terça-feira, 3 de junho de 2025

Libertárias

Assisti a série Libertárias - Mulheres Inspiradores na História do Brasil (2024) da Kinopus do Curta on no Canal Curta! Me falaram desse projeto e fiquei ansiosa pra ver. Os 8 episódios contam trajetórias de mulheres que foram apagadas da história. 

O primeiro episódio é sobre Dandara, guerreira do Quilombo dos Palmares no século 17. Como essas histórias passavam pela oralidade, há muitas dúvidas. Às vezes uma mulher unificava o que foi feito por um grupo de mulheres. Ela acabava sintetizando o que várias faziam. Esse é cortesia do Curta On. Eu achei um no Canal Curta!, fui colocar pra gravar e vi que era possível clicar em gravar todos os episódios, então aos poucos todos foram aparecendo nas gravações e consegui ver todos, em geral fora de ordem. O formato traz uma atriz interpretando a protagonista como uma peça de teatro e historiadores variados falam sobre a sua vida, pesquisas, dúvidas, já que há poucos registros. Algo bem interessante é que várias não se sabe a aparência. Dandara foi interpretada por Thainara Pereira. Falaram sobre ela Amanda Crispim, Marilea de Almeida, Salomão Jovino e Stella Franco.
O segundo episódio foi sobre Maria Felipa de Oliveira que no século 19 lutou pela Independência do Brasil na Bahia contra os colonizadores portugueses. Ela e outras mulheres passavam informações sobre a chegada de portugueses. Se espalhavam pela ilha de Itaparica e espionavam. Também atacavam. Elas usavam o que tinham como urtiga, incendiavam embarcações. Maria Felipa foi interpretada por Luli.
O terceiro episódio retrata Tia Ciata, Hilária Batista de Almeida interpretada por Edna Aguiar. Baiana, ela vai se estabelecer na Pequena África no Rio de Janeiro na época que a capoeira e outros ritos africanos eram proibidos. Na Pequena África, as tias como se chamavam, acabavam agregando núcleos de difusão cultural afro na comida, música, dança, costumes e religião. Tia Ciata trouxe a influência musical da Bahia, que se fundiu com os ritmos banto dos descendentes do Rio de Janeiro, gerando o samba. Várias mulheres eram chamadas de tia porque abrigavam quem chegava. Tia Ciata foi subindo na religião até chegar a Mãe de Santo. A ela é atribuída a composição de Pelo Telefone. Inicialmente as músicas eram feitas coletivamente, só quando precisaram ser registradas é que surgiram nomes de compositores específicos, não mais o coletivo, mesmo sendo de vários.

O quarto episódio é sobre Filipa de Sousa (1556-1600). Eu só soube que a inquisição veio ao Brasil  no filme As Órfãs da Rainha.  Quando a inquisição estava no Brasil duas mulheres confessaram ter relações com Filipa, que foi chamada para ser interrogada. Ela confessou ter tido relações com 8 mulheres, mas ela foi orientada antes negar que teve penetração porque isso impedia dela ser queimada na fogueira. Segundo a regra da época, sodomia só levava a fogueira se tivesse penetração. Em todos os depoimentos ela sempre diz que sim, teve relações com 8 mulheres, mas sem penetração. Com isso conseguiu fugir da execução na fogueira em Portugal. Após as condenações, eles seguiam do Brasil para Portugal, para serem queimados na fogueira em Portugal. Filipa não foi morta. Ela foi apedrejada no Brasil e teve que ficar em frente a uma igreja de pé confessando os seus pecados. Depois foi degredada para o continente africano e não se soube mais dela. Os historiadores mostram o contrassenso da inquisição, que na tentativa de coibir a sodomia, registrava todos os depoimentos, deixando os relatos para a história. Simone Iliescu que interpretou Filipa.
O quinto episódio foi sobre Clara Camarão, indígena que lutou com os colonizadores contra a invasão dos holandeses. A série mostra que várias mulheres foram guerreiras em conflitos. Ludimila D´Angelis interpreta Clara Camarão.
O sexto traz Maria Quitéria de Jesus que se vestiu de homem para lutar pela Independência do Brasil no Batalhão dos Periquitos na Bahia. Seu pai descobriu e foi buscá-la, mas seus superiores não deixaram ele levá-la. Ela era exímia atiradora e faria falta no batalhão. Desde pequena na fazenda ela caçava. Ela é inclusive promovida. Mas pedem que façam para ela uma saia para colocar em cima da farda. Maria Quitéria foi interpretada por Maria Palma.
O sétimo é sobre a escritora Narcisa Amália. Inclusive a autora finalmente vai estar com uma obra na obrigatoriedade de livros para a Fuvest. Ela trabalhou como jornalista. Julia Ianina fez Narcisa.

O último foi com Esther Góes que interpretou Leolinda Daltro, sufragista, lutou pelo voto feminino. Também foi indigenista. Amei a série, de conhecer um pouco mais da história do Brasil e dessas mulheres libertárias. Belo trabalho!



Beijos,
Pedrita

8 comentários:

  1. Eu tive uma tia que a gente chamava "tia Ciata".
    O nome dela era Anunciata. E aí quando a gente ouvia falar nessa famosa tia Ciata, imaginava nossa tia.
    Beijo,

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    1. liliane, que incrível. sim, essa tia ciata foi mãe de santo, compositora, difundia cultura. queria ter conhecido.

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  2. Puxa não conhecia essa série e fiquei muito curiosa pra conhecer a história dessas mulheres libertárias e inspiradoras.
    Levo já a indicação e vou passar na frente da listinha.

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    1. luli, uma amiga q me contou e fui atrás. tb não tinha ouvido falar.

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  3. Gostei :))

    Beijos, e muita saúde para todos.

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  4. Deve ser interessante. Por causa do Patriarcado, o "mundo" tende a apagar as mulheres da história. E elas precisam figurar nela, já que atuaram e fizeram por merecer a fama que conquistaram.

    Beijo

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    1. marly, eu gosto muito de projetos que contam histórias de mulheres apagadas da história.

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Cultura é vida!