Assisti Bird Box (2018) de Susanne Bear na Netflix. Eu queria ver esse filme que causa tanto furor, não pelo furor, mas pelo gênero que gosto. Não, não é um filme de fantasminha que mais gosto, é do gênero de Madrugada dos Mortos e Walking Dead. Algo faz com que as pessoas se suicidem em massa. Uma espécie de epidemia e doença, depois não é bem isso, mas é desse gênero. Portanto, sem segredos, a protagonista passa o filme tentando se salvar e sobreviver com os seus como em Walking Dead.
Bird Box é um filme muito bem realizado tecnicamente, com toda a tensão necessária, mas com roteiro raso. Não há motivo pra tanto furor. Acho que muito do furor tem a ver porque muita gente que vê não está habituada ao gênero e tem contato com ele pelo filme. Bird Box está em o filme mais visto de todos os tempos. Virou mania mesmo, tanto que são febre os memes com essa foto.
Eu adoro a Sandra Bullock e ela está muito bem. John Malkovich também participa do filme por um tempo em um personagem pra lá de chato. O gostoso do parceiro da Bullock é interpretado por Trevante Rhodes. As crianças são muito fofas Julian Edwards e Vivien Lyra Blair. A médica por Parminder Nagra.
O roteiro parece de filme para a família, bem moralista. Começa com a protagonista grávida e dando a entender que não quer o filho, a médica diz que ela pode pensar em doar a criança para uma família que queira. Outras falam o clichê que quando nascer o sentimento virá. E o filme prova o quê? Que o instinto materno é nato e surge mesmo que a mulher não queira. O roteiro é muito machista porque só a mulher assume as crianças, o parceiro ajuda, mas o sentimento só brota quando ela tem que cuidar e se virar com os dois sozinha, já que assume o filho de outra também. A moral do filme é "só a mulher tem instinto materno nato" e todas elas descobrem o sentimento e viram anjos. Pobres das mulheres que lutam contra essa imposição e violência. O livro só podia mesmo ter sido escrito por um homem, Josh Malerman. Pena uma mulher ter adaptado essa violência. E alguém pode me explicar como os passarinhos sobreviveram depois que o barco virou?
Eu resolvi não fazer várias postagens na retrospectiva como uma blogueira sugeriu. Me perdoem. Sempre na foto vou colocar qual a arte que comento, assim vocês podem ler só os temas de maior interesse. Livros
Eu me surpreendi esse ano com o número de livros que li, 19. Bem mais do que a minha média do ano. Mas foi um ano difícil em outros aspectos, esse deve ser o motivo. Como me concentrei muito em autoras, acabaram em maior número nos livros preferidos. Selecionei 6 como os melhores, foi difícil escolher: A República dos Sonhos A História de Aia Hibisco Roxo Salmo Dias Perdidos Três Mulheres Fortes
No cinema
Foi um ano que fui pouco ao cinema, entre os motivos, o alto preço dos ingressos. Os únicos três que vi estão entre os melhores:
Assisti Lazzaro Felice (2018) de Alice Rohrwacher na Netflix. Eu tinha visto muitos elogios nas redes sociais, mal estreou e já vem com a frase "aclamado pela crítica", então foi o primeiro que pensei em ver na Netflix. E é realmente incrível! Que filme!
Lazzaro Felice é um simplório rapaz que vive com a família e inúmeros outros explorados em uma fazenda de uma marquesa. Entre os mais jovens do grupo é explorado também pelos que são explorados, nem cama tem. Lazzaro Felice é interpretado por Adriano Tardiolo.
É tanta gente amontoada. A marquesa usa aquele sistema onde tudo o que os meeiros compram é pago e eles ficam eternamente devendo. Um casal quer ir embora, mas o capataz diz que só com a autorização da marquesa e eles desistem. Até porque ele ameaça retaliar a fuga nos parentes. A amiga de Lazzaro pequena é interpretada por Agnese Graziani e depois pela irmã da diretora Alba Rochrwacher.
A marquesa é interpretada por Nicoletta Braschi. O capataz por Natalino Balasso. O filho jovem por Luca Chikovani e adulto por Tomaso Ragno. No futuro aparece ainda o ator Sergí Lopez. Em determinada parte do filme, fica bem surreal, o tempo passa, menos para Lazzaro Felice. A exploração acaba, os meeiros são libertados, os exploradores punidos, mas só o banco fica com o dinheiro. Há promessas dos explorados serem indenizados, mas só o banco fica com o dinheiro. Irônico, triste, belo filme!
