terça-feira, 1 de julho de 2025

Echo Valley

Assisti Echo Valley (2025) de Michael Pearce na AppleTV+. Está entre os filmes mais vistos desse streaming e vale pela maravilhosa Julianne Moore. O roteiro é de Brad Igelsby. É um filme super estimado. Tem um bom desfecho, com alguns aspectos incoerentes. Funciona dramaturgicamente!

Na internet falam erradamente de ser sobre amor condicional, não, não é verdade, é um filme sobre falta de amor próprio. A mãe está mal porque perdeu recentemente o amor de sua vida. Viúva, ela tem dificuldade de levar a vida adiante. Como o telhado da casa está desmanchando e ela não tem recursos, ela vai pedir emprestado pro ex-marido que é um grosseiro. Bom, pessoas que não se impõe se rodeiam de pessoas autoritárias. Ele aponta o dedo, acusa ela de não estar dando aulas de hipismo, como se umas aulinhas daria pra pagar uma reforma de um telhado, quando muito ajudaria nas despesas da casa, alimentação, combustível. E mesmo assim, todo dia de manhã ela cuida dos animais, é um trabalhão.
A filha é dependente química e só aparece pra infernizar a vida da mãe. Ela é Sydney Sweeney. Concordo com o pai que diz que a mãe só passa a mão na cabeça dela, mas bem confortável o pai julgar à distância, sem dar suporte e muito menos ser pai. Fácil apontar o dedo de longe. A filha sabe que a mãe está deprimida e à noite bebe um pouco pra relaxar. Se aparecesse de manhã suas mentiras não teriam tanto impacto. Mas à noite, a mãe exausta do trabalho da fazenda, com um pouco de vinho, é mais fácil ser manipulada. E a filha sabe manipular a mãe brilhantemente. Sim, a mãe é meio tonta, é fato, não se posiciona, outro fato, mas a filha é muito ardilosa. Domhall Gleeson também está no elenco como outro mau caráter.
Ela tem uma amiga que emociona, da maravilhosa Fiona Shaw. Diferente do ex-marido, ela acolhe a amiga. Aparece pra visitar e resolve ficar um dia, ajuda no trabalho na fazenda, prepara uma comida, bebem, dançam e não julga. Até fala que está preocupada, mas não aponta os dedos. E diz que a amiga está em luto, que é difícil mesmo. É essa amiga que aparece sempre que ela precisa, atende sempre que a amiga liga. Leva a amiga pra passar uns dias com ela e a companheira, mas arruma ajudantes pra fazenda pra amiga poder se ausentar. Literalmente pensa em tudo! Acaba sendo fundamental para o desfecho do filme.

Beijos,
Pedrita

domingo, 29 de junho de 2025

Garota do Momento

Assisti Garota do Momento (2024-2025) de Alessandra Poggi na TV Globo e GloboPlay. Gosto de ver na hora que passa, quando perdia um pouco, voltava pelo controle remoto. Só quando perdia mesmo que ia na GloboPlay. Que novela! Que perfeição! Que revolucionária! Quanta saudade! Eu me incomodo profundamente com o desprezo às novelas das 18h que vem sendo muito mais inovadoras e transgressoras. A emissora e muitos ainda vem como um produto menor e usam frases como simpática, engraçadinha, etc.A própria emissora não reprisou o capítulo no sábado, só será na segunda.

Ficamos estupefatas com a trama da Clarice defendida incrivelmente por Carol Castro. Ela é viúva de Petrópolis, vem para São Paulo expor seus trabalhos e se apaixona pelo pérfido Juliano do ótimo Fábio Assunção. Ele por acidente mata a mulher da sua filha, Julia Stockler, e Clarice vê. Sua mãe da incrível Lilia Cabral arma um plano de tirar o fôlego, nós nem conseguíamos acreditar. Falo sempre no plural feminino porque acompanharmos a novela junto com um grupo de noveleiras no whatsapp. 

