segunda-feira, 2 de março de 2020

O Advogado e O Imperador de Gilberto de Abreu Sodré Carvalho

Terminei de ler O Advogado e O Imperador - A História de um Herói Brasileiro (2015) de Gilberto de Abreu Sodré Carvalho da Duna Dueto. Eu vi esse livro na Feira do Livro da USP. Em breve vai ser lançado o filme Prisioneiro da Liberdade sobre o Luiz Gama, então queria ler mais detalhes da história, embora já conhecesse um pouco.
O marcador de livros é em couro.

Luiz Gama nasceu livre de mãe negra e pai branco, senhor de engenho, que nunca assumiu a paternidade. Quando ele tinha 8 anos a mãe precisou fugir porque era procurada por ter ajudado em uma fuga de escravos, a mãe achou que o pai cuidaria do filho. Mas o pai gastava muito em jogo, bebidas, perdeu tudo, então resolveu vender o filho como escravo com ajuda da igreja que o rebatizou como escravo. Quando chega a maioridade é que passa a estudar. Depois passa a estudar muitos livros de direito. No Império existiam só duas faculdades de direito, a de São Paulo e a de Recife, mas os números de casos eram muito maiores que os advogados formados. Então o Império credenciava pessoas para atuarem nos processos, e outros provisionados para defender os mais pobres que ficavam sem advogados. Luiz Gama consegue se destacar e lutar principalmente por homens livres tido como escravos. Na época era proibido traficar escravos, mas o contrabando continuava. A igreja ajudava nos batismos como tinham feito na infância do Luiz Gama e senhores de escravos também trocavam documentações de escravos mortos pelos contrabandeados da África já que o tráfico continuava clandestinamente. Luiz Gama passa a incomodar e a sofrer todo o tipo retaliação. É demitido da polícia que trabalhava, não tem autorização para ser ouvinte em aulas de direito, não tem autorização para defender pessoas.
Altivo, Luiz Gama nunca se curvava. Incomodava muito a corte que reclamava que ele não ficava no "lugar dele".

Foto do filme.

Trecho de  O Advogado e O Imperador de Gilberto de Abreu Sodré Carvalho:


“A coragem do Gama está em defender, mediante a lei, os africanos vindo à força, em um ambiente político no qual o Bragança é omisso e conivente com o tráfico ilegal. Seu destemor está em enfrentar juízes corruptos – eles próprios contrabandistas, em grande número -, ministros da Coroa Imperial que se valem do cargo para manter escravos ilegais e funcionários públicos que são beneficiários dos contrabandistas. E mais: o Gama opõe-se aos padres que batizam os africanos, atestando serem eles nascidos no país e, assim, passíveis de sujeição pérfida: opõe-se aos políticos do alto prestígio que substituem escravos mortos por africanos contrabandeados a quem lhes fazem tomar a identidade e a documentação correspondente. Triste Brasil! Os engodos feitos pelos padres enojam o tribuno. Ele se lembra do próprio caso: a formalização de dois assentamentos de batismo, um de menino livre e outro de escravo, o que deu a seu pai, medonho senhor de escravos, o arbítrio de o poder vender como peça. Triste Igreja!

A hipocrisia dos governantes e dos homens públicos é apavorante. Todos eles fingem ser decentes, gente de bem. Mas é raro se ver um correto e limpo no coração! Mais que todos, são torpes os juízes; porque deles se esperaria alguma isenção.”
Beijos,
Pedrita

8 comentários:

  1. Respostas
    1. carlos, é desconhecido pra muitos até aqui no brasil.

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  2. Bom dia, querida Pedrita!
    É um livro bem marcante, infelizmente vimemos esta realidade no mundo político!

    Beijinhos ♥

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  3. Respostas
    1. lulu, eu fico procurando melhorar minhas lacunas históricas.

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  4. Nossa fiquei impactada com sua resenha!
    Confesso que não conhecia a história de Luiz Gama
    Cho-ca-da que ele foi vendido como escravo pelo próprio pai :(
    Que que é isso????????
    E a igreja compactuava com esse crime :/
    Vai para a wishlist.
    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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    1. luli, foi um grande advogado. ele conseguiu desvencilhar vários homens livres escravizados de novo.

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