Obra Le Dessert (1908) de Henri Matisse
Eu não me identifiquei muito com Jean Barois, que no Brasil foi publicado como o Drama de Jean Barois. Nosso protagonista faz várias discussões sobre religião e não ter fé. Ele na infância se torna um fervoroso católico, pede inclusive que sua avó o leve a cidade de Bernadette. Depois ele questiona a fé e começa o caminho para não ter religião. Só que é com o olhar de um católico, mesmo quando ele não acredita mais em Deus. Seu olhar é cheio de culpa como os católicos. Eu tinha lido há muitos anos A Montanha Mágica de Thomas Mann e no sanatório um trio discuste fé e a existência ou não de Deus, mas o grupo é mais eclético. Então em Jean Barois não me atraiu muito aquele olhar religioso negando a fé. Tanto que no final, quando nosso prota-gonista doente resolve voltar ao catolicismo, ele tem medo que o fato de ter negado Deus por tanto tempo, mesmo confessado, não fosse para o céu e sim para o inferno. Estranhei ele acreditar em céu e inferno e ele não pensar que o que define um homem bom ou não, não é a religião ou falta dela e sim seus atos e os atos de nosso protagonista eram de um homem bom. Me surpreendi o protagonista achar que o livre pensamento é um pecado tão grande quanto matar ou roubar. Também me incomodou a vitimização de sua esposa. Ele separa dela fisicamente porque ela não aceita ele não crer em Deus e o culpa a vida toda por ter desgraçado a vida dela. Ele aceita não se divorciar, vai morar em outra cidade, ela continua casada e se faz de coitada a vida toda, de ter sofrido e não sabe viver e ser feliz. Ela ficou na casa dela, na cidade dela, indo a igreja, com a filha, com uma situação financeira confortável, é patético se dizer infeliz, e dentro da religião dela, até pecado e ingratidão com tanta boaventura e fartura.
Obra Paris à Janela (1913) de Marc Chagall
Marc Chagall nasceu na Rússia e morreu na França, é considerado russo e francês.
Gostei muito no meio da obra quando nosso protagonista é dono de um jornal e começa a escrever e debater sobre o caso Dreyfuss. Não conhecia nada sobre esse momento histórico, precisei pesquisar na internet. Dreyfuss foi acusado e condenado injustamente por anti-semitismo. Há várias discussões e julgamentos relatadas em detalhes em Jean Barois inclusive com a presença de muitas personalidades históricas como Emile Zola.
Obra Femme au Tombeau (1894) de Maurice Denis
Anotei alguns trechos de Jean Barois de Roger Martin Du Gard:
“Buis-la-Dame (Oise), ano de 1878.”
“Que é a morte? A desorganização do ser que sou, do qual minha consciência faz a unidade. E então? Desaparecimento da consciência, da alma?”
“Quando vem as decepções, as doenças, a ameaça final é a derrota: nós os vemos recorrer bem depressa aos contos de fadas que consolam...”
“Ah! Senhor padre, foi o grande achado da sua religião o ter sabido convercer o homem de que não deve mais procurar compreender.”
A música e as pinturas do post são francesas do período que a obra foi publicada.
Música do post: Cantiga de Jean Racine de Gabriel Fauré
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From Mata Hari e 007 |
Beijos,
Pedrita
Amo ler, mais prefiro os romances a esses titulos que ficam discutindo, não conheço esse autor mais acabo de colocá-lo na minha lista de futuras leituras hihihi.
ResponderExcluirOs uncios livros que li q discutem religião foram A Viagem de Theo (C. Clement) autora francesa, lindo muito legal a visão final. e o The Blind Wathcmaker O Relojoeiro cego, o R. Dawnkings, um livro mais biologico sobre como um unico ser pode criar coisas tão complexas..
Adorei as dicas Pedrita
Abraço
Gammelo
Pedrita querida: Martin du Gard é um dos autores que estão na minha lista faz tempo. Interesso-me sobretudo por uma tradução de "Os Thibault", em cinco volumes, que a Globo reeditou há poucos anos: é um clássico do chamado romance-rio. Outro fator que faz Martin du Gard estar na minha lista é que Camus o apreciava muito... É isso. Grande beijo!
ResponderExcluir"O Drama de Jean Barois" é o livro da minha vida. Li-o tinha eu 15 anos, deixando de acreditar em Deus. Ainda tenho o meu exemplar, guardado como um tesouro.
ResponderExcluirA "Montanha Mágica", que li quando era mais mais velha, já em alemão, é um dos meus livros preferidos do Thomas Mann - apesar que não há nada, que o Mann escrevesse, que eu não gostasse.
Há quanto tempo, hein, Pedrita! Olha eu aqui de novo! E acho que eu até leria esse livro se ele não fosse como você disse: com muito papel sem usar e muito volume para ocupar.
ResponderExcluir...
Passe lá no meu blog e deixe seu comentário!!!
Pedrita,
ResponderExcluireu com certeza não iria gostar do conteudo deste livro.
mas do livro em si que voce descreveu eu gostei. gosto daqueles livros antigos de papel duro. na epoca ninguem questionava a destruiçao das arvores, hoje não faz mais sentido este tipo de livro.ainda bem. mas para um colecionador é uma maravilha!
e eu estou lendo A FILHA DO RESTAURADOR DE OSSOS, autora chinesa/americana.....
Pedrita, este definitivamente não é o meu estilo de leitura ;)
ResponderExcluirBj
Cara Pedrita
ResponderExcluirRoger Martin du Gard é um dos grandes nomes da literatura francesa e mundial e o caso Deyfuss foi um processo que marcou toda uma geração, ficando célebre o panfleto escrito por Zola "Eu acuso". Ainda ecentemente li o "Jean Santeuil" do Marcel Proust, onde mais uma vez se refere o acontecimento.
Tanto eu como a Paula gostamos dos livros de bolso, especialmente os editados na colecção "Folio", cuja capa é reproduzida no post: são baratos e oferecem quase sempre um ensaios sobre o livro/autor.
Gostámos do que lemos.
Beijinhos
Rui Luís Lima
gammelo, eu começaria com a montanha mágica do thomas mann.
ResponderExcluirrodrigo, antes de começar a ler jean barois eu fiquei com vontade de ler thibaut. agora não estou muito animada.
ematejoca, a montanha mágica é um dos livros da minha vida.
juju, faz tempo mesmo.
fatima, eu gosto de encadernações bonitas, mas essa eu não acho, além de ser pouco funcional.
Nunca li nada desse autor e nunca ouvi falar nele.
ResponderExcluirNossa! E olha que eu leio, hen, rs.
Bjao