Clarice é atropelada por um bonde, acorda e não se lembra de nada. Maristela resolve então criar uma nova vida pra ela, irmã falsa, outra filha no lugar da verdadeira, que plano. Clarice é afastada sem saber de sua filha verdadeira, pela excelente Duda Santos. Pra fechar o plano com chave de ouro, se unem a um médico inescrupuloso que receitas medicamentos que confundem mais ainda a cabeça da Clarice e ainda dão uma dor de cabeça dos infernos. Que trama bem amarrada. Mirabolante, mas impecável!
Amava as empresas da novela. A Perfumaria Carioca era dos vilões. A empresa de propaganda, a boate, a escola de estilo. Zélia era a irmã falsa de Clarice. Que personagem e que interpretação de Letícia Colin. Amamos odiar Zélia, mas nos emocionamos muitas vezes porque seu personagem era muito complexo e com tantas mas tantas camadas. A autora resolver matar Zélia ao final. O Twitter ficou inconformado, irritado, e com razão. Ela tinha acabado sua vingança justiça, merecia outro desfecho. E novela é bom por isso, nós adoramos concordar e discordar da trama, escrever do nosso jeito, essa é a delícia de ver novela, palpitar em tudo, reclamar do que não gostamos, nos apegar a personagens.
E como amamos o outro vilão Basílio. Cauê Campos estava impressionante. Amamos e odiamos o tempo todo. Um trambiqueiro fez um par romântico caliente com Maristela, que química dos dois. Ele amava Beatriz, e vivia com ela no orfanato da avó de Beatriz, da ótima Solange Couto.


Adorava o clube Gente Fina, gerenciado por Sebastião (Cridemar Aquino) e Vera (Tatiana Tiburcio), que davam um duro danado para manter o lugar, pagar as contas. No clube passaram Ruth de Souza (Eli Ferreuira), Alaíde Costa, Alcione, Pixinguinha. Onde falou-se muito do cinema novo.

Os donos do clube eram pais do Ulisses (Ícaro Silva) que tinha o boliche mais batuta da novela. Era onde os jovens iam rosetar.


Vera trabalhava na casa da família Sobral. A mãe da incrível Paloma Duarte foi atrás dos seus sonhos que era cantar e os filhos ficaram com o marido e Vera os assumiu, quando eram muito pequenos. A novela falou demais de machismo, responsabilidade afetiva. O pai era muito conservador, que incrível personagem da Danton Mello. Ele não deixou a ex se aproximar dos filhos, não entregava presentes e cartas. Se ele permitisse que ela convivesse com eles, tudo seria muito diferente. Os filhos se traumatizaram muito com o afastamento da mãe. E que atores que fizeram os filhos. A autora defendeu muito carreiras para as mulheres. Celeste queria ser escritora e conseguiu, Débora Ozório estava incrível. João Vitor Silva fazia o invisível filho. Pedro Novaes o filho eleito, jornalista, talentoso e o mocinho da trama. É ele que se torna cineasta do cinema novo.

Outra que tinha uma família nada convencional era Marlene, da maravilhosa Ana Flávia Cavalcanti. Perfumista, ela sofria um bocado com o filho irresponsável que não queria saber nem de estudar nem trabalhar. Caio Cabral estava ótimo. Até que ele conhece seu pai de Silvero Pereira. Ele leva um tempo para descobrir que Silvero era na verdade a internacionalmente conhecida Verônica Queen e se rebela. A perfumista teve sua fórmula roubada pela perfumaria da novela. Depois passou a criar e vender seus próprios produtos para cabelos de quem tem pele negra, cremes para pele negra e fez muito sucesso. 

Iolanda da ótima Carla Cristina, dona da pensão criava sozinha a Ana Maria, amei a Rebeca Carvalho. Iolanda tinha um romance escondido com Ulisses. Ela acaba engravidando e eles vão casar. Ela desiste porque ele ama Glorinha da incrível Mariana Sena. Todos na pensão a apoiaram. A novela era muito acolhedora, as mulheres se apoiavam, ajudavam umas as outras. O que é muito transgressor. Ana Maria então emocionava, ela é a primeira a perceber que o amigo é homossexual e o acolhe. Moderna, a frente do seu tempo, foi a primeira a usar maiô de duas peças, um biquini amarelo de bolinhas. 
O casamento mais lindo foi de Gloria e Ulisses. Como os dois são lindos e que noiva maravilhosa. Foram dois casamentos com líderes religiosos de matrizes africanas. Glorinha montou um salão para cabelos encaracolados e fez muito sucesso.


Bia era uma das vilãs da novela da ótima Maisa Silva. Ela era amigas da Eugênia de Klara Castanho e de Celeste. Bia na verdade era Isabel e não sabia. Por ter problema no coração, foi mimada até e só pensava nela. O Twitter queria que ela sofresse muito, até chegou a ser presa, mas eles queriam muito mais. Bete Mendes arrasou como a avó que achava que a filha e a neta viajavam. Figurinista de mão cheia, ela que fazia boa parte das roupas da TV Ondas do Mar. A mãe de Eugenia de Maria Eduarda Carvalho tinha mania de limpeza depois de um trauma, com a terapia resolve cursar Psicologia. Nos resultados do vestibular muitos personagens passaram. Uma pena Topete não, outro personagem incrível de Gabriel Milane.