Assisti Me Chame pelo seu Nome (2017) de Luca Guadagnino na HBO On Demand. É baseado no livro do americano Armie Hammer. A produção é do brasileiro Rodrigo Teixeira. É um delicado filme sobre o primeiro amor.
Mas o que me encantou mesmo foi o ambiente intelectual do filme, pena que se perca um pouco na trama depois. Os pais do garoto de 17 anos são estudiosos, o pai escolhe sempre um aluno para passar o verão com eles estudando. Os três estão sempre lendo, trocando experiências, lendo trechos uns para os outros. São deliciosas as conversas. Fiquei com muita vontade de ser escolhida como aluna para passar um tempo naquele lugar paradisíaco falando de livros, artes. Há inúmeras frutas nas árvores no local, tudo muito lindo e mágico. Os pais são interpretados por Amira Casar e Michael Stulbarg. São intelectuais e de mente aberta. Eles compreendem o amor do filho, sugerem que ele viaje com o homem mais velho. Confesso que fiquei pensando que, mesmo achando os pais compreensivos e liberais, se eles permitiriam que uma filha de 17 anos viajasse com uma aluna do pai mais velha.
Difícil resistir ao belo aluno de seu pai interpretado pelo deslumbrante Armie Hammer. O garoto não fica longe, uma graça, Timonthée Chalamet. A trilha sonora é linda.
Assisti Ela (2013) de Spike Jonze na ClaroTV. Eu nunca me interessei muito por esse filme, até que um jornal impresso falou do filme, elogiou e vi que é de ficção científica, que adoro. O próprio diretor assina o roteiro. É um filme que provoca muitos debates, fundamental nos dias de hoje. São muitas questões para conversas.
Nosso protagonista está deprimido, descobrimos que se separou. Ele resolve então comprar um SO, um sistema operacional que busca informações do cliente e passa a ser o que o cliente quer. Ele então passa a interagir com sua máquina onde está agora a Samantha. Ficamos o tempo todo na dúvida se o SO gosta realmente dele ou só faz aquilo que quem comprou espera dele. Muitas pessoas começam a fazer o mesmo então é uma infinidade de pessoas falando sozinhas nas ruas com os seus SOs. Eu fiquei pensando o quanto é complexo você se relacionar com um SO que só faz o que você quer, está sempre a sua disposição, vive para te agradar. Você teve insônia, o SO está ali sempre disposto para a conversa mesmo de madrugada. Ele passa inclusive a fazer passeios com casais, ele com Samantha no ouvido e na câmera e o outro casal com os fones nos ouvidos pra conversar com ela também.
E o quanto um SO pode ser bom ou ilusório para quem tem depressão, afinal a pessoa sente-se o tempo todo acompanhada, ter com quem conversar, alguém que não briga com você, que está sempre ali para te dar conforto e apoio, mas que não é necessariamente real, ou é. O quanto pode ser perigosa essa relação porque é muito destoante da vida real. Em relacionamentos afetivos, de amizade, trabalho ou familiares temos que lidar com os contrários de nós, com divergências de pensamento, negativas. Temos que entrar em acordos, equilibrar as diferenças, ter tolerância, empatia. E quando alguém é feito para não nos contradizer pode ser danosa a nossa realidade. O trabalho dele também é deveras estranho. Há anos ele escreve cartas pelos outros. Seu marido aniversariou? Essa empresa escreve uma linda carta de amor por você pra ele. É aniversário do seu filho? A empresa escreve uma linda carta de uma mãe zelosa. Há muitas questões profundas nesse filme, psicólogos deveriam vê-lo impreterivelmente. Embora o filme seja radical nessas questões, fico pensando o quanto não estamos contaminados por essa ilusão de pertencimento e acolhimento que as redes sociais nos proporcionam. Parecemos sempre felizes e cheios de amigos, mas são nas datas festivas é que realmente refletimos o quanto aquele mundo da fantasia era real ou não. Conheço pessoas que fizeram viagens para lugares lindos e não quiseram sair do quarto do hotel para ficar conversando com os amigos virtuais. E penso o quanto estamos enlouquecendo de acharmos que a vida dentro da caixa do computador possa ser suficiente. Amo a aproximação das redes, os amigos, mas sempre foco também nas relações reais e presenciais, inclusive muitos amigos de blog conheço pessoalmente.
