domingo, 3 de abril de 2016

Comissão Nacional da Verdade no Café Filosófico

Assisti a participação da Comissão Nacional da Verdade no Café Filosófico na TV Cultura. O Café Filosófico é uma realização da CPFL Cultura. Sempre traz profissionais para debaterem sobre temas. Eu volte e meia vejo algum, trechos de outros, já vi um inclusive participando na plateia. Faz tempo que acompanho o trabalho da Comissão Nacional da Verdade que busca esclarecer fatos obscuros do período da Ditadura Militar.

Participaram Maria Rita Kehl e Pedro Dallari. Maria Rita é psicanalista. Pedro é advogado. Então uma falou do aspecto psicológico da ditadura e seus reflexos e o outro sobre os aspectos jurídicos. Maria Rita disse que após a ditadura, o sistema fazia de tudo para o familiar desistir da busca pelo desaparecido. E Maria Rita perguntou, como se diz a uma mãe para parar de procurar pelo seu filho? Eles lembraram do Araguaia. No Araguaia pessoas se uniam para a luta armada que nunca aconteceu. Quando os militares foram procurar essas pessoas, eles eram conhecidos por paulistas, porque eram muito brancos. E no Araguaia gostavam muito deles, porque eles ajudavam a comunidade. Os dois falaram dos riscos que existem em esconder os fatos desse período, porque isso pode permitir a volta de abusos. 

Pedro mostrou a semelhança entre o caso do Rubens Paiva e o do Amarildo. Os dois foram levados para depor, torturados, assassinados e desaparecidos. Um pela ditadura e outro pela polícia. Pedro disse que até 1964 era a polícia que praticava a tortura. Que os militares só passaram a fazê-lo na Ditadura Militar. Que até hoje é altíssimo o número de policiais que praticam crimes em nome do estado no Brasil. Eles relataram um trabalho da comissão que era levar os torturados de volta aos locais do estado onde foram torturados. Os militares acompanhavam e ouviam os relatos. Pedro falou o quanto impressionou o fato dos torturados não terem raiva. Eles só relatavam. Maria Rita disse que talvez a raiva voltasse em casa depois, mas naquele momento os torturados queriam contar com a maior veracidade as suas histórias, pelo compromisso da história e que por isso focavam nos relatos, mesmo com os militares perto. Acho fundamental esse trabalho, eram idosos, de cabelos brancos, contando suas histórias para jovens militares, em uma tentativa de humanização e provocação de vergonha para que fatos como esse nunca mais ocorram. Pedro lembrou que esses atos de barbáries foram realizados em instituições de estado, com o dinheiro dos contribuintes. Quando o dever do estado é proteger o cidadão.

Uma amiga levantou os números mencionados no programa e são estarrecedores:
- 80 militantes no Araguaia, somente 2 corpos foram encontrados. 

- cerca de 20.000 pessoas foram torturadas, sem contar com os camponeses e índios; 

- 379 mortos e desaparecidos. 
Maria Rita Kehl falou muito dos índios que não foram contabilizados. Primeiro o Café Filosófico grava com os convidados e plateia, depois editam o programa para a TV Cultura. Então no programa mostraram trechos do filme Serras da Desordem que mostra parte do que aconteceu com os índios. A atriz Cássia Linhares também lê trechos e dá contextualizações históricas. Esse programa é excelente.

Em 2009 eu participei na plateia do A Espiritualidade na Arte que comentei aqui

Bejios, 
Pedrita

8 comentários:

  1. Essas comissoes soh consegue ve um lado.
    Por isso nao dou credibilidade.
    Nao se fala nas mortes que esses terroristas cometeram.
    Os assaltos violentos que praticaram.
    Meu pai contava de 2 conhecidos que foram espancados ate a morte por esses marginais.
    Para mim, o regime militar foi de paz, de sossego.

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    1. liliane, para quem não teve amigos ou parentes envolvidos, desaparecidos e assassinados pareceu mesmo que foi um período calmo. tudo era escondido, desumano e monstruoso.

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  2. Eu adoro a TV Cultura, O Café Filosófico é um dos programas que eu mais gosto, além dos jornais!

    Beijos ♥

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    1. andréa, eu gosto da tv cultura, gostava mais antes. tb gosto do café filosófico. acho muito partidário o jornalismo.

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  3. Eu também já assisti vários programas do Café Filosófico, inclusive recomendo alguns com Leandro Karnal que é um palestrante sensacional.

    Infelizmente a comissão da verdade se apega apenas a um lado da história. Sei que tortura é crime imperdoável e quem fez deveria ser punido, mas por outro lado, a guerrilha do Araguaia e outras urbanas também eram violentas, cometeram assaltos e assassinaram policiais, sem contar inocentes que morreram ou foram atingidos por atentados, como o famoso caso da bomba no Conjunto Nacional em SP.

    É uma situação que não deixou heróis, os dois lados tem culpa.

    Bjos

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    1. hugo, o estado agiu contra os direitos humanos, desaparecendo e dizimando brasileiros. tudo com o dinheiro dos contribuintes e utilizando prédios públicos para a tortura, como lembrou a comissão da verdade.

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  4. A gente sempre aprende com esses debates
    big beijos
    www.luluonthesky.com

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