quarta-feira, 11 de julho de 2018

O Círculo

Assisti O Círculo (2017) de James Ponsoldt no TelecinePlay. Eu tinha curiosidade. É um bom filme pelo debate que gera, mas o desfecho é péssimo, mal amarrado. De qualquer forma, é bom para conversas, para pensarmos sobre privacidade e tecnologia. Cada vez mais estamos sendo acompanhados por eletrônicos que dizem onde estamos que pode ser ótimo para dar segurança há alguém que tem algum problema de saúde, mas que pode ser péssimo para quem deseja o mínimo de liberdade. O Círculo é baseado no livro de Dave Eggers.

A sensação que eu fiquei é que empresas de tecnologias patrocinaram o filme e não permitiram que detonassem seus produtos. E também é realidade que hoje convivemos com a tecnologia e não dá pra voltar 100% no tempo. Mas achei ingênuo o filme acreditar que o problema não é seguir as pessoas e sim como isso é feito. Se você segue pelo bem e com responsabilidade está tudo ok. Que o ruim é que os donos do Círculo eram irresponsáveis. Além de uma ótica maniqueísta, é ingênuo achar que tirando dois tiranos não surgiriam outros pra substituí-los com um discurso muito semelhante.
O Círculo lembra bem religiões autoritárias, que afastam as pessoas de outras fora da religião para que a pessoa passe a achar normal todo aquele controle e discurso. Achei interessante debater a forma de manipulação que fizeram na protagonista. Ela tinha um subemprego na cobrança de serviços de água. Passar a ter outro subemprego de telemarketing e fica séculos no Círculo nessa área, mas consegue um plano de saúde para tratar seu pai. O plano de saúde dele não estava querendo pagar um tratamento que era 40 mil e a família não tinha como arcar com isso. Imagine a alegria dela quando o Círculo inclui os pais no plano de saúde dela. E essa manipulação vai turvando a percepção dela do controle exacerbado. O Círculo faz de tudo para as pessoas ficarem sufocadas com excesso de atividades e trabalhos. Forçam que o lazer seja dentro mesmo do Círculo. Ela passa então a visitar poucos os pais. No Círculo só os dois líderes tem mais de 30 anos, ninguém tem filhos nem relacionamentos. E tudo fica por isso mesmo depois. Estranho o final tratar isso com normalidade depois. Não souberam como lidar com os conflitos do filme. Depois de um grave incidente a protagonista quer voltar ao Círculo e diz aos pais que tem muitos amigos. Além de um equívoco a colocação, o fato dela ter inúmeros seguidores não a faz ter amigos, muito pelo contrário. E esse equívoco continua no final do filme.
Eu achei todas as interpretações sofríveis. Não sei se foi a direção, ou porque o elenco não se convenceu da teoria do filme. Emma Watson é muito jovem para o que o personagem exige. Sua amiga é interpretada por Karen Gillan. John Boyega estaria no melhor personagem do filme, mas fica quase escondido, abafam demasiadamente esse personagem que seria o herói, transforma a chata e equivocada protagonista em heroína. Os líderes são interpretados por Tom Hanks e Patton Oswalt em uma canastrice constrangedora, um dos piores personagens do filme. Seus pais por Bill Paxton e Gleene Headly. O amigo da protagonista por Ellar Coltrane.

Beijos,
Pedrita

14 comentários:

  1. A premissa é muito interessante e atual. A questão do controle das informações é bem explorado na primeira parte. Quando a história se transforma numa espécie de Big Brother, o roteiro se perde.

    É uma boa ideia que foi desperdiçada.

    Bjos

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    1. hugo, vc resumiu perfeitamente "É uma boa ideia que foi desperdiçada."

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  2. Assisti a este filme e gostei. Não achei o desfecho ruim, pelo contrário, achei apropriado. Recentemente o criador de uma certa rede social foi chamado ao senado do país dele a fim de explicar a politica de armazenamento de dados e de privacidade executadas pela tal rede. Vi apenas um trechinho da mencionada entrevista (exibido muitas vezes em várias mídias) e a pergunta que estava sendo feita ao empresário era: "O senhor aceitaria que alguém armazenasse - e talvez tornasse público, no futuro - os dados relativos a, por exemplo, ao jantar ao qual o senhor compareceu ontem? Aceitaria que o público viesse a saber quem estava presente, o que se falou, etc?
    Para mim isso é uma admissão de que as pessoas que captam e detêm os nossos dados não se sujeitam - elas próprias - a qualquer risco dessa natureza.

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    1. marly, vai bem até a metade. na hora do caiaque, do acidente do caiaque q achei q desandou. esse líder da rede social responde as perguntas e vive mudando as regras de privacidade. embora eu acredito q não haja privacidade na rede. aqui no brasil há um descaramento. quase todo sistema vende nossos dados. esse q é sistematicamente perseguido é fichinha perto dos brasileiros.

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  3. Confesso que não me animei pra ver.
    Big Beijos
    www.luluonthesky.com

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  4. Olá, Pedrita!
    Amo filmes com a Emma Watson, esse eu ainda não assisti, gostei da resenha, vai para a minha lista.

    Beijinhos ♥

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  5. Confesso que assisti por causa da Emma Watson e do Tom Hanks, mas não gostei do filme.
    A parte do amigo dela foi de partir o coração :/ e a super exposição dos pais um absurdo.
    O plot é interessante e atual, mas a roteirização (na minha opinião) foi péssima, uma coisa sensacionalista :(
    Até acho que o final quis passar aquela coisa de que a internet não é boa nem ruim depende do uso que fazemos dela, mas ficou didático :/
    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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    1. luli, ah, tb não gostei do final. a temática é fundamental, mas achei muito mal elaborada. sim, as tragédias foram pavorosas e a solução pior ainda. ah, verdade, sensacionalista, não tinha pensado nisso mas vc tem toda razão. concordo, mas usar no caiaque que é o símbolo da liberdade. ela continuar a ser seguida e tudo bem? horrível.

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  6. Olá, tudo bem? Após o encerramento da Copa neste domingo, voltarei a minha normalidade na vida cultural. Rs.. Bjs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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