sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Três Mulheres Fortes de Marie Ndiaye

Terminei de ler Três Mulheres Fortes (2009) de Marie Ndiaye da Cosac Naify. É mais um livro que comprei com 50% de desconto quando a editora disse que ia fechar. Essa capa de Martin Woike com foto de Nahua é maravilhosa e que bela edição. E a obra, estou impactada até agora. A autora é francesa de origem senegalesa. Esse é daqueles livros que você quer que todo mundo leia e quer compartilhar suas histórias. Há um grande estranhamento no estilo. As três histórias parecem até que foram escritas por pessoas diferentes, mas ao mesmo tempo todo o horror de ser mulher em terrenos inóspitos estão nas três tramas. Não há saída, não há como fugir as tragédias.

Obra Savanne de Ismaila Manga

Na orelha do livro há um texto de Jean-Claude Bernardet. Ele falou claramente a sensação que tive no livro, como areia movediça, vamos afundando sem perceber até sermos engolidos e nesse caso engolidos por tragédias indissolúveis. A primeira história a filha vai visitar o pai. Ela se surpreende como ele está desleixado, a casa não tem mais nada. E aos poucos vamos conhecendo essa história pavorosa.  É insuportável a não possibilidade de solução daqueles conflitos. Eu queria muito que a protagonista fosse atrás das sobrinhas e adotá-las. É a maior história do livro. As três histórias tem tamanhos completamente diferentes.

Obra Tabaski, Sacrifice du Mouton (1963) de Iba N´Diaye

A segunda história tem um homem como narrador. Ele pensa fragmentos do que pode ter acontecido e é por ele que imaginamos um pouco da história da segunda mulher forte. Está com ele todos os pensamentos retrógrados machistas e violentos, as vinganças, o controle. É igualmente assustador. 

Obra de Christian Boltanski

Não sei como é possível alguma história ser pior, mas a última é a pior. É a menor história e a mais dilacerante. Uma mulher fica viúva, por nada ter, vai viver na casa da sogra. Ela trabalha arduamente no negócio da família, mas isso não impede da família do marido mandá-la embora. Como ela não reage, um homem a leva embora e a saga monstruosa dessa mulher começa. Acho que essa história nunca mais vai sair da minha pele.


Beijos,
Pedrita

12 comentários:

  1. Hello, querida Pedrita!
    Com este tempo chuvoso, ler um bom livro é uma ótima sugestão.
    A sua resenha ficou top, amei!

    Beijinhos, ótimo findes ♥

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    1. andréa, esse livro é bem indigesto. eu aconselharia vc esperar um pouco. mas achei fundamental.

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  2. Olá, tudo bem? Neste fim de semana, assistirei Benzinho. Bjs e e bons votos no domingo. Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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    1. fabio, é um filme que quero ver. eu vou a um concerto hj.

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  3. Olá Pedrita
    Deve ser impactante!
    Curioso que assim de cara pelo título pensei ser sobre uma espécie de revolução feminina algo entre sensibilidade com força, mas fiquei de cara com a frase tragédias indissolúveis.
    Fiquei curiosa, já anotei a indicação.
    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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    1. luli, é muito impactante. sim, tragédia pavorosas. acho q vc vai gostar, mas prepare-se, mexeu muito comigo.

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  4. Já disse aqui: interesso-me muito pelas questões enfrentadas pelas mulheres ao longo do tempo e nas variadas culturas. Sempre estivemos em campos de batalhas, só não as exergam quem não quer.

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    1. marly, é verdade e esse livro beira o insuportável, mas achei fundamental.

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  5. Descobri que está traduzido também em Portugal como Três Mulheres Poderosas e que foi prémio Goncourt 2009. Fiquei curioso.

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  6. Bem interessante esse livro, amei essa capa.
    Bjocas.

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    1. pedagoga, esse livro é incrível mas indigesto. e tb achei maravilhosa essa capa.

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