segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Uma Vida Honesta

Assisti Uma Vida Honesta (2025) de Mikael Marcimain na Netflix. Eu procurava por filmes suecos e apareceu esse. É mais ou menos, mas gostei de algumas discussões.


 

O debate que me interessou talvez não seja o mais esperado. Eu gostei do filme falar daquele período complexo do jovem que precisa decidir qual ensino superior escolher. Eu não sei se continua tão ruim como era, mas ainda se priorizam as profissões padrões, com poucas variações, negligenciando outras e colocando inúmeras sob holofotes preconceituosos em profissões diferentes. Pouco auxiliam jovens em uma análise mais abrangente de opções. O protagonista, Simon Löof, queria ser escritor, mas acha que não tem nada relevante a dizer, bom, mas uma faculdade de literatura ajudaria, até mesmo em repertório, mas ele resolve racionalizar a sua escolha. Vai para profissões óbvias, escolhe direito e tenta performar logo. Acho que esse é o maior problema e pode ser uma questão atual, resultado rápido como acontece na internet. Ele sonha ter um cargo na ONU, engraçado que é o segundo filme que fala de um aluno universitário escolher uma profissão focando na ONU. Ele é de classe média, mas faz um esforço descomunal para alugar um quarto em um apartamento de ricos. Quer se aproximar de estudantes ricos de direito para facilitar o acesso futuro. Tudo é calculado racionalmente. Os colegas ricos só o exploram. As festas no ap são caríssimas, como ele não tem recursos, reduzem o valor se ele ficar de garçom, limpar o ap. Tem livros na estante, mas não podem ser manuseados, são pra vender. Tudo é comércio. Na faculdade ele fica próximo de um casal que parece amar a escolha pelo direito, enquanto o protagonista fica só entediado. Esse foi o debate que mais me interessou.
Entediado, ele vira alvo fácil de um grupo anarquista. Ele se encanta com o modo de vida deles. O dono da casa é um ex-professor defensor do anarquismo, a casa é repleta de livros que podem ser lidos. É uma mansão antiga. O professor é anarquista, mas como os jovens, gosta de ter o dinheiro dos ricos para viver no conforto. Boas bebidas, comidas, luxos, joias. Eles não querem ajudar ninguém, querem o dinheiro só pra si. Além da aventura, o rapaz ainda se apaixona pela linda personagem de Nora Rios. E sim, ele pegou os relógios porque quis, poderia não ter agido ao comando. E mesmo que tivesse feito em um impulso, poderia não querer mais depois e se afastar. Claro que é difícil porque estava apaixonado, mas poderia se recusar a participar dos crimes. Ele escolheu, teve livre arbítrio. Sim, o grupo era manipulador, mas isso não o inocenta. O final é bem ruim. Ele resolve finalmente se afastar, depois que descobre que foi usado até mesmo pela jovem. Ela diz o que há de pior no filme, que agora ele tem o que escrever. Ninguém precisa de algo sensacionalista para escrever. Dá pra escrever mesmo tendo-se uma vida morna. 

Beijos,
Pedrita

10 comentários:

  1. Acho que nunca assisti filmes suecos, vou guardar a sugestão, Pedrita feliz semana bjs.

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    1. lucimar, eu gosto de ver filmes diversos. a maioria dos suecos são em coprodução com outros países. esse é uma exceção.

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  2. Pedrita, quantos filmes por dia vc consegue assistir?
    Só consigo assistir filmes a noite, depois do jantar.
    E aí só assisto um.
    Mas a lista não para de crescer.
    Esse estava na lista, mas sua resenha está tão boa que tô cortando.
    São muitas opções e não consigo dar conta.
    Beijo,

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    1. liliane, acho q nao vai gostar desse, melhor tirar da lista. faz tempo que vejo filmes picadinhos. amores materialistas tinha meses que tava vendo pq é muito chato. então acabo finalizando juntos alguns q via picadinhos tem tempo. e eu não sou metódica pra ver. como trabalho muito e em home office, os filmes entram no meio da rotina pra distrair momentos tensos. ou para reflitir, enfim.

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  3. Olá, tudo bem? Eu preciso ver O Agente Secreto com urgência! Bjs, Fabio blogfabiotv.blogspot.com.br

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    1. fabio, tb estou tentando ir ver, mas por sorte apareceram trabalhos e acho q vai ficar para o streaming.

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  4. Parece interessante. Penso que, quando somos jovens, por falta de maturidade, vemos as coisas de um modo 'embaçado', por isso cometemos muitos equívocos. Uma vez eu vi um cantor de banda muito famosa, dizer a seguinte frase, numa entrevista: "naquele tempo eu era jovem e tolo". Pois é, jovens "metem os pés pelas mãos", e o resultado pode ser muito desastroso. Mas isso não inclui cometer crimes, naturalmente.

    Beijo

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    1. marly, concordo, por isso um bom acompanhando de opções, racionais e emocionais, passar um tempo com atividades olhando pras escolhas pode ajudar. deixar tudo meio solto como é não ajuda nada. eu adoro a ousadia juvenil.

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  5. Parece interessante essa proposta de avaliação de atitudes e consequências.
    Concordo plenamente com você quando diz que apesar da manipulação do grupo ele teve livre arbítrio e não deve ser poupado das reflexões.

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