sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Nada Será Como Antes

Assisti a série Nada Será Como Antes (2016) de Guel Arraes e Jorge Furtado na TV Globo. Eu tinha uma expectativa enorme. A série ia contar a transição do rádio para a televisão e o início da televisão. Contou, mas muito, muito pouco.

A trama ficou mais nas relações amorosas das duas protagonistas interpretadas por Débora Falabella e Bruna Marquezine. Até disseram que o personagem da Marquezine era muito denso para a atriz, que merecia uma atriz mais experiente. Não sei, em alguns momentos ela segurava o personagem, outros nem tanto, mas foi muito bem. A rivalidade das duas soou forçada e cansativa.

Foi uma série de mulheres fortes. Até mesmo a personagem da Letícia Colin era assim, apesar de sem escrúpulos e mimada muitas vezes, era ela que queria que o irmão (Daniel de Oliveira) fosse político e se fosse possível acho que ela mesma sonharia com cargos políticos.

A série abordou várias questões que até hoje ainda tabus. Relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, beijos entre negro e branco na novela, galã negro. Belo personagem para o Fabrício de Oliveira. No início ele nem fala tinha em novelas, mesmo fazendo galãs na rádio. Como tudo era ao vivo ele coloca uma faLa e seu personagem cresce. O patrocinador ameaça tirar o dinheiro se tivesse o beijo.

Não sei o que não funcionou. Se foi o fato da trama ser muito picotada. Foi bacana ver a luta para mostrar o jogo da copa do mundo ao vivo. Primeiro eles gravavam na Europa e traziam as imagens. Aí resolveram encurtar o voo e fazer de outro estado para chegar antes da concorrência. Inicialmente poucos tinham tvs em casa. Me incomodou que o foco seria a tv, mas depois que a Verônica quis bancar o filho sozinha mesmo sendo mãe solteira, só se falava em rádio. Ela passou a ter um programa de rádio sob pseudônimo e a série perdeu muito tempo nos programas e na rixa com o ex-marido (Murilo Benício). 

Triste a história da mãe e filha. A mãe era doméstica, o patrão abusou da filha adolescente que depois foi viver na cidade grande se prostituindo. Com a TV ela se tornou uma grande atriz e conseguiu morar com a mãe (Cássia Kiss). Foi lindo o capítulo que mãe e filha se reencontram.

Foi lindo o amor entre três pessoas, mas o segundo foi forçado. No primeiro os dois irmãos se amavam, há uma insinuação clara que eles já viviam um romance. Beatriz surge para aproximá-los e viverem em trio. O segundo foi artificial. O galã homossexual (Alejandro Claveaux) resolve se casar com uma fã que acha bonita para não interferir na vida profissional, já que seus relacionamentos anteriores terem sido um fracasso. Mas ele se envolve com o produtor (Bruno Garcia) e forma o triângulo. Forçadíssima a frase no final que amor a três é o ideal. Rotular achando que é inovador é igualmente restritivo. Acho que cada casal é que tem que encontrar a sua fórmula para amar. O primeiro casal todos se amavam. Nesse claramente o produtor tinha ciúmes do galã e a relação era desequilibrada com um sendo amado por dois e os outros com migalhas e rivalidades.

Eu não gostei de boa parte dos desfechos da trama. A maldade do dono da TV tirando a guarda do filho da ex, a aparição do personagem do Jesuíta Barbosa, o sumiço do personagem do Fabrício de Boliveira. O último trio amoroso. Várias soluções soaram falsas.

Inclusive eu estranhei uma fala, mas como não tenho como rever, se alguém souber. Me pareceu que os irmãos estavam na cama e ela diz que o pai (Osmar Prado) agora só fica em Brasília. Mas antes ele teve um problema grave de saúde e ficou quase vegetal. Não sei se eu que entendi errado, se achei que eram os dois irmãos e eram pai e filha ou teve mesmo um problema de edição ou continuidade. Alguns outros do elenco foram Igor Angelkorte, Greta Antoine, Daniel Boaventura, Susana Ribeiro e Clarice Niskier.

Beijos,
Pedrita

10 comentários:

  1. Não acompanhei essa minissérie.
    big beijos

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  2. O tema é muito interessante, mas pelo seu texto entendi que os produtores preferiram explorar apenas as polêmicas com sexo e traição.

    Deve estar parecido bem mais com novela do que minissérie.

    Bjos

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    1. hugo, exatamente. teve um pouco do universo da tv. mas a série ficou muito picotada.

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  3. Os atores são ótimos Pedrita, mas não assisti.
    Dificilmente eu vejo canal aberto.

    Beijinhos ♥

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    1. andréa, essa série foi mais ou menos. mas tb amo o elenco.

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  4. Pedrita, eu adorei a série. Me emocionei muito. Adorei os cenários e figurinos, foi uma produção muito caprichada. Em relação à Bruna, nos primeiros capítulos eu a achei forçada, depois ela acho o tom certo e ficou perfeita. Merece meus parabéns, se mostrou uma grande Atríz. Letícia Collin também encontrou nesta série o seu melhor papel até agora. Divina e diferente de todas suas outras atuações. Eu gostou muito do roteiro, de expor o machismo imperante na época e como isso atrapalhou demais a vida do Saulo. Um homem muito inteligente, mas que não conseguia se livrar do preconceito e por isso batia de frente com Verônica, uma mulher muito avançada para época. Eu gostei da redenção de Saulo. O final me surpreendeu. Mas eu odiei o final de Beatriz. Ela merecia mais. Ah, e o Jeusíta tem que parar de fazer papéis de assassino de namoradas, já deu!

    Ah, na cena que você ficou em dúvida, ela fala mesmo que o pai ficara me Brasília. Eu achei estranho tb. Será que tinha família lá? Nunca falaram disso antes.

    Adorava as cenas de gravação das novelas!

    Beijos!

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    1. patry, realmente foi uma produção muito caprichada. realmente a bruna ficou bem depois. eu adoro a letícia colin. ela é incrível no teatro. tb gostei dela ter um personagem tão complexo. tb gostei de expor o machismo que era muito acentuado na época, mas infelizmente ainda é muito atual. ah, tb odiei o final da beatriz. achei o surgimento do personagem do jesuíta desnecessário. muito picotada a série para surgir um personagem assim. tb acho q já deu o jesuíta nesses papéis. pelo menos em justiça ele não era pobre. mas com o mesmo perfil. como se ele não pudesse fazer um galã. ah, então não estava louca. mas vc se lembra? brasília estava sendo construída pelo jk. ainda não tinha quase nada lá. ele iria pela política. mas como se estava vegetal. infelizmente esse não foi o único erro de continuidade que vi. não sei se o fato de picotar demais deu esses problemas. tb adorava as cenas de gravação de novelas. eu queria mais e menos rádio.

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  5. Não vi.
    Nunca mais vi novelas.
    A última foi "Eta mundo bom, porque é a hora que estava jantando.
    Adoro as novelas da Globo. aliás adoro tudo que vem da Globo. Mas estou cheia de filmes, de livros, de Youtube para vê e não estou dando conta. E para piorar tem que dormir, né?

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    1. liliane, eu adoro as novelas das seis exatamente pq estou lanchando, é a hora q paro de trabalhar um pouco para dar um respiro. mas agora com o recurso de poder gravar acabo vendo mais programas. esse foi legal.

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Cultura é vida!