Nosso protagonista tem uma vida bastante difícil. Essa obra foi considerada um pouco biográfica, já que algumas narrativas lembram a vida do Maugham. Muitos acham a sua obra-prima e concordo plenamente. O protagonista perde a mãe no início do livro, ele é pequeno ainda e vai viver com o irmão de sua mãe, um pastor retrógado e sovina. Ele vive com pouco afeto, mas de forma correta. Achei que ele nunca ia se livrar da pressão religiosa que exercem sobre ele, queriam que ele viesse a ser um religioso, mas ele acaba convencendo os tios e passa então a tentar a vida de várias formas e em vários países.
Primeiro ele segue para a Alemanha onde estuda idiomas. Tenta ser contador em Londres, mas descobre não ter talento algum para os números. Segue para Paris onde vai estudar pintura. É lá que faz inúmeras visitas ao Louvre, conversas intermináveis sobre arte e literatura em bares. Esse período traz um texto tão rico que fiquei admirada. E a internet foi muito rica nesse processo. Ele fica admirado com a obra Olympia de Édouard Manet, com A Grande Odalisca de Ingres e a cada obra que mencionava eu vinha ao Google para vê-la. Portanto esse post não traz especificamente obras do país do autor e data de sua publicação, mas obras que são mencionadas durante a sua narrativa.
Após dois anos ele acha que não tem talento para a pintura e resolve estudar medicina. Servidão Humana me arrebatou e emocionou tanto, padeci com a trajetória difícil desse rapaz que viveu praticamente sem afeto. As relações amorosas no início não parecem muito românticas, são vistas sempre como algo ruim, destruidor e medíocre. Quando ele é amado ele não ama. E ele ama quem o despreza. Como se o amor não fosse um sentimento digno.
Anotei vários trechos de Servidão Humana de William Somerset Maugham:
“O dia rompeu cinzento e triste.”
“Entusiasmo significava falta de distinção, de boas maneiras.”
“Há duas coisas insubstituíveis na vida – a liberdade de pensamento e a liberdade de ação. Na França dão-nos a liberdade de ação; faz-se o que bem entende e ninguém se intromete, mas é preciso que se pense como todos os outros. Na Alemanha a pessoa é obrigada a fazer o que os outros fazem, mas em compensação pode pensar à vontade. São duas coisas excelentes. Pessoalmente, prefiro a liberdade de pensar. Mas na Inglaterra não se tem uma coisa nem outra: é-se triturado pelas convenções. Não se pode pensar nem agir como se quer. Isso porque a Inglaterra é uma nação democrática. Desconfio que a América ainda seja pior.”
“Entusiasmo significava falta de distinção, de boas maneiras.”
“Há duas coisas insubstituíveis na vida – a liberdade de pensamento e a liberdade de ação. Na França dão-nos a liberdade de ação; faz-se o que bem entende e ninguém se intromete, mas é preciso que se pense como todos os outros. Na Alemanha a pessoa é obrigada a fazer o que os outros fazem, mas em compensação pode pensar à vontade. São duas coisas excelentes. Pessoalmente, prefiro a liberdade de pensar. Mas na Inglaterra não se tem uma coisa nem outra: é-se triturado pelas convenções. Não se pode pensar nem agir como se quer. Isso porque a Inglaterra é uma nação democrática. Desconfio que a América ainda seja pior.”
“Fez Philip reconhecer que aqueles alemães da Igreja dos jesuítas estavam tão firmemente convencidos da verdade do Catolicismo Romano quanto ele estava em relação à Igreja Anglicana, e daí levou-o a admitir que os maometanos e budistas estavam também convencidos da verdade de suas respectivas religiões. Dir-se-ia que a consciência da verdade nada significava: todos tinham a certeza de estarem com a razão."
From Mata Hari e 007 |
Beijos,
From Mata Hari e 007 |
Pedrita
Oi Pedrita, que saudade!!!
