quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Repulsão

Assisti Repulsão (1965) de Roman Polanski no Telecine Cult. Catherine Deneuve está mais linda que nunca, que personagem complexo, que interpretação. Tinha lido que esse filme seria datado, mas acho que é muito atual. No filme a protagonista tem repulsão sexual por homens. Nessa questão pode ser, mas o filme acaba falando dessa pessoas que tem problemas psiquiátricos não só por questões sexuais, mas por várias anomalias.

Hoje a protagonista poderia ser diagnosticada com várias síndromes. Parecia sofrer de TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo. Não sei se no TOC incluiria a paranoia que ela vive. Eu conheço duas pessoas parecidas, que não chegaram a extremos, já que a medicina hoje auxilia esses processos. Mas a protagonista tem características que faz muitos deixarem a pessoa quieta, quando na verdade ela precisa de tratamento constante e medicações. Qualquer um que perguntasse pelo perfil da protagonista, diriam que é uma pessoa doce, calada e reservada. O que parece normal, mas alguém absurdamente solitária e dependentes de parentes, com perfil infantil apesar de adulta, tem no mínimo algum problema mais complexo que só a reserva.
Nossa protagonista vive bem com a irmã e trabalha em um salão de beleza. Tanto no salão como em casa, as pessoas auxiliam nos conflitos. Nossa protagonista não sabe o que fazer quando não tem um esmalte que pediram. Não sabe organizar uma casa. Então no salão a ajudam e em casa a irmã organiza e coordena tudo. Os problemas começam quando a irmã passa a se envolver com um homem casado. A protagonista se incomoda muito com os objetos que esse homem deixa na casa, mas a irmã coordena os conflitos. O problema é que essa irmã vai viajar com esse namorado. E é na solidão que tudo passa a se complicar. A irmã é interpretada por Yvonne Furneaux e o namorado por Ian Hendry. Ainda no elenco: Patrick Wynark e John Fraser. Roman Polanski ganhou prêmio de Melhor Diretor no Festival de Berlim.
Começam então as paranoias. Ela começa a ver pessoas saindo das paredes, bichos vindo de rachaduras. A fixação com rachaduras é bem de TOC. Fica horas olhando uma rachadura e esquece completamente do mundo. Mas antes, quem estava em seu entorno, tirava-a dos transes. Como ela passa a ficar sozinha, tudo se acentua. Algo que é a atual é a dificuldade das pessoas do entorno perceberam que é um problema de saúde. E também a dificuldade da continuidade de um tratamento. Pessoas com esses transtornos não querem ver ninguém, falar com ninguém. A protagonista começa a não comer, não beber, com medo das mãos, das rachaduras. É muito difícil um tratamento. É difícil levar a pessoa a uma consulta porque ela não quer sair do quarto. Não toma as medicações. E isso é ainda muito atual.
Beijos,
Pedrita

8 comentários:

  1. O filme é é uma verdadeira viagem para dentro de uma mente perturbada.

    Uma coisa que me incomoda é esta mudança de títulos que algumas vezes ocorrem décadas após o filme ser lançado, como aconteceu com a trilogia original de Guerra nas Estrelas.

    Este filme por exemplo, sempre foi conhecido como "Repulsa ao Sexo".

    Bjos

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    1. hugo, a mudança de título me incomodou bastante. tanto que nem usei a versão do brasil. mas na época que o filme é realizado, tinha forte influência de freud, que tudo era sexo. hj ainda tem, mas já está um pouco ultrapassada essa visão que já evoluiu. eu acho q esse filme é bem mais sobre uma mente doente, psiquiatricamente doente do que por problemas sexuais. mas nada impede da personagem ter sido abusada na infância. mas mesmo assim, é mais loucura do que trauma o perfil da protagonista.

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  2. Pedrita,
    Eu nunca assisti esse filme, pela resenha fiquei curiosa.

    Beijos ♥

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  3. Isso, Hugo. Assisti faz muito tempo com o nome de Repulsa ao sexo.

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    1. liliane, eu achei que ia gostar desse filme já que tem interesse em ver arte que falem de mentes perturbadas. o nome no brasil é sofrível. nem quis colocar.

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  4. Olá Pedrita
    Esse filme faz parte da "trilogia do apartamento" de Polanski (Repulsa ao sexo, o bebê de Rosemary e O inquilino).
    Também não acho que é um filme datado, é mais atual do que nunca, uma mente que perde contato com a realidade, absurdamente angustiante.
    O filme tem poucos diálogos, mas compensa fazendo um bom uso do jogo de sombras e luzes e usando/abusando das metáforas.
    Catherine sem dúvida brilha ao interpretar a protagonista.
    BjsLuli
    Café com Leitura na Rede

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    1. luli, obrigada por avisar. não lembro se vi o inquilino. o bebê de rosemary é incrível. e realmente há relação pesando no encasulamento e no isolamento. é incrível mesmo.

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