Fotos de Bob Sousa
Silmara Deon que interpreta Joana D´Arc. Ela convidou Aimar Labaki para fazer o texto que foi focado no julgamento de Joana D´Arc, que é quase lenda e tem muitas versões. A peça fala então de vários temas como intolerância religiosa, prepotência, machismo, violência. E acaba sendo muito atual. Em um momento Joana D´Arc questiona o inquisidor, quem seria ele para achar que sabe a verdade.
Confesso que eu me incomodo com a ideia que um deus poderia falar a um humano para que ele lutasse e matasse outro alguém só por ser de outro povo. Difícil acreditar que um deus poderia lutar de um único lado e quisesse a morte de outras pessoas. Mas é fato que duvidar de Joana D´Arc só porque ela tem uma fé diferente e desejar a morte dela só porque ela é mulher, camponesa e pobre é de uma prepotência brutal. Rubens Caribé está incrível como o Inquisidor, mas todos no elenco arrasam: Ricardo Arantes, Rafael Costa, Yorran Furtado, Jerônimo Martins, Decio
Pinto Medeiros e Mario Luiz. As mulheres integram o coro e interpretam os anjos e as vozes: Bruna Alimonda, Carol Cavesso, Giovana Cirne, Jamile Godoy, Maísa Lacerda e
Priscila Esteves. Os músicos são Bruno Monteiro ao piano e Leandro Goulart na guitarra.
Foto de Gabriela Lemos
E ser no Teatro Oficina foi fundamental! Incrível como o diretor Fernando Nitsch utilizou o espaço. Esse belíssimo projeto da Lina Bo Bardi foi determinante para todo o clima da peça. Assistir fragmentos, sentir odores, davam a sensação de estarmos no julgamento. Muito inteligente colocar folhas, mato e ervas nos incensários, parecia que estávamos na mata, no passado. Os atores precisaram ter muito trabalho corporal para utilizar todo o espaço, suas escadas. A cenografia Marisa Bentivegna também foi decisivo nesse processo. Que figurinos belíssimos de Daniel Infantini.
Eu ficava bastante agoniada pensando como seria a fogueira já que Joana D´Arc é condenada e queimada viva na fogueira. Volte e meia alguns personagens estavam com tochas e eu ficava em pânico. E fiquei muito impactada com a solução encontrada. A fogueira era de água mas eu senti todo o calor e a dor do fogo queimando viva Joana D´Arc, que impressionante. O efeito foi de uma genialidade estupefante com auxílio da incrível iluminação de Wagner Pinto. Espetáculo inesquecível! O Julgamento Secreto de Joana D´Arc fica em cartaz até 20 de setembro.
Beijos,
Pedrita
Quando estive em Paris, vi um monumento para ela.
ResponderExcluirliliane, li q anualmente paris encena peças sobre joana d´arc.
ExcluirEsta peça deve ser muito interessante. A religião e os costumes e tradições têm sido usados - infelizmente - como ferramentas que objetivam manter uma determinada situação, ou impor uma certa conduta à comunidade/sociedade.
ResponderExcluirEu sou contra isso, a religão diz respeito às coisas do espírito e não deveria ser misturada aos interesses materialistas e mesquinhos.
marly, tb sou contra a instituição e perpetuação do preconceito. as religiões deveriam ser para dar conforto e tentar responder os questionamentos dos mistérios. tb para ter uma união em grupo.
ExcluirOlá Pedrita
ResponderExcluirConheço a lenda de Joana D'arc e concordo que os temas são mesmo bastante atuais, intolerância, machismo, desigualdade social.
Fiquei impactada com sua resenha, a maneira como vc descreveu a forma que o espaço se tornou um "personagem" da peça e o modo como foram utilizados elementos para proporcionar a sensação de presenciar o acontecimento com sensorial.
Vou anotar a indicação.
Bjs Luli
https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br
luli, é uma grande experiência.
ExcluirPedrita,
ResponderExcluirDesculpa a minha ausência, estou de coração partido, quarta-feira passada perdi um irmão, ele tinha 48 anos era o mais velho entre os sete, família grande, um pedacinho de nós foi morar com Deus.
Beijos
andréa, nossa, sinto muito. que triste.
ExcluirDeve ter sido ótima. Anos atrás assisti uma peça com a Cristiane Torloni sobre Joana D´Arc. Era um monólogo e ela arrasou.
ResponderExcluirbig beijos
www.luluonthesky.com
lulu, tb vi essa peça com a torloni q lembro q tinha um trabalho corporal muito intenso.
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