu prefiro A Escrava Isaura. E se bobear, atingirá mais audiência....Teve o mérito de ressuscitar a faixa para a teledramaturgia. Bjs, Fabio www.tvfabio.zip.net

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