quarta-feira, 28 de maio de 2008

O País das Neves

Terminei de ler O País das Neves (1947) de Yasunari Kawabata da Estação Liberdade. Minha irmã que me emprestou esse livro. Há um tempo ela começou a procurar obras de ganhadores de Prêmio Nobel e eu gostei da idéia e tenho procurado e lido também obras desses autores. Yasunari Kawabata ganhou Prêmio Nobel em 1968. Eu gostei demais dessa obra, tive dificuldade de engatar no início já que o autor passeia pelo tempo e nos confunde. Aos poucos que os personagens vão se descortinando.

Obra Ocre: amplitude de Tikashi Fukushima

Nosso protagonista viaja para o País das Neves e lá conhece duas mulheres. Uma delas é uma gueixa, ele gosta de conversar com ela, da sua companhia. O País das Neves é um livro triste, sobre solidão, pessoas sem futuro que aceitam os seus destinos e tentam viver da melhor forma com eles. Só vamos conhecer um pouco melhor os personagens no desenrolar da trama. O interessante é que esse livro foi publicado em 1937, mas só dez anos depois o autor encontrou um final que lhe desse satisfação e publicou a última versão em 1947.

Obra de Yasuo Ishimoto

Eu sempre anoto trechos da obra que li, mas acabei achando trechos no site da editora que lançou o livro no Brasil. Vou colocar inicialmente os trechos que anotei e depois a selação da editora.

Trechos de O País das Neves de Yasunari Kawabata:

“Atravessava um longo túnel e lá estava o País das Neves.”

“Os dois pareciam marido e mulher, e podia-se notar que ele estava doente. No momento de uma doença, forçosamente, diminui a distância entre um homem e uma mulher. Quanto maior o cuidado e a atenção dispensados à pessoa, maior a impressão de que se trata de um casal. Na prática, para quem observa, um precoce gesto maternal de uma jovem que cuida de um homem mais velho também pode ser interpretado como próprio de um casal.”

Os da editora:

“Como o interior do trem não era muito claro, aquele espelho não era tão nítido quanto deveria ser. Ele não refletia bem as imagens. Por isso, enquanto Shimamura olhava compenetrado, foi se esquecendo da existência do espelho e começou a pensar que a moça flutuava na paisagem do entardecer. Foi nesse momento que os raios de sol, já tênues, iluminaram o rosto dela. O reflexo do espelho não era suficiente para apagar a claridade de fora, nem esta, forte o bastante para ofuscar a imagem refletida no espelho. A claridade passava como um relâmpago pelo seu rosto, mas não era suficiente para iluminá-lo. A luz era fria e distante. No momento em que o contorno de sua pequena pupila foi se iluminando, como se os olhos da moça e a luz se sobrepusessem, seus olhos se tornaram um vaga-lume misterioso e belo que pairava entre as ondas da penumbra do cair da tarde.” (p. 15)

“... sob a sombra de um beiral, cinco ou seis gueixas conversavam em pé. Shimamura pensou que Komako — nome artístico que ficara conhecendo graças à empregada da hospedaria naquela manhã — poderia estar por ali; de fato, parecendo perceber que ele se aproximava, seu semblante sério a distinguia das outras. Sem que houvesse tempo para Shimamura pensar que ela ficaria ruborizada, desejando que um vento desinteressado a refrescasse, o rosto de Komako já estava vermelho até o pescoço. Já que era assim, ela deveria ter ficado de costas, mas desviando o olhar, visivelmente incomodada, movia aos poucos o rosto na direção em que ele andava.” (p. 48)

“No entanto, ao pensar que Yoko estava naquela hospedaria, Shimamura, sem saber por que, sentiu receio de chamar Komako. Embora o amor de Komako fosse destinado a ele, sentia um vazio como se isso fosse mais um belo esforço em vão. Ao mesmo tempo, também sentia a vida que Komako tentava viver roçar nele tal qual uma pele nua. Compadecendo-se dela, também se compadeceu de si mesmo. Julgou que Yoko era possuidora de um olhar semelhante a uma luz que pungia tal situação, e, por algum motivo, se sentiu atraído por ela também.” (p. 114)
As ilustrações são de pintores japoneses do mesmo período do autor e o compositor japonês também.

Música do post: Toru Takemitsu: A Way a Lone

Beijos,

Pedrita

5 comentários:

  1. Olá Pedrita!
    Yasunary Kawabata é um dos grandes nomes da Literatura Japonesa, e deste lado do oceano lemos essa obra-prima intitulada "A Casa das Belas Adormecidas", uma edição "Assírio e Alvim", que possui uma intridução sobre o autor escrita pelo grande Yukio Mishima, caso haja por aí no Brasil, recomendamos a sua leitura.
    beijinhos
    paula e rui lima

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  2. Pedrita, que linda a capa do livro. Muito curioso o fato de o autor alterar o final do livro.
    Beijos

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  3. Oi Pedrita.

    No momento não quero ler nada triste.

    Ainda mais no inverno ... Me dá um baixo-astral ...

    Bjs.
    Elvira

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  4. Oi Pedrita!
    Vou procurar, quero muito conhecer autores orientais. Geralmente eu gosto de histórias tristes.

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  5. paula e rui, vou tentar ler esses então. gostei muito do autor.

    marion, é muito lindo!

    elvira, eu gosto de ver e ler filmes tristes que dirá no inverno, já que pelo menos as cobertas aquecem.

    camila, vc vai gostar, é lindo!

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