E como amamos as fofoqueiras nas janelas. Matérias diziam que elas gastariam uma fortuna fofocando direto ao telefone, as ligações eram caríssimas na época e a autora brincou com isso no último capítulo. Elas tiveram a linha cortada porque não pagavam há meses as contas. Mariah da Penha e Arlinda de Baio arrasaram. O bordão Cala-te boca agradou tanto que elas criaram um instagram. As redes sociais bombavam com a novela e seus capítulos perfeitos. Os atores gravavam vídeos, o público fazia memes e mais vídeos. Era um estouro!
Como nós amávamos Guto e Vini de Pedro Goifman e Elvis Vittorio. Guto demorou para perceber que não gostava de meninas, até namorou a doce Eugênia. É quando surge Vini que o amor explode. Eles amavam musicais, iam sempre ao cinema e arrasaram nos números musicais que criavam, eu me emocionava sempre. Maria Flor fazia a doce mãe de Guto e o acolhe. Mas a cesura chegou, a emissora alegando reclamações do núcleo conservador, separou os rapazes. A autora bancou que não era censura, mas ficou claro e infelizmente o retrocesso tem ficado claro na emissora. Arrumaram um namorado pro Guto como prêmio de consolação ao final, mas o público continuou reclamando.

Amei que tinha a TV Ondas do Mar com o ótimo Eduardo Sterblich e seu carismático Alfredo Honório. Adorava seu sócio também que criou a novela dentro da novela, Senhora. O sócio Sergio de Sergio Kaufmann era um dos melhores partidos da novela, mas infelizmente se sucumbiu a insuportável Jacira de Flávia Reis. Como disse uma amiga, só a autora gostava da personagem. A novela precisou se esticada, a autora escolheu enrolar com o núcleo nada cômico e os capítulos perfeitos desapareceram. Foi muito triste e insuportável aguentar as bobagens repetitivas de Jacira e cia. E pior, muitas tramas foram apagadas como a da Marlene, muitos núcleos raramente apareciam. Depois de muita reclamação, alguns personagens surgiam só de elenco de apoio, muito triste.
A novela foi um primor, estou com tanta saudade. Veio o fim no casamento de Beatriz e Beto e começaram as dancinhas, foi demais, não canso de ver vídeos de cenas que não foram, finais diferentes, ensaios, uma explosão de emoção nas redes. Melhor novela da TV Globo do Momento!








Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Homem com H

Assisti Homem com H (2025) de Esmir Filho na Netflix. Fiquei muito feliz que entrou no streaming, eu até vi horários nos cinemas, mas acabei não indo. Surgiu o debate que o filme entrou no streaming enquanto ainda rendia muitos milhões nas bilheterias. Eu não tenho uma opinião formada sobre isso. Na Netflix o mundo inteiro poderá conhecer as músicas e as histórias desse gênio, não sei se há tempo certo pra isso acontecer. Inclusive aumentaram expressivamente a busca por Ney Matogrosso no Google desde que o filme estreou na Netflix e o filme está como o mais visto do streaming brasileiro. O filme é baseado na biografia de Julio Maria e Ney Matogrosso participou de várias gravações. Minha mãe era muito, mas muito fã de Ney Matogrosso, não perdia um show quando ele vinha pra São Paulo. Estranhamente eu só vi um show em Manaus quando estive a trabalho por lá. Tenho uma memória afetiva muito forte dessa data, tanto pelo belíssimo show que vi como pelos que estavam comigo. As músicas que o Ney Matogrosso interpretava eram maravilhosas. Gostei que o filme intercalou as mais icônicas com outras pouco conhecidas.

Eu conhecia muito pouco da vida pessoal de Ney Matogrosso. Na infância ele foi espancado e maltratado sistematicamente pelo pai militar e pavoroso. Até não suportar mais e sair de casa. Também não conhecia a paixão de Ney pela mata. Uma graça o garoto que faz Ney criança, Davi Malizia.
O elenco todo é muito bom, não só pelas caracterizações, mas por serem grandes atores, independente de serem muito conhecidos ou não. Os pais são Hermila Guedes e Rômulo Braga. O pai militar era muito violento com Ney desde criança até que ele sai de casa. Me surpreendi quando pai conta ao filho que abandonou a carreira militar porque não concordava com tudo vinha acontecendo. Possivelmente foi aí que Ney começou a perdoar o pai.

