sábado, 30 de dezembro de 2023

Memórias de uma Moça bem Comportada de Simone de Beauvoir

Terminei de ler Memórias de uma Moça bem Comportada (1958) de Simone de Beauvoir da Editora Nova Fronteira. Tem um tempo que comprei em um sebo A Força das Coisas e quando fui ler vi que é de uma série autobiográfica. Um tempo depois comprei o primeiro na Feira do Livro da USP.

Marcador de Livros de Paris, presente de uma amiga.

Simone de Beauvoir e sua amiga Zaza (1928)

Eu acho fascinante como Simone de Beauvoir escreve em profusão. É uma capacidade envolvente de palavras atrás de palavras. Como escreveu! É impressionante! Até estranhei o nome do livro já que Beauvoir foi longe de ser uma mulher bem comportada e não no mal sentido. Sempre lutou contra as convenções. Me surpreendi que ela era de uma família muito rica e católica e fiquei pasma que Simone foi muito católica até a adolescência. Até que começou a discordar do deus do padre, mas quando saía às ruas, na natureza, se reencontrava com deus, até perdê-lo de vez. Nesse foto está com a sua inseparável Zaza. Ela comenta que dada a escassez financeira, ela e as irmãs se vestiam muito mal. Ela com o tempo passou a gostar de chocar a família com seu desalinho não só na vestimenta, como em cabelos e falta de higiene. Deu pra entender porque ela tinha tanta erudição. Seus pais liam muito, mesmo que a leitura fosse aceita pela religião católica, Simone leu muito. Seu pai era um sonhador, ele que a levou ao teatro. Mas ele vai perdendo dinheiro então a família cada vez vai para apartamentos menores. Seu pai então avisa que o fato dela e das irmãs não terem dotes, elas teriam que trabalhar. Aos 13, Simone achava terrível a ideia de casamento, então aceitou de bom grado se enfiar nos estudos. Estudou para o magistrado, filosofia, trabalhou em biblioteca. Conheceu Simone Weil, mas não se identificaram. Nos exames Weil ficou em primeiro lugar, Beauvoir em segundo. Desde muito pequena sempre escreveu, depois sempre escrevia livros que nunca publicava. Nessa obra inclusive não publicou nenhum. Seu primeiro livro, A Convidada, foi publicado somente em 1943. Tem muitos anos que li esse livro. Simone de Beauvoir nasceu em Paris em 1908 e mesmo as famílias sendo mais conservadoras nessa época, é perceptível que eram bem mais evoluídas que as mulheres brasileiras do mesmo período. Elas frequentavam bares, cafés, estudavam, eram estimuladas a estudar. Mesmo em casa debatiam literatura, vertentes. Analisavam intelectualmente os pretendentes.
Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre (1939)

Sartre só aparece no final do livro. Ele e dois amigos se preparavam como ela para os concursos. O trio era fechado e não interagia com os outros. Mas um amigo passou a se aproximar de Simone. Ficaram muito amigos e depois de um tempo ela se aproximou de Sartre. O amigo não passou no concurso, teve que mudar de cidade e a relação de Beauvoir e Sartre se consolidou. O livro termina com eles muito amigos.


Beijos,
Pedrita

17 comentários:

  1. Delighted to wrap up "Memoirs of a Well-Behaved Girl" by Simone de Beauvoir; snagged "The Force of Things" at a second-hand bookstore. Accompanied my reads with a Parisian bookmark, a sweet gift from a friend. Melodyjacob.com.

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  2. Foi uma mulher especial. E a aversão que ela causa aos falsos conservadores (que os leva a difamá-la e a propagar falsidades sobre ela) só confirma que o que eles querem mesmo é que as mulheres possam ser subjugadas.

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    1. marly, sim, e como escrevia em profusão. acho inacreditável. tantos livros. sim, o q não faltam são fake news sobre ela. e esse livro é como qualquer livro, a história de uma jovem da infância até os 20 anos.

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  3. Estranhamente, Simone Beauvoir é daquelas escritoras que há anos pretendo ler e nunca li. Costumo gostar de memórias de grandes pessoas, tal como as Churchill, Pierre Trudeau e Stefan Zweig e adorei todas. Talvez uma autobiografia de Beauvour seja mesmo uma boa sugestão ara a conhecer melhor. Feliz 2023 e Boas leituras

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    1. carlos, os livros dela são incríveis. nesse período que vc busca distração vai gostar. são histórias cheias de detalhes e indicações e mais livros. aqui no brasil temos quase todos os livros. o último lançado aqui é sobre a amizade dela com zaza, que aparece nessa biografia, fiquei com vontade de ler tb.

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  4. Acabei de descobrir que começou a ser editado este ano em Portugal, mas em mais do que um volume, até agora só está disponivel o primeiro.

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  5. Esse é o único livro dela que gostei. Li faz muitos anos. Ainda tenho. Cheio de grifos. Achei muito interessante. Outro livro dela, mas não tão interessante é "A cerimônia do adeus".
    Sou conservadora (não falsa conservadora, nem metida a entendida), nada dela me interessa mais, mas tenho outros livros dela, comprados em Sebos (amo Sebos. Vc também, acho). Beijo em Bethoven, tb.

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    1. liliane, não li a cerimônia do adeus, acho que ia gostar de a convidada. foi o primeiro que li dela. histórias de vida sempre são interessantes.

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  6. Bom dia. Quero agradecer pelo seu carinho e amizade, desejo um Feliz Ano Novo com muita paz e saúde.

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  7. Olá, tudo bem? Sobre a sua retrospectiva, concordo que Vai na Fé foi a novela do ano. Nas reprises, gostei de acompanhar O Sexo dos Anjos. Aproveito a oportunidade para desejar um ótimo 2024. Bjs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  8. Incrivel mesmo. Tenha um lindo 2024, Pedrita.

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  9. Deve ser um livro maravilhoso e repleto de inspiração.
    Eu certamente adoraria ler.

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