O filme é praticamente o Joaquim Phoenix e a voz da Samantha feita pela maravilhosa Scarlett Johansson. Sua amiga é interpretada por Amy Adams. A trama dela também é peculiar. Ela se separa e o marido deixa para trás a sua SO, uma mulher, ela passa então a se relacionar com a SO e se apaixona também por ela. Ainda em pequenas participações: Rooney Mara, Chris Patt e Laura Kai Chen.
Assisti ao programa Bake Off Brasil: Mão na Massa no SBT. Eu sou bastante avessa a programas de culinária. Esses então com jurados mais ainda porque vários costumam destratar os participantes, não é o que acontece no Bake Off Brasil.
Nesse os jurados Beca Milano e Olivier Anquier criticaram sim, mas sem serem grosseiros. Pontuaram e sugeriram melhoras. Realmente eles dão ótimas dicas e acabam ajudando os participantes. Uma única vez ficaram muito bravos, mas eu entendi, também acho muito pecado debochar da comida que é algo sagrado, tanta gente passando fome no mundo, precisamos respeitar os alimentos. Eles focaram em respeitar o programa e as pessoas que não tiveram oportunidade de participar, já que são inúmeros candidatos. Nadja Haddad era a apresentadora, solar e sensível ela ajudava muito os participantes dando apoio moral, conversas.
O programa foi muito bem editado. Um livro animado mostrava como ia ser cada receita do participante bem como as provas técnicas. Uma produção e tanto, cada participante devia decidir o que ia fazer porque quando o programa era gravado os ingredientes já estavam todos ali, imagino a força tarefa para deixar tudo pronto para na hora do gravando tudo já estar pronto, até porque no começo eram muitos participantes.
Eu resolvi ver por um participante e pelo Olivier Anquier que adoro, foi a primeira vez que ele participou como jurado desse programa. Só que eu logo me afeiçoei há vários participantes e não queria largar mais. Meus preferidos sempre foram Nayane, Paola, Gislaine, Fatinha e Ricardo. Exatamente nessa ordem. Nunca entendi porque Mina virou Luís dois programas depois e só na final voltou a ser Mina. Eu comentei no Twitter que os jurados deviam comer muito cabelo nas degustações, me incomodava terrivelmente os cabelos esvoaçantes de vários. Depois eles passaram a aparecer mais com cabelos presos. As escolhas dos participantes devem seguir regras de realities shows. Procuram personagens diversos: engraçados, vilões, bonzinhos, doces, rústicos, etc.
Depois de um certo tempo eu passei a "ver" com uma amiga pelo whatsapp. É muito mais gostoso poder fazer comentários ao vivo. Nós duas estávamos incomodadas as as esculturas que escolhiam para os participantes fazer. Minha amiga disse que o programa parecia cake design. Ela comentou inclusive que no original britânico os participantes confeccionavam também pães e vários outros gêneros, que é bem mais amplo de habilidade e receitas, não somente esculturas. Fiquei curiosa.
Eu fiquei muito feliz que Nayane e Ricardo foram para a final. Os dois tinham repertório suficiente para preparar uma vitrine de loja de doces, o que não acontecia com vários participantes. Eu fiquei com muita vontade de experimentar os doces que a Nayane preparou durante o programa com rapadura e cupuaçu, iguarias que eu amo. No início estranhei e os jurados também os participantes serem tão repetitivos nos recheios em geral com variações de cremes e chocolates. O Brasil é tão rico em frutas, mas elas apareciam pouco. Por sorte no final foram mais presentes, mas os futuros participantes deveriam experimentar antes do programa vários pratos com frutas, conhecer suas especificidades, porque o Brasil é muito rico na variedade de frutas e poucas foram usadas. A maioria eram as frutas da moda.
Eu fiquei feliz demais que o Ricardo ganhou. Muito merecido. Ele foi bom em quase todo o programa. Concentrado, educado, ajudava os outros, dava dicas. As receitas criativas eram muito bonitas, apesar de um pouco tradicionais. Tanto que sua vitrine tinham belas receitas, mas seguiam um padrão mais tradicional em doces. Espero que faça uma bela viagem que faz parte do prêmio.
Gostei dos patrocinadores dessa edição. Recentemente descobri que a Philco tinha comprado a Black in Decker, marca de produtos elétricos de cozinha incríveis. A Philco pegou a grande tecnologia da Black in Decker e inovou no design. Os produtos ficaram lindos. O vencedor levou a linha toda, mas o segundo e terceiro lugar também ganharam uns produtos. eu adoraria ter todos, mas nem sei onde iria colocar.