segunda-feira, 20 de julho de 2020

Green Book

Assisti Green Book (2018) de Peter Farrelly na HBO Go. Tinha ressalvas com esse filme que só aumentaram. O roteiro é bom, inspirado em uma história real, na turnê de um grande pianista pelo sul dos Estados Unidos levado por um motorista que servia de guarda costas e serviços gerais.

O Green Book era um livro editado até recentemente com dicas de locais que permitiam negros e os atendiam bem. O editor disse que com as mudanças nos Estados Unidos, parou de ser editado muito recentemente, mas que com o aumento do conservadorismo, talvez retorne. O que mais me incomodou foi a construção do roteiro na fórmula de bolo dos filmes americanos. As histórias foram ordenadas artificialmente para os momentos de impacto conforme os critérios de emoção forçada do cinema americano. Essa falta de naturalidade acaba com uma boa história. Lembrou os causos contados pelo motorista, organizados para dar mais impacto em quem ouve, e não tanto pautados na realidade. É esquisitíssimo também pautar um filme sobre racismo como comédia, não vi graça na maioria das cenas.
Não sabia que o protagonista é o motorista, que o pianista fica de suporte para o outro personagem. Viggo Mortensen está bem, mas as interpretações são muito caricatas. Um é deselegante, não sabe comer, falar, grosseiro mesmo. E o outro um poço de educação e arrogância. Bem clichê de músico erudito que só toca pra rico, que é rico. Mahershala Ali também está bem, mas igualmente estereotipado. 

No filme, o pianista erudito diz que foi aconselhado a tocar composições próprias,alegaram que ele teria dificuldade de agendar concertos pelo mundo se tocasse Brahms, Chopin, Beethoven, repertório clássico tradicional. Que não aceitariam e ele não conseguiria agendar apresentações. Quero checar essa informação. Pode ser que seja fato quando pensa-se em agendar naquela época concertos no sul dos Estados Unidos, mas não sei se essa restrição existiria pelo mundo. Mesmo antes da época do filme, havia um interesse pelo exótico. Sim, é um pavor achar exótico um negro tocar brilhantemente Chopin, Beethoven, mas acho que o pianista não teria dificuldade de agendar apresentações com um repertório mais virtuosístico. E o personagem parecia muito querer quebrar paradigmas para aceitar essa orientação. Essa sensação de falsidade na construção do roteiro acompanha o filme todo.

Beijos,
Pedrita

22 comentários:

  1. Interessante publicação :)) Obrigada!
    **
    Andarilhando...

    Beijo e uma excelente Semana!

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    1. cidália, é mais ou menos. muito convencional e artificial para o meu gosto.

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  2. Já ouvi falar desse filme, parece interessante.
    Big Beijos,
    Lulu on the sky

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  3. Vi este filme e gostei. E isso porque me fixei no elemento central dele, que é o racismo. Achei que os produtores partiram de uma estória acontecida na vida real - em 1956 - com o cantor Nat King Cole, que foi atacado no palco. pela Ku Klux Kan, enquanto se apresentava. O detalhe era que aquele estado, o Alabama, era o estado natal do cantor, que nunca mais se apresentou em toda a região Sul do pais (a estória é mencionada no filme).
    Também já vi demais - nesse mundo - incultura, em pessoas que deveriam ser mais cultas, grosserias nas que deveriam ser mais refinadas e burrice numas que têm títulos e prêmios acadêmicos, rsrs.

    Beijo

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    1. marly, achei o tema racismo muito estereotipado e pior, com um viés abominável cômico. tb achei os personagens caricatos. e a parte da música erudita sempre equivocada.

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  4. Está na lista dos filmes que quero assistir.

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    1. ana paula, como vc gosta de filmes com roteiros mais elaborados como eu, acho que não vai gostar muito.

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  5. Olá!

    Passei para pôr-me ao corrente do que nos vai trazendo

    e deixar

    Saudações Poéticas!

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  6. Aaaaaahhhh que pena que você não gostou
    Eu assisti o ano passado na época do Oscar e gostei.
    Provavelmente assisti fora desse contexto atual e preciso rever com olhar mais crítico e menos entretenimento.
    Na época lembro de pensar que imaginei um Conduzindo Miss Daisy MAS está mais para Os Intocáveis.
    Antes do filme eu pensava que livro verde fosse um roteiro turístico ecológico 😉😉

    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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    1. luli, é bom, mas estereotipado. feito para entreter. fiquei chocada com o green book. fundamental para ir em lugares q o respeitariam, mas abominável q um país precise de um livro desse pra proteger alguns cidadãos.

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  7. Olá, querida Pedrita!
    É um ótimo filme, gostei muito!

    Beijinhos ♥

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  8. Acho que Manaús tem Jambú. É outra coisa.
    Bjs

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    1. o jambo que comi em manaus era igualzinho o das fotos. tinha inclusive um pé de jambo na janela do quarto que fiquei no hotel.

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  9. OI Pedrita, quando eu assisti a Green Book eu não tive esse olhar para a forma de bolo dos filmes americanos. Talvez por já esperar isso dos filmes hollywoodianos. Espero que não, mas sim tem uma tendência ao conservadorismo ter um aumento no EUA. Infelizmente.
    beijos
    Chris


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    1. chris, estou vendo vários filmes muito diferentes. acho q isso q fez o formato muito engessado ficar tão evidente.

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Cultura é vida!