No livro fica muito claro o tormento que se passa na menina que tinha uns 13 anos e que cria uma história na sua cabeça, já que adorava escrever. Ela tem seu primeiro contato com atos de amor e palavras obscenas e pela sua juventude se horroriza e acredita realmente que sua irmã corre perigo e não que está apaixonada. Como já tinha dito no post do livro, a menina faz uma confusão tremenda, até é explicável, mas que a polícia acredite totalmente em uma menina de 13 anos como testemunha é demais. Mas no livro fica claro que a cada depoimento que essa menina dá, ela tem mais convicção de sua história inventada.
O vestido verde maravilhoso que a personagem principal usa é mencionado detalhadamente no livro.
De novo sofri com a impossibilidade da Reparação. Atos ou fatos que passam por nossa vida e que podem mudar totalmente o rumo dela, sem a possibilidade de refazermos ou retormamos. É uma visão muito realista e pessimista da vida, muito diferente das correntes de hoje em dia que pregam a possibilidade de uma vida plena, basta um bom pensamento e boas ações. Reparação mostra que nem sempre uma vida bem estruturada fica livre de um fato trágico. E a impossibilidade de Reparação. Isso é o que mais gosto nessa obra, a realidade atropelando todos os sonhos, projetos e amores. Porque acho que infelizmente a vida não é tão maravilhosa e às vezes um único momento pode destruir muitos os projetos. Que na ficção podemos inventar o desfecho que quisermos, mas que a vida real nem sempre é tão generosa conosco. Esse banho de realidade do livro é o que mais me fascina. Me emociono muito com esse texto!
Anotei muitos trechos de Reparação de Ian McEwan, vou selecionar alguns para colocar aqui:
"A peça – para a qual Briony havia desenhado os cartazes, os programas e os ingressos, construído a bilheteria, a partir de um biombo dobrável deitado de lado, e forrado com papel crepom vermelho a caixa pra guardar dinheiro – fora escrita por ela num furor criativo que durara dois dias e que a levara a perder um café da manhã e um almoço."
“Briony era uma dessas crianças possuídas pelo desejo de que o mundo seja exatamente como elas querem.”
“Agora o tom de humor fora substituído pelo melodrama, ou pelo queixume. As perguntas retóricas tinham algo de repulsivo; o ponto de exclamação era o primeiro recurso daqueles que gritam para se exprimir com mais clareza. Ele só perdoava essa pontuação nas cartas da mãe, onde cinco exclamações enfileiradas indicavam uma piada das boas. Ele girou o tambor da máquina e datilografou um “x”. “Cee, acho que a culpa não é do calor.” Agora o humor desaparecera, e um toque de autocomiseração se insinuara. Seria necessário recolocar o ponto de exclamação. Claramente, a função do tal ponto não era apenas a de aumentar o volume.”
“Agora o tom de humor fora substituído pelo melodrama, ou pelo queixume. As perguntas retóricas tinham algo de repulsivo; o ponto de exclamação era o primeiro recurso daqueles que gritam para se exprimir com mais clareza. Ele só perdoava essa pontuação nas cartas da mãe, onde cinco exclamações enfileiradas indicavam uma piada das boas. Ele girou o tambor da máquina e datilografou um “x”. “Cee, acho que a culpa não é do calor.” Agora o humor desaparecera, e um toque de autocomiseração se insinuara. Seria necessário recolocar o ponto de exclamação. Claramente, a função do tal ponto não era apenas a de aumentar o volume.”
“Os dois tinham em comum o horror às brigas, e a regularidade daqueles telefonemas noturnos, embora ela não acreditasse no que ele dizia, tinha o efeito de confortar a ambos. Se essa falsidade era hipocrisia convencional, Emily tinha de admitir que a hipocrisia tinha lá sua utilidade. Havia coisas em sua vida que lhe davam contentamento – a casa, o parque e, acima de tudo, os filhos; para preservá-las, ela não questionava Jack. E sentia falta menos de sua presença que de sua voz ao telefone. Aquelas mentiras constantes, embora não fossem amor, eram uma forma de atenção; certamente ele haveria de gostar dela para inventar mentiras tão complexas durante tanto tempo. A falsidade de Jack era sua maneira de afirmar a importância de seu casamento.”
