Eu não costumo ler nada antes de ler, imaginava que Corações Sujos falasse dos imigrantes japoneses, mas não tinha ideia que no Brasil tinha tido o Shindo Rimei, um grupo que matava japoneses traidores, e para serem considerados traidores bastava eles discordarem que o Japão tinha saído vencedor na Segunda Guerra Mundial. Esses traidores eram os Corações Sujos. Claro, haviam outras questões que os faziam traidores, que realmente eram atitudes traidoras quando eles ajudavam a polícia traduzindo os depoimentos. O Brasil não ajudou nem um pouco nesse processo. Getúlio Vargas proibiu escolas japonesas, que viessem jornais do Japão, que ouvissem rádios do Japão, que eles cultivassem sua cultura. E esses fatores ajudaram e muito na crença de que era mentira que o Japão perdeu a guerra. A forma para prendê-los era tão insana como as dos adeptos do Shindo Rimei, bastava um japonês não acreditar que o Japão perdeu a guerra e era preso. Chegou uma hora que as prisões estavam lotadas de japoneses e os crimes dos adeptos do Shindo Rimei continuava.
Sempre me surpreendo o quanto estudamos pouco sobre a história desse país, o quanto conhecemos pouco de nossa história. Fico feliz que surjam livros que tentem diminuir um pouco essa nossa alienação histórica. Corações Sujos relata o número aproximado de japoneses que vieram ao Brasil em várias levas.
Trechos de Corações Sujos de Fernando Morais
“A voz rouca e arrastada
parecia vir de outro mundo.”
“Nos primeiros sete anos
de duração do acordo entre os dois países, o Japão despachou para o Brasil mais
3434 famílias – ou 14 983 pessoas. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em
1914, o fluxo migratório adquire um ritmo vertiginoso: entre 1917 e 1940 mais
164 mil japoneses se mudam para o Brasil, sendo que apenas 25 por cento deles
tomam o destino do Paraná, de Mato Grosso e de outros estados. A maioria decide
radicar-se em São Paulo.”
Hoje é um dia muito especial para o Mata Hari e 007, esse blog comemora 10 anos de existência. Dez anos que eu aproximadamente posto a cada dois dias sobre a minha vida cultural. O 007, meu amigo, apareceu muito esporadicamente nesses dez anos. Gostei de comemorar com um post de um livro tão importante, e que resgata um pouco da história desse país e que seja um post sobre algo do Brasil e brasileiro. Tenho orgulho de ser brasileira mesmo com todas as dificuldades de viver nesse país tão corrupto.
Beijos,
Pedrita