sexta-feira, 8 de setembro de 2023

She Said

Assisti She Said (2022) de Maria Schrader no TelecinePlay. Eu sabia que teria que ter coragem de ver esse filme. É sobre jornalismo investigativo realizado por duas jornalistas do New York Times, Jodi Kantor e Megan Twohey sobre os abusos cometidos por Harvey Weinstein, que atualmente está preso com pena de 23 anos.

O tempo de investigação foi muito longo. Começa com uma das jornalistas que tem duas filhas pequenas, a outra está grávida e cuidando de outras pautas. Até que elas são unidas pela direção do jornal. Quando elas passam a trabalhar juntas, a outra já teve o bebê. Harvey Weinstein era um grande produtor de filme americanoA grande dificuldade foi conseguir provas, elas localizam várias mulheres, algumas não queriam falar e elas descobrem que elas fizeram acordos antes mesmo da denúncia ir à polícia. Elas ganhavam dinheiro e assinavam um documento onde se comprometiam a nunca mais falar do assunto com quem quer que seja. Pra piorar, elas não ficavam com cópia do acordo. Era muito difícil provar já que parte dos crimes eram cometidos entre quatro paredes, a palavra de um famoso e poderoso, contra as atrizes e profissionais do segmento.
O filme foca na investigação, nas cenas no jornal, nas conversas com as entrevistadas. O filme só mostra objetos que simbolizam os locais dos abusos. Gostei da condução do roteiro. Em geral o produtor assediava mais jovens atrizes, que tinham mais o que perder se denunciassem. Mas ele era tão perverso que se alguma conseguia se livrar do assédio, ele entrava em contato com outras produtoras e ela não conseguia mais trabalho. Sempre comento que há pessoas perversas, mas que há uma teia enorme de quem se silencia ou acata absurdos. Ele era poderoso, mas outra produtora aceitar não contratar uma atriz porque ele interferiu, é assustador. É uma teia de violência, desproteção, abandono e vulnerabilidade à mulheres. Os diretores do jornal são Patricia Clarkson e Andre Braugher.
Carey Mulligan e Zoe Kazan estão ótimas. Gostei que o filme mostra a vida pessoal das jornalistas. Elas tinham maridos incríveis que seguravam a onda no período de investigações. São telefonemas de madrugada, muitas entrevistas, solicitações. Viviam fora. A que tem filhas maiores precisa viajar, seria impossível pra outra, mas não é fácil porque ela também tem filhas pequenas. Mostra o quanto é difícil conciliar trabalho e maternidade.
As jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey. A matéria que elas publicaram. Depois elas lançaram um livro She Said que quero ler e no Brasil foi lançado pela Companhia das Letras.

Beijos,
Pedrita

8 comentários:

  1. Oi Pedrita, tem filme que é preciso coragem pra assistir. Bjs querida. Bom final de semana. NalPontes

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  2. Acho que as pessoas como o tal produtor se beneficiaram (e muitos ainda se beneficiam) da cultura machista vigente. Para esses homens, a subjugação e a violação (de mulheres, principalmente) tem sido quase um jogo perverso. Na "arena" em que eles atuam o homem tem que se mostrar 'garanhão', predador, capaz de consumar o estupro, fazendo, muitas vezes, com que pareça algo consentido. É isso que se chama "cultura do estupro".

    Beijo e bom fim de semana

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    1. marly, sim, o produtor era poderoso, ninguém queria perder se indispondo com ele. é um absurdo. sim, o filme fala muito dessa rede de apoio ao assediador e não as mulheres.

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  3. Quero muito assistir esse filme.
    Assustadora essa cultura machista e sexista.
    Essas jornalistas incríveis e corajosas!
    Concordo plenamente com você quando diz que a perversidade alcança níveis assustadores porque muita gente se omite 😞😞
    Sensacional sua resenha!

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    1. luli, eu tb queria, agora quero ler o livro. sim, coragem, e apoiadas pelo jornal. como o jornalismo é fundamental. sim, os doentes existem, mas absurdo que sejam protegidos por muitos. e tb q ganhem notoriedade, poder e dinheiro e as mulheres fiquem sem trabalho. tudo ao contrário. obrigada

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  4. Acredito que seja um filme que mexe com o imaginário ao nível dos sentimentos.
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    Feliz fim de semana. Saudações poéticas.
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    Poema: “ Coração a sofrer de amor “
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