Os pintores e o compositor são ingleses.
Música do post: Stadsknapenkoor-Gorcum_CD1996_22_Eternal-father-strong-to-save_Dykes_descant-Britten
From Mata Hari e 007 |
Beijos,
From Mata Hari e 007 |
Pedrita
Olá, tudo bem? Esses filmes do 007 acho tããããão chatos hehe.. Bjs, Fabio www.fabiotv.zip.net
ResponderExcluirquero ler este autor...
ResponderExcluira historia do João Pessoa foi filmada pela cineasta brasileira Tizuka Yamanake, sendo que ela abordou mais a personagem feminina, pivo central do crime,
os atores são muitos bons....
Pedrita
ResponderExcluirTudo bem?
Reparação é mesmo fabuloso. O melhor, acho, do Ian McEwan.
E obrigado pela menção ao Paisagens.
Beijos,
Júlio
Olá!
ResponderExcluirPedrita, acredita que eu ganhei este livro do marido???
Ainda não chegou, mas agora fiquei ainda mais ansiosa...
Depois que lê-lo eu te conto...
Beijos e boa semana.
Pode separar este para a próxima leva literária rsrsrs
ResponderExcluirDenise
OBS: desculpe a demora em postar seu comentário no meu blog. Tivemos alguns probleminhas com o computador. Agora está tudo certo.
Oi Pedrita, tive problemas em postar um comentário hoje em alguns blogs e o seu foi um deles.
ResponderExcluirOs comentários nao entravam. Acho que foi minha rede, sei lá.
Nao vi o filme, mas tb acho que os policiais acreditar o tempo todo na palavra de uma menina? Mas olha, bem que é possível. Me lembrei agora que assisti um filme alemao num domingo desses e os policiais acreditaram piamente na estória da menina e depois descobriram que nao tinha sido nada assim.
Acontece.
Um beijo grande e boa noite, vou dormir agora, mas queria ainda tentar mais um avez deixar o meu comentario por aqui.
Senao vou te enviar por email.
Ok, entrou. Agora temos 5 horas de diferenca sao 21:44.
ResponderExcluirBjus
Filme & livro: muito bons. Decerto, são linguagens diferentes e como tal devem ser vistas. Você percebeu isso.
ResponderExcluirUm beijo.
Olá Pedrita
ResponderExcluirÉ verdade, Pedrita, uma coisa é ficção, outra a realidade. Por mais perfeita que uma vida pareça não tem a garantia de a ser para sempre.
Também chamamos amores-perfeitos às florzinhas que enfeitam os canteiros.
As pinturas são lindissimas, desconhecia esta do David Hockney.
Beijinho
Isabel
Passando para um abraco!!!
ResponderExcluirjúlio, só li dois até agora e reparação achei sensacional.
ResponderExcluirelaine, não acredito, vc vai amar.
dê, eu sei q computer vcs estão hehe. já vou separar, é maravilhoso!
georgia, acreditar e não investigar acho inadimissível. mas quem a menina acusa é alguém de nível inferior, um filho da empregada da casa. pelo preconceito nem questionaram. triste.
isabel, eu tb desconhecia essa pintura e esse pintor.
olho de pombo, vou procurar esse filme.
fabio, eu gosto do 007. alguns são chatos, mas a maioria é muito bom.
Olá Pedrita!
ResponderExcluirJá li quase toda a obra de Ian McEwan. A Reparação e Saturday são os meus preferidos. O filme ainda não o vi e há cerca de 3 dias estive quase para comprar o DVD.
Gostei muito de ler este texto e as imagens foram muito bem escolhidas - um encanto.
Boa noite e continua a darmos boas postas.
Olá, muito bom seu blog, suas matéria e indicações... "desejo e reparação" é sensacional!
ResponderExcluirParabéns pelos post e sempre passarei por aqui.
Beijos
ematejoca, anotado saturday.
ResponderExcluirbarbiegirl, obrigada. eu amei o filme tb.