terça-feira, 14 de novembro de 2023

O Gambito da Rainha

Assisti a série O Gambito da Rainha (2020) de Scott Frank e Allan Scott na Netflix. Essa é do grupo "todo mundo viu menos eu". Demorei bastante pra começar a ver. O 007 ama essa série e nós gostamos muito do trabalho da Anya Taylor-Joy.

O roteiro é muito bem construído e editado. Apesar de falar de xadrez que eu acho uma chatice, não fica cansativo. É um roteiro ficcional inspirado em mulheres que jogavam xadrez. A protagonista fica órfã logo no começo da série e vai para um internato. Ela conhece o zelador no porão, ele jogava xadrez e começa a jogar. Ele fica impressionado com a destreza dela e como ela vinha já com partidas na cabeça, mesmo sem ter tabuleiro. Uma graça a Isla Johnston. O Zelador é Bill Camp.
Eu gostei muito da construção das relações. A protagonista era fechada e as pessoas que ela lidava também. Ela é adotada na juventude. Descobrimos em meias palavras que o pai (Patrick Kennedy) que quis a adoção, mas ele não queria saber da jovem. A mãe (Marielle Heller) também não liga pra ela. Percebemos que o pai queria uma companhia pra mãe, porque logo depois ele a abandona, com a desculpa que tinha um trabalho em outra cidade. A mãe bebia muito. E a jovem começa a participar de torneios de xadrez. Me emocionei quando a mãe percebe que elas podiam sair da situação financeira horrível que estavam com os torneios da filha. Ela começa a ajudar a filha e se tornam grandes amigas. A relação não é muito mãe e filha e sim de duas amigas. Com isso a mãe começa a ter uma vida muito diferente da anterior, viagens, bons hotéis. Continua bebendo muito, e usava pílulas indicadas por médicos como acontecia muito na época e se viciou nas substâncias, mas foi bem feliz. A filha é generosa com ela, dá comissões, mas o dinheiro é dela, mesmo sendo menor de idade, compra belas roupas, mas realmente só vive para o xadrez. A mãe que insiste que a vida é mais que isso.

Em algumas críticas negativas concordei com uma. Quando Beth joga na Rússia, falaram que ela seria a primeira mulher a jogar com homens no país, o que não era verdade. Tinha uma russa que já tinha participado de várias disputas com homens. Foi uma licença poética ruim e desnecessária.

Teve uma questão que me incomodou, o fato dela receber homens na casa dela em Kentucky. Ela já vivia sozinha. Um só ia pra ajudar ela no xadrez, depois passou a dormir, mas em qualquer caso seria um escândalo no bairro. Ela seria mal vista e as pessoas a afastariam. Em Nova York não, mas na cidade conservadora que ela vivia, mulheres sozinhas não recebiam homens em casa. Os dois rapazes que ajudam ela a vencer o russo (Marcin Dorocinski) são Harry Melling e Thomas Brodie-Sangster.

Beijos,
Pedrita

8 comentários:

  1. Sou suspeita para falar porque sou apaixonada por essa série.
    Achei bem roteirizado, bem construída, interpretações inspiradas.
    Confesso que não tinha me incomodado o fato dela receber homens em casa, mas provavelmente porque "fiz amizade" com os personagens.
    Vendo agora sob outra ótica faz todo sentido sua análise sobre o Estado e tbm a época.
    Concordo que a licença poética além de desnecessária foi bem ruim.
    Sua resenha está EXCELENTE ❤
    Foi a melhor que li sobre a série.

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    1. luli, é uma graça mesmo. sim, redonda. sim, a série faz parecer natural os rapazes na casa, mas seria um escândalo na época. sim, a série é demais, não precisava colocar ela como a única mulher a jogar com homens na rússica.
      obrigada

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  2. Já ouvi falar muito bem dessa série, mas ainda não tive a oportunidade de ver.
    Big beijos
    www.luluonthesky.com

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  3. Ainda não vi. Em compensação, comecei a ver - e parei - uns tantos que julguei medíocres. Deveria ter visto este. Talvez veja, rsrs.

    Beijo

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    1. marly, eu tb começo a ver uma montanha de séries e algumas ficam pelo caminho. essa é ótima.

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