Jesuíta Barbosa está maravilhoso, que ator! Ele emagreceu 12 kgs para interpretar Ney, também fortaleceu o corpo e músculos. Assim que Ney sai de casa, para sobreviver, ele se alista no exército. Não tinha ideia que Ney tinha seguido tantos caminhos até ser o artista que conhecemos. Ele sai do exército, vai trabalhar em um hospital em Brasília, cursa teatro e participa de um coral. É lá que o maestro elogia a belíssima voz de Ney. No exército ele fica amigo do personagem de Augusto Trainotti, adoro esse ator. Interessante o caminho dos dois. Ney luta pela arte e para se colocar na arte e pela liberdade, o amigo já se conforma ao destino, se casa e tem filhos que diz amar muito.
Ney falava muito em ser ator. Enquanto estudava fazia joias, figurinos para os espetáculos, adereços. É quando começa a criar os seus próprios personagens que viriam a ser sua marca. Foram amigos que apresentaram os artistas do Secos e Molhados. Eles escolhiam repertório, lindíssimas canções e poesias por sinal, e buscavam formar uma banda. É Ney que vai insistindo na maquiagem e caracterizações.
O filme recria a imortal capa do LP dos Secos e Molhados que explodiram. A banda lotou o Maracanã, foi um sucesso retumbante. O pai de um deles cria um contrato pavoroso, onde só ele se beneficia, mesmo Ney vivendo ainda precariamente, mesmo a banda estando no auge, Ney se recusa a assinar. É quando começa a sua carreira solo. Apesar do seub pai ser bastante conservador, ele ia ver os shows do filho.
É a década de 80, tempo de amor livre. Quando Ney conhece Cazuza, ele já estava perto dos 30 anos, Cazuza perto dos 20. Como Ney aos 20, ele vivia muito livre, muitos amores, casais, homens, mulheres, muita liberdade. Ney continuava livre, mas já não mais tão impulsivo. É quando Ney apaixona-se pelo médico Marco de Maria, lindo, Cazuza também se interessa. Ney conta pro médico e diz que eles são livres. E entendemos que eles também se relacionam. Adoro Bruno Montaleone, que ator. Cazuza é interpretado por Jullio Reis

Ney sempre foi muito reservado, então eu e boa parte do público sabia pouco sobre desse grande amor. Eles viveram juntos por 12 anos. É na década de 80 que a Aids vem devassar o amor e matar tanta gente. A escolha de como contar no filme é cuidadosa e não sensacionalista. Enquanto eles dormem a TV está ligada e lá um jornalista fala da doença que chega no Brasil. Não sabia que Ney tinha dirigido, é ele que dirige o show famoso de Cazuza quando ele está com a bandana e quando já estava no fim da vida, sofrendo as consequências dessa doença impiedosa. Era a época que não tinha tratamento algum, as pessoas definhavam muito rápido. Cuidadosa a cena do casal conversando com o exame na mão na cama. Ney sente culpa por ter sido poupado, vai se saber o motivo, sorte, genética, mas seu companheiro não. Ney diz que fez o mesmo que todos os outros, que não entende. O médico sugere que eles se separem porque a degradação dele virá, mas Ney diz que não. Poucos sabem, mas Ney cuidou do médico com uma dedicação que emocionou. São poucas cenas, Bruno Montaleone precisou emagrecer muito para essas cenas. Os banhos juntos, se escorando em Ney. Ney preparando com a enfermeira a UTI no quarto do apartamento. A morte também foi feita de modo poético. Já ouvimos os sons dos aparelhos da UTI, principalmente aquele que acompanha o coração. A cena segue para um show de Ney, ele canta a belíssima Poema de Rio de Lucina e Luli, do primeiro LP solo de Ney e o som do aparelho do coração para.

O filme corta com Jesuíta na mata, vendo a propriedade que sempre admirou. Quando ele olha para o rio, lá está Ney Matogrosso hoje de costas. O filme segue então para o show de Ney, lotado, em 2024. Que filme bem realizado, bem editado, tudo escolhido milimetricamente. Que obra! 