ResponderExcluirNão conheço esse autor, mas fiquei muito interessada nele... vou procurá-lo...
bjs e feliz ano novo
oi pedrita, me desculpe por excluir o primeiro comentário, mas enfim.
ResponderExcluirSomerset Maugham é uma das grandes influências de Martin Amis e também de Stanley Kubrick, acredito que podemos perceber traços
de sua vida como órfão em Laranja Mecânica e no personagem de Alex,bjs.
Olá Pedrita
ResponderExcluirEsta publicação é um bálsamo, primeiro porque versa sobre uma obra de referência, A Servidão Humana, obrigando-nos a repensar toda a nossa cultura judaico-cristã, com sentimentos de culpa, com sentimentos mistos de humildade e humilhação, de um sentir a vida com a contenção burguesa da época, de caminhos trilhados na amargura. O despertar da personagem para um possível caminho de liberdade, através da pintura, é, no entanto, impossível. O que a personagem procura não é a abertura mental, mas a cura da sua alma. A pintura foi um meio de diagnóstico dessa alma atribulada pela rigidez e ausência de afectos. Será que entre o diagnóstico e a cura haverá alguma saída possível para os dilemas existenciais?
Bom ver obras primas de grandes pintores.
Beijinho
Isabel
Dele eu nunca li nada, mas assisti ao filme a Laranja mecânica que me lembro que fiquei muito assustada com o filme.
ResponderExcluirMas a vida dele nunca mais foi a mesma desde que a mae dele morreu.
Se sabe que ele sempre tinha a foto dela na cabeceira de sua cama até a sua morte, aos 91 anos.
Talvez a bissexualidade dele tenha se originado dai.
Um grande abraco
Olá Pedrita!
ResponderExcluirSomerset Maugham é um dos grandes da Literatura, embora ande hoje em dia um pouco esquecido dos editores. De todos os romances que lemos dele, "O Fio da Navalha" continua a ser o nosso favorito.
Beijinhos
Paula e Rui Lima
ana, marcos e georgia, maugham é sempre maravilhoso!
ResponderExcluirisabel, realmente, as discussões sobre fé, religião, me lembraram muito a montanha mágica do thomas mann. a diferença é que na montanha são sempre os mesmos 3 que debatem. em a servidão mudam muito as culturas, países, focos e idades dos debatedores.
paula e rui, nessas versões de banca publicaram várias obras do maugham aqui no brasil.
Este está na minha lista. Hoje, tentei fazer uma arrumação nas prateleiras para ver se cabem todos os livros. E lá se foi minha organização por ordem alfabética! Pelo menos, consegui guardar tudo.
ResponderExcluirDenise
Oi Pedrita, realmente servidão humana é uma obra que marcou muito a minha vida, mas recente terminei minha leitura, leitura esta que me fez pensar e rever certas posturas com relação ao outro e a cultura, visto que a realçao EU e Tu é muito mas complexa do que imaginamos. Somerset Maugham foi muito feliz ao escrever tal obra, Este tipo de literatura não fazia parte do meu acervo de livros e leituras. Me foi dado de presente e posso dizer que foi o presente mais belo e rico que ganhei, simplesmente inesquecível, este marca um reencontro com uma pessoa que havia saída da minha vida a + ou - 13.
ResponderExcluirOlá, acabei de ler Servidão Humana pela terceira vez. E a cada vez que leio descubro nuances novas e muito intensas. Estou procurando pelos dois filmes baseados nessa obra, até agora sem sucesso. Você saberia me informar a respeito?
ResponderExcluirAbraços e parabéns pelo blogg.
Nivaldo
nivaldo, as únicas informações que tenho estão no imdb http://www.imdb.com/name/nm0560857/ não deve ser fácil achar esses filme.
ResponderExcluirparece q é possível comprar pela amazon http://www.amazon.com/s/ref=nb_ss?url=search-alias%3Ddvd&field-keywords=Of+Human+Bondage&x=19&y=20
Obrigado Pedrita, vou pesquisar.
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