Tem instagram do filme com vários vídeos de bastidores, entrevistas.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Mickey 17

Assisti Mickey 17 (2025) de Bong Joon Ho no Max. Eu queria muito ver esse filme, adoro esse diretor sul-coreano. Ver seus filmes nunca é uma tarefa fácil porque ele é muito ácido.
 

Mickey quer se inscrever para uma viagem espacial. Robert Pattinson está impressionante! Cada vez mais gosto desse ator! Por ele não ter qualificação nenhuma e descobrir que não seria escolhido, ele acha a única categoria que se encaixa, no Descartável. Todos os selecionadores ficam espantados, perguntam se ele leu todas as entrelinhas, se ele tem certeza, e ele continua insistindo. Ele quer ou precisa ir de qualquer jeito e sabe que só assim conseguiria.
O líder que criou essa maluquice é um coaching, amado por todos. Daqueles que falam uma montoeira de baboseiras de autoajuda, liderança, como se amasse todo mundo, mas só olha mesmo para o próprio umbigo e de sua esposa. Óbvio que ele é de ultradireita e pra completar ele esconde que tudo é uma seita. Mark Ruffalo está genial! Que ator! Como odiamos o personagem. Tony Collette não está diferente. Que ódio que temos do casal.
E o que é o Descartável? Mais um experimento. Ele faz tudo o que é perigoso. Respira o ar de onde vão ficar. Se morre, é impresso outro. E sim chega ao 17. Ele morre e é reimpresso 16 vezes. Eles guardam a memória e é passado a cada nova reimpressão. É muito perverso! A euforia do líder em encontrar quem aceitasse ser o Descartável é nojenta, bom, tudo é nojento. O diretor é um grande crítico social. Como o rapaz é o Descartável, o mais baixo da pirâmide, ele é desprezado pela maioria, todos acham que podem maltratá-lo, desprezá-lo porque é considerado inferior, um ser humano inferior. E como é linda a par romântico dele, Naomi Ackie.
Sofri com os animais locais. Eu sofro demais com filmes que tem animais, pelo jeito com os extraterrestres também. Parei e voltei várias vezes porque não aguentava o sofrimento que causavam no filhote.
O elenco é ótimo, deve ser uma disputa pra trabalhar com esse diretor renomado: Steve Yeun, Patsy Ferran, Anamaria Vartolomei e Cameron Britto. Fizeram uma coleção de cartazes, um mais legal que o outro.
Beijos,
Pedrita

terça-feira, 24 de junho de 2025

Eileen de Ottessa Moshfegh

Terminei de ler Eileen (2015) de Ottessa Moshfegh da Todavia. Eu fiquei interessada em ler esse livro depois que vi o filme homônimo. Fiquei muito curiosa em conhecer na escrita os detalhes da personagem tão complexa. No Brasil resolveram complementar o nome da obra, totalmente desnecessário! Que texto! Que capacidade de descrição dos acontecimentos! Gostei demais!

O marcador de livros ganhei de um amigo, vieram vários semelhantes em uma caixinha.

O livro é ambientado na década de 60. Eileen é uma jovem que não se encaixa na sociedade. Perdeu a mãe de câncer, mas não tinha uma relação muito boa com os pais. Ele é alcóolatra. Eileen acredita que precisa cuidar deles. Ela acaba indo trabalhar temporariamente em um presídio de menores infratores e acaba ficando. A autora sabe construir brilhantemente os sentimentos dos personagens. A vida disfuncional de muitas pessoas. Fala muito de submundo, de vidas que não queremos olhar, dos invisíveis. Rebecca é loira no filme e quando a vi aparecer achei perfeita, meio Marylin Monroe. No livro ela é ruiva de cabelos longos e logo que apareceu achei perfeita, não podia ser diferente. Como a arte pode nos convencer na construção de seus personagens. Fui completamente volátil em aceitar a caracterização em cada expressão artística.
Acho incrível como Ottessa constrói Eileen. Carente de tudo, revoltada, ela se ilude com muita facilidade. Todos desprezam Eileen, não tem empatia com ela e a culpam por tudo, como se ela que fosse a responsável pelo pai, pela casa e ainda ter que trabalhar. Todos os conflitos que o pai cria bêbado, os policiais alertam Eileen, como se ela que tivesse que controlar o pai. Nunca falam diretamente com ele. Gosto demais como a autora vai criando a tensão e as surpresas e mais ainda como ela finaliza a trama.

Ottessa Moshfegh é americana, filha de mãe croata e pai iraniano, talvez por isso compreenda tanto essa sensação de não pertencimento na sociedade.

Beijos,